Foi indiciada por mentir à investigação e por extorsão

O inquérito que apurava crimes cometidos por Patrícia Lelis, 22 anos, jornalista, contra Talma Bauer assessor do deputado federal (PSC-SP) foram concluidos pela Policia Civil de São Paulo. Patricia foi indiciada formalmente por mentir à investigação e por extorquir dinheiro de Bauer. De acordo com informações do G1, o delegado que investiga o caso pediu a prisão preventiva da jornalista.

“O inquérito foi concluído na última sexta-feira [2] e foi relatado à Justiça com o indiciamento formal da jornalista pelos crimes de denunciação caluniosa e extorsão contra o assessor do deputado”, disse nesta terça-feira (6) Luiz Roberto Hellmeister, titular do 3º Distrito Policial (DP), na Santa Ifigênia, região central da capital paulista.

Segundo o delegado, a polícia também solicitou que Patrícia seja presa para responder ao eventual processo. “Pedi a prisão porque ela destrói as pessoas que estão ao redor dela. Não só agora como no passado, quando apontou um inocente como estuprador em Brasília. Aqui ela quase destruiu a vida do policial”, alegou Hellmeister.

Ainda de acordo com o delegado, a jovem representa risco à sociedade. “Ela representa risco à sociedade por mentir e causar danos a diversas pessoas”, concluiu.

Conforme informado pelo policial, o caso será analisado pela Justiça no Fórum João Mendes, no centro de São Paulo, para saber se algum juiz irá decretar a prisão de Patrícia. Nessa etapa, o Ministério Público (MP) também se manifesta a respeito da conclusão da investigação. No entanto, não há informações sobre o andamento do inquérito ou se ele se tornou um processo.

Procurada, a advogada da jornalista, Rebeca Novaes Aguiar, confirmou nesta manhã à reportagem a conclusão do inquérito policial com o pedido de prisão de sua cliente. “Mas me posicionarei mais tarde”, disse Rebeca, que alegou estar ocupada.

Em outras ocasiões, Patrícia sempre negou as acusações de extorsão e denunciação caluniosa contra Bauer.

‘Mitomania'

A policia informou no dia 19 de agosto que há um laudo de uma psicóloga que revela que Patricia sofre de um transtorno de personalidade. “Recebi documentos com laudo psicológico que diagnosticou a moça como ‘mitomaníaca'. Possui mitomania”, disse o delegado naquela ocasião. “Ela é mentirosa compulsiva.”

Patrícia procurou a polícia antes de ser indiciada para acusar Bauer de sequestro e cárcere privado em um hotel entre julho e agosto, em São Paulo. Acusou também Feliciano de no apartamento dele em Brasília no mês de junho. O deputado federal tem foro privilegiado, o caso é investigado pela polícia do Distrito Federal.

Segundo o delegado, a polícia e o MP-DF (Ministério Público  do Distrito Federal) pediram avaliação psicológica de Patrícia, que afirmava ter sido estuprada diversas vezes em sua casa, quando ela era adolescente, sem que sua família soubesse.

“Ela acusava o homem de tê-la estuprado diversas vezes em sua casa quando tinha apenas 15 anos”, disse o delegado. “Mas esse caso foi arquivado em Brasília por falta de provas.”

Segundo o G1, quando questionada a advogada de Patrícia, confirmou que uma psicóloga chegou a mencionar, em depoimento em Brasília, que sua cliente pudesse ter “mitomania”, mas não era uma análise conclusiva.

Rebeca informou que a psicóloga seria de uma igreja evangélica que Patrícia procurou após ter denunciado o caso de estupro quando era adolescente no Distrito Federal. “Foram duas sessões só”, afirmou Rebeca. “Não existe no inquérito laudo técnico que demonstre que ela tenha mitomania.”

Independentemente da posição da defesa de Patrícia, Hellmeister afirmou que irá anexar ao inquérito de São Paulo o que entende ser perfil psicológico da jornalista que demonstra que ela mente reiteradamente.

Procurado pela reportagem, o psiquiatra forense Guido Palomba explicou que a mitomania não tem cura, mas pode ser tratada. “Transtornos de personalidade são incuráveis. É uma perturbação de saúde mental”, disse o especialista. “O que é possível é um tratamento psicopedagógico.”

Reviravolta

No dia 5 de agosto, Patricia registrou um B.O (Boletim de Ocorrência) na delegacia contra o assessor Talma, que foi detido e liberado após negar as acusações.

A jornalista acusou o assessor de mantê-la em cárcere privado num hotel, ter oferecido dinheiro e ameaçado a jovem om uma arma para que a mesma gravasse vídeos inocentando Feliciano dos crimes sexuais que segundo ela, ele teria cometido. 

No dia 7 de agosto um novo B.O foi registrado pela jovem, dessa vez em Brasilia contra o deputado federal por abuso sexual. A denúncia teria sido divulgada antes na coluna Esplanada do UOL, no dia 2 de agosto. O caso está sendo investigado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, na Asa Sul.  D

O PSC criou uma comissão interna para apurar as denúncias e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), procuradora especial da mulher no Senado, protocolou oficio junto ao MP-DF pedindo as investigações do deputado.

Hotel

Além de depoimentos, gravações do hotel obtidas pela polícia levaram a investigação a desmentir a versão da jornalista de que foi sequestrada. Se somadas, as penas dos crimes de denunciação caluniosa e extorsão podem variar de seis a 20 anos de prisão, de acordo com a policia. 

O primeiro vídeo, registrado no fim da tarde de 30 de julho, mostra Bauer, e a Patrícia no lobby do hotel. Eles se abraçam na recepção. Nas outras imagens, feitas em 4 de agosto, a jovem aparece abraçada a um amigo no sofá na área comum do estabelecimento. Ao lado deles está o assessor de Feliciano falando ao celular.

O chefe de gabinete disse ainda que Patrícia cobrou dinheiro para gravar vídeos desmentindo a acusação de tentativa de assédio sexual que ela fez contra Feliciano. Bauer afirmou que pagou R$ 20 mil a Artur Mangabeira, que seria amigo dela. Segundo policiais, o assessor disse que não avisou Feliciano da suposta extorsão para preservá-lo.

O dinheiro foi apreendido pela polícia com Mangabeira, que também será indiciado por extorsão, segundo o delegado. 

Em nota, Feliciano declarou à época que o indiciamento de Patrícia reafirma sua plena confiança na lisura das instituições públicas e da Justiça. “Boatos são boatos e nunca serão verdades! Seguimos confiantes de até o término das investigações”, informa a nota.