Após 17 horas, criminoso se entrega e refém é liberada no RS
Detento do semiaberto pedia transferência de presídio por causa de dívida
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Detento do semiaberto pedia transferência de presídio por causa de dívida
Após 17 horas, terminou o cárcere privado de uma família da cidade de Charqueadas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Por volta das 3h55 desta quarta-feira (7), a última refém de 35 anos, foi libertada.
A mulher e a filha, de 6 anos anos, foram surpreendidas por um detento do semiaberto por volta das 10h45 desta terça-feira (6).
Segundo notíciado pelo jornal Correio do Povo, o desfecho se deu após uma longa negociação e a utilização de diversas técnicas, pela Brigada Militar (BM), para provocar a desistência do criminoso.
Em estado de choque, a refém precisou ser encaminhada ao hospital de Charqueadas. O sequestrador se entregou no interior da casa e depois foi apresentado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de São Jerônimo.
Com pena de 46 anos de cadeia para cumprir por crimes como homicídio, tráfico de drogas e estupro, o detento do semiaberto, identificado como Paulo César dos Santos Vieira, de 31 anos, prometeu se entregar em pelo menos três oportunidades: às 15h, 18h e 21h. Entretanto, em todas as vezes acabou desistindo e manteve a dona da casa refém. A filha da refém, uma criança de seis anos, foi libertada por volta das 15h40min.
“Os três negociadores notaram que ele deu uma quebrada de gelo na negociação. Eles notaram que o delinquente, naquele momento, se fragilizou, e fizeram uma proposta pra ele: tu me dá a criança e eu te dou três cigarros, três palitos de fósforo e meia garrafa de água. Não foi o delinquente que fez a proposta, foi nós que fizemos a proposta”, disse o comandante regional da região Centro-Sul do Estado, coronel Paulo Ricardo Quadros.
Depois da terceira vez em que o criminoso descumpriu a promessa de entregar a refém, a Brigada Militar mudou o tom da negociação, passando a se utilizar de técnicas para desestimular o criminoso, que ocorreram até o momento da rendição.
“Nós cortamos o cigarro e a água. Nós acendemos e apagamos a luz pra mostrar para ele que nós tínhamos esse poder. Os bombeiros voluntários ligavam e desligavam o gerador. São técnicas de ocorrência com refém, de gestão de ocorrência de crise que faz parte. Nós íamos ligar sirene de viatura. Eu ia estourar uma granada de luz e som, pra ele não dormir. Pra ele cansar. Nós sabíamos que no meio da madrugada ele ia se entregar”, relatou o comandante.
Com o criminoso foram encontradas uma faca e um estilete. Os policiais trabalhavam com a hipótese do sequestrador estar com uma arma de fogo, devido ao testemunho da mãe e da filha da refém, que disseram ter visto um revólver.
Na entrada da casa, o foragido montou uma trincheira, na porta da casa, utilizando um botijão de gás e alguns móveis, como forma de evitar uma possível invasão dos policiais. Durante a ocorrência, a BM chegou a estudar a cogitar a possibilidade de uso de armamento não letal contra o agressor, como teaser ou balas de borracha. Entretanto, por conta do difícil acesso ao interior da casa, essas possibilidades foram descartadas.
“Graças a Deus. Agora é com a Justiça”, desabafou o marido da refém ao término da ocorrência.
Durante odesenrolar, o detento alegou que estaria devendo R$ 30 mil para integrantes de uma facção que atua na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), de onde estava foragido, e exigiu transferência para outra unidade prisional.
A polícia desconfia que pelo fato do criminoso não ter relação com a família mantida em cárcere privado, a motivação poderia estar relacionada com alguma outra atividade criminosa, uma vez que ele mantinha contato por celular com outras pessoas durante o tempo em que ficou na casa.
Havia a possibilidade de que o cárcere privado poderia ser uma distração para que outro crime fosse realizado na região.“Estávamos desconfiados de que ele estaria fazendo alguma coisa em paralelo com alguém pra alguma lançada (crime). Só que a lançada melou”, afirmou o responsável pelo operação, coronel Paulo Ricardo Quadros.
Segundo ele, o policiamento urbano foi reforçado durante todo o dia, além da disponibilidade de duas equipes táticas na região. “Fizemos um alerta pra toda a nossa região. Toda a BR 116 e 290. Alertamos os diretores das onze casas prisionais da região. Todas as escoltas foram monitoradas”, exemplificou.
Entre as possibilidades levantadas pela BM estavam o roubo a caixa eletrônico, carro forte, transporte de drogas e armamento, resgate de preso e até o sequestro de um empresário ou a morte da companheira de algum detento, levando em consideração que a terça-feira é dia de visita em algumas casas prisionais. “Já teve o sequestro de uma mulher de preso que apareceu morta em Porto Alegre”, justificou Quadros.
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