Campanha quer levar 10 mil crianças brasileiras à plateia da Paralimpíada

Com apoio de príncipe Harry e Coldplay

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Com apoio de príncipe Harry e Coldplay

Uma campanha de financiamento coletivo está arrecadando dinheiro para levar crianças brasileiras à Paralimpíada no Rio e, assim, assegurar que atletas disputem suas provas diante de arquibancadas cheias.

A iniciativa partiu do empresário londrino Greg Nugent, de 42 anos, fundador de uma agência de relações públicas que atuou como diretor de marketing da Olimpíada de 2012.

“Durante a Olimpíada, as pessoas não paravam de reclamar dos assentos vazios. Então, pensei: em vez de reclamar, temos de fazer alguma coisa’”, diz Nugent à BBC Brasil.

Em duas semanas, a campanha #FillTheSeats (preencha os assentos, em tradução livre) já arrecadou mais de US$ 200 mil (R$ 650 mil), entre doações públicas e privadas. A meta é ultrapassar US$ 300 mil.

“O dinheiro está vindo de praticamente todos os países do mundo. Todos estão dizendo que é uma ideia linda.”

Segundo Nugent, o dinheiro será usado para custear o transporte de ida e volta de 10 mil crianças até os Jogos, sua alimentação e os seus ingressos. O custo por criança foi calculado em torno de US$ 30 (cerca de R$ 95).

‘Novos heróis’

Após ler notícias sobre o baixo número de ingressos inicialmente vendidos para a Paralimpíada, Nugent decidiu fazer uma campanha tendo as crianças em mente. “Elas podem ganhar mais com essa essa experiência do que as outras pessoas”, diz ele.

“Durante a Paralimpíada de Londres, um amigo levou a filha para ver o velocista (britânico amputado) Jonnie Peacock competir. Ela voltou dizendo que quando crescesse queria ser como o Peacock. Não há nada mais poderoso do que uma Paralimpíada para mudar a forma como pensamos na deficiência.”

O empresário quer que as crianças levem dessa experiência “lembranças inesquecíveis, novos heróis e uma visão diferente do mundo”.

“Quando você vê alguém com uma deficiência fazer algo de que você não é capaz, isso te faz parar e admirar ainda mais a humanidade”, afirma.

“Os atletas paralímpicos ouvem ‘não’ das pessoas a vida inteira, mas nada consegue pará-los. Podemos aprender com isso. Eles provam que nada é um obstáculo para nós, a não ser nós mesmos.”

Apoio

O plano inicial era arrecadar US$ 15 mil para levar algumas centenas de crianças à Paralimpíada, mas o movimento ganhou força global e o apoio de figuras de destaque, como o príncipe britânico Harry.

Segundo a assessoria de imprensa da família real, Harry fez uma doação pessoal à campanha. O valor não foi anunciado.

Outras celebridades estão apoiando publicamente a iniciativa, como a banda britânica Coldplay, por meio de sua conta na rede social Twitter.

A #FillTheSeats acabou chamando a atenção do Comitê Paralímpico Internacional (CPI) e do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, que estão dando apoio à iniciativa.

“Estamos trabalhado juntos. Já começamos a contratar os ônibus que levarão as crianças das escolas para os Jogos. Vamos começar com poucas, e o número vai aumentar a cada dia”, diz Nugent.

As crianças serão selecionadas, segundo o britânico, pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro.

Estrelas paralímpicas

A ideia é que, a partir da última semana dos jogos – quando, por razões de logística, ficaria difícil enviar mais crianças aos Jogos – as doações sejam revertidas para ONGs que dão assistência a crianças e pessoas com deficiência no Brasil.

Nugent conta que não esteve na Olimpíada no Rio por preferir a Paralimpíada e diz não ver a hora de embarcar para o Brasil. Mas, primeiro, quer tentar atingir a marca dos US$ 300 mil.

“Espero atingir a meta, mesmo que tenha de perder a (cerimônia de) abertura. Só então voarei para o Rio.”

O empresário avalia que os organizadores estão conseguindo tornar o evento mais atrativo para o público em geral.

Até o momento, foram vendidos 1,5 milhões de ingressos dos 2,5 milhões disponíveis. A meta é dos organizadores é chegar a 2 milhões.

“O Rio já vendeu mais ingressos que Pequim. Mas ainda é difícil, porque os esportes são diferentes. Nem todo mundo conhece o tênis jogado com cadeiras de roda, por exemplo”, diz.

“As pessoas precisam conhecer melhor as modalidades – e também os atletas, que estão ficando mais conhecidos, mas não como um Usain Bolt. O mundo precisa de estrelas paraolímpicas.”

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