“Gravar conversa com presidente é indigno”, disse Temer sobre

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou durante entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, neste domingo (27), que a conversa telefônica que gravou com presidente da República, , foi “absolutamente burocrática” e que se referia apenas ao seu pedido de demissão.

Calero também confirmou que gravou conversas telefônicas com ministros do governo Temer, além do próprio presidente. Mas não quis revelar quais ministros tiveram suas conversas gravadas.

“Entre essas gravações [telefônicas] existe uma gravação com o presidente Temer, mas uma conversa absolutamente burocrática”, declarou Calero. “Eu ainda fiz questão essa conversa fosse muito protocolar, que é conversa da minha demissão. Eu tive a preocupação de não induzir o presidente a criar prova contra si”.

Apesar de declarar que a conversa não compromete o presidente, Calero reafirmou o que disse, em depoimento, à Polícia Federal, e voltou a dizer que Temer o “pressionou” para encontrar uma “saída” para um obra em Salvador de interesse do então ministro Geddel Vieira Lima.

Calero negou que tenha sido “desleal” com o presidente. “O servidor público tem que ser leal mas não cúmplice”.

O ex-ministro contou que seguiu sugestão de amigos da Polícia Federal para gravar os telefonemas que recebeu de colegas de ministério. Ele negou também que tenha gravado a conversa que teve com Temer, em um encontro no gabinete presidencial.

“Para me proteger, para dar um mínimo de lastro probatório de tudo aquilo que eu relatei no depoimento, eu fiz algumas gravações telefônicas”, disse Calero.

Em entrevista coletiva neste domingo, o presidente Michel Temer (PMDB) afirmou considerar indignas gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de conversas mantidas entre os dois sobre um pedido feito pelo ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República Geddel Vieira Lima (PMDB), que pediu demissão na última sexta-feira (25).

“Eu, com toda franqueza, acho gravar clandestinamente é sempre algo desarrazoável, quase indigno. Eu diria mesmo indigno”, disse Temer neste domingo (27) durante entrevista coletiva realizada no Palácio do Planalto.

Entenda o caso

No dia 18 de novembro, Marcelo Calero pediu demissão do cargo de ministro da Cultura. Em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, ele afirmou que sofreu pressão do então ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para reverter uma decisão do Iphan (Instituto do Patrimônio Nacional) que impedia a construção total do empreendimento imobiliário “La Vue”, em Salvador. Geddel comprou um dos apartamentos do edifício na planta.

Geddel chegou a dizer que conversou com o ministro sobre o assunto, mas negou que o tenha “pressionado”. Dias depois, com o agravamento da crise gerada pela denúncia, Geddel também pediu demissão do cargo, depois que foi divulgado o depoimento de Calero à Polícia Federal, em que ele afirma também ter sido pressionado pelo presidente Michel Temer.