Denúncia foi recebida nesta quarta-feira 

O órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo recebeu nesta quarta-feira (13), a denúncia contra um procurador de Justiça acusado de enfrentar autoridades para dar uma lição em duas prostitutas que, alega, não conseguiram o satisfazer sexualmente depois de uma noitada regada a álcool e Viagra.

Segundo a Procuradoria-Geral de Justiça, na sua investida contra um bordel em Botucatu,  Carlos Roberto Marco Garcia  desacatou juízes e promotores, caluniou um delegado seccional  como se houvesse vista grossa com as prostitutas, e até usurpou a função de corregedor para endurecer as investigações contra as casas de má fama da cidade.

Toda a pressão do procurador só rendeu em um inquérito que expôs a visita à Boate Classe, no ano passado. Segundo testemunhas, as duas garotas de programa terminaram esgotadas  após cerca de duas horas, oito camisinhas e várias posições e nada de o procurador chegar ao orgasmo. Frustrado, ameaçou fechar o prostíbulo se não lhe fosse dado mais tempo, até que finalmente se sentisse saciado.

“Vadias, vagabundas, gozaram cinco vezes e não tiveram capacidade de me fazer gozar uma única vez”, teria berrado o procurador. A frase está no depoimento do proprietário do estabelecimento, José Silvio Bonfim.  Ainda de acordo com a testemunha, o cliente furioso disse que quem tinha de pagar pelo sexo eram as moças e não ele, pois “sua r… era grande e gostosa”.

Uma das prostitutas disse à polícia que o acordado era o período de no máximo 40 minutos por programa, mas o que o procurador desejava, na verdade, era ficar com as duas por  4 horas até alcançar uma ejaculação que aplacasse o efeito prolongado do viagra.

Depois de sair da boate, Garcia voltou ao local, acompanhado da policia, que ouviu seguranças, garotas de programas e o proprietário do estabelecimento no meio da madrugada. “Você disse que ia voltar para fechar a espelunca, só porque não  gozou e veio mesmo, mas vou chamar a minha amiga que deu para você a noite inteira e mesmo assim você não conseguiu gozar”, disse uma das mulheres, segundo o inquérito.

O advogado Edson Edmir Velho sustentou no plenário do Órgão Especial nesta quarta-feira, em defesa do procurador.  Na contestação à denúncia,  acusações de denunciação caluniosa, desacato e usurpação de função pública não são cabíveis.

De acordo com Velho, tanto na delegacia como no Fórum de Botucatu, “o denunciado estava fora de seu controle psicológico” e “já vinha passando por tratamento psicológico” por distúrbio bipolar. Velho admitiu também que o cliente estava sob efeito de álcool ao procurar a polícia. Por tudo isso, não haveria dolo (intenção) de ofender as vítimas, não ocorrendo o crime.

Sobre a usurpação de função, a defesa sustenta que “a postura do denunciado pode até mesmo ser entendida como deselegante ou desconfortante, ou até mesmo impertinente, mas, nunca, em momento algum, como correcional, afinal não tomou para si nenhuma atividade que fosse de corregedor”.

O advogado pede que seja instaurada uma investigação de insanidade. Velho citou duas ocasiões que poderiam atestar a condição psíquica do procurador.

Em uma, o acusado teria tentado se jogar de um prédio no litoral paulista, mas foi “salvo por um pastor evangélico”. Em um velório, o procurador teria dado sinais de loucura ao tentar ressuscitar um morto e pedir que o cadáver se levantasse do caixão.

A Procuradoria-Geral de Justiça nega que o procurador sofra de insanidade mental e assevera que Garcia exerce plenamente suas funções na área criminal, sem nenhuma limitação mental.