Presidente se emocionou ao lembrar resistência à ditadura e disse que manifestações mostram País “forte”

Em sua primeira declaração a respeito das manifestações contra o governo federal que tomaram as ruas do Brasil no domingo, a presidente Dilma Rousseff (PT) ressaltou que vivemos em um País democrático, onde todos têm o direito de protestar livremente, e lembrou que fez parte do movimento de resistência à ditadura militar. Para a presidente, os protestos de domingo reforçam o caráter democrático do País, que “está mais forte que nunca”.

 “Muitos da minha geração deram a vida para que o povo pudesse ir às ruas se expressar. Eu participei e tenho a honra de ter participado dos movimentos de resistência. Nunca mais no Brasil nós vamos ver pessoas que, ao manifestarem sua opinião, seja em relação à Presidência da República, possam sofrer quaisquer consequências”, afirmou.

As declarações de Dilma foram dadas durante a cerimônia de sanção do novo Código de Processo Civil, no Palácio do Planalto. A plateia reagiu com aplausos à fala da presidente, que se emocionou e continuou o discurso com a voz embargada.

“Ontem, quando vi centenas de milhares de pessoas se manifestando, não pude deixar de pensar que valeu a pena lutar pela liberdade. Valeu a pena lutar pela democracia. Este País está mais forte do que nunca”, afirmou.

“Humildade”
Assim como já havia sido dito pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Eduardo Braga (Minas e Energia) em entrevista coletiva nesta segunda-feira, Dilma afirmou que o governo precisa “dialogar com humildade”.

“O sentimento tem que ser de humildade e firmeza. Dialogar com humildade, mas com firmeza para que cheguemos a um bom resultado”, disse. “O governo precisa ter uma postura firme naquilo que acha importante”, completou.

A presidente afirmou que foi o sentimento de indignação com a corrupção que levou milhares de pessoas às ruas e disse que essa é uma questão de interesse comum. 

“O tema foi combate à corrupção e impunidade. E nós todos temos aqui absoluta concordância. Nos próximos dias anunciaremos um conjunto de medidas voltadas ao combate à corrupção e à impunidade”, afirmou, antes de voltar a defender uma reforma política. “Reitero minha convicção de que a conjuntura atual aponta para a necessidade urgente de uma ampla reforma política.”

Depois de dizer que o combate à corrupção é um ponto de concordância entre manifestantes e governo, Dilma afirmou que as “divergências” estariam “na questão do ajuste (fiscal)” e defendeu que correções são necessárias para que o País continue crescendo. A presidente, contudo, negou que esteja acabando com suas políticas e garantiu, por exemplo, que não vai alterar a redução de impostos sobre a cesta básica. “Gostaria de dizer que meu governo tem responsabilidade com a estabilidade da economia.”

Em seu discurso, Dilma afirmou ainda que seu “compromisso é governar para 203 milhões de brasileiros”. “Seja para os que me elegeram, seja para os que não votaram em mim”, disse. “Não tenham dúvida que esses ajustes e correções serão feitos em defesa de todos os brasileiros”, completou.