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Brasil

Suposto serial killer afirma que ‘voz demoníaca’ o obrigou a matar

Preso em Goiás, vigilante confessou à polícia ter matado 29 pessoas.
Arquivo -
Preso em Goiás, vigilante confessou à polícia ter matado 29 pessoas.

Preso em , vigilante confessou à polícia ter matado 29 pessoas.

O vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, declarou em audiência na manhã desta sexta-feira (9) que foi “obrigado” a assassinar Rosirene Gualberto por um “sentimento demoníaco”. “Uma voz me perturbava para fazer isso, eu tentava não ouvir, mas era mais forte do que eu e acabou acontecendo”, disse o jovem, que confessou à Polícia Civil ter executado 29 pessoas.

A oitiva ocorreu no Tribunal do Júri de Goiânia e durou cerca de 1h30. Durante o depoimento do vigilante, ele ficou todo o tempo de cabeça baixa e balançando a perna direita. Tiago disse que não tinha nada contra a vítima, não a conhecia e que não atirou para matar. Ele afirmou ainda que “não tem nada a falar” em sua defesa.

A audiência foi a primeira em relação à série de homicídios da qual é acusado. Responsável pelo processo de Rosirene, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas, da 1ª Vara Criminal de Goiânia, determinou ao final da audiência que seja feito o exame de insanidade mental de Tiago. “O juiz não é vinculado ao laudo, o laudo pode ser recusado se o juiz achar que não corresponde à realidade”, explicou o magistrado.

O exame é realizado pela junta médica do Tribunal de Justiça em um prazo médio de 45 dias. Enquanto o laudo não ficar pronto, a ação sobre a morte de Rosirene fica suspensa.

Segundo o promotor de Justiça Carlos Alberto da Fonseca, o exame deve ser realizado em virtude do direito de ampla defesa de Tiago, além disso, poderá ser usado em outros processos. Para ele, não há dúvidas de que o vigilante é o autor do crime. “A defesa quer tirar a responsabilidade dele dos crimes, o que nós vamos combater veementemente”, disse o promotor.

A defesa de Tiago disse apenas que a audiência ocorreu dentro do esperado. “Queríamos o exame e o juiz concedeu. É necessário fazê-lo para comprovar a insanidade mental dele”, disse Bruna Morena.

Testemunhas
Estavam previstos oito depoimentos de testemunhas, mas, de última hora, mais uma, Neusa Ramos, foi arrolada pela defesa de Tiago e o juiz acatou o pedido. Ela era a funcionária de um bar localizado próximo ao emprego do acusado.

Segundo Neusa, ele chamava a atenção de todos “por ser estranho”. Ela relatou que Tiago sempre ia ao local e bebia cerveja ou uísque. “Um dia ele levantou e disse: ‘Vou ali fazer mais uma vítima, você vai saber’”, afirma a mulher.

Três testemunhas foram dispensadas. Entre as que prestaram depoimento estão dois irmãos da vítima: Rossilda Gualberto, que estava com a irmã no momento do crime, e Henrique Gualberto.

O depoimento de Rossilda era para ser o primeiro, já que ela também foi vítima de Tiago. No entanto, como ela estava muito emocionada, foi a segunda a ser ouvida. Ela afirmou que não tem dúvida de que foi o vigilante quem abordou o carro em que estava com a irmã: “Com certeza é ele. A roupa, os olhos, não tenho dúvida”.

Um casal que ajudou Rossilda após o crime também testemunhou. Por fim, foi ouvido o delegado Fábio Meirelles Vieira, que atendeu à ocorrência.

Denúncias
O caso de Rosirene foi o primeiro homicídio em que o Ministério Público Estadual (MP-GO) representou contra Tiago. O vigilante é acusado de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por não dar defesa para a vítima. Segundo o promotor de Justiça João Teles de Moura, responsável pela denúncia, Tiago “ceifou a vida de Rosirene, munido de sentimento de crueldade, buscando o crime como satisfação mórbida de prazer”.

As principais provas contra o vigilante neste crime são o Termo de Interrogatório e o laudo pericial confirmando que a bala que atingiu a vítima saiu do revólver apreendido com Tiago.

Na Justiça, o susposto ainda responde por dois roubos cometidos a uma mesma casa lotérica do Setor Central. Em menos de um mês, ele foi ao local e levou R$ 11,9 mil do estabelecimento. Por este delito, já existe uma audiência marcada para o dia 19 deste mês.

Crime
Rosirene foi assassinada com um tiro no peito quando estava com a irmã, Rossilda, em um VW Gol, no Setor dos Funcionários, em Goiânia. Segundo a investigação, elas estavam indo para uma danceteria e foram abordadas por Tiago assim que estacionaram o carro nas proximidades do local.

O vigilante, que estava em uma motocicleta, parou ao lado do veículo e exigiu que Rosirene, que conduzia o automóvel, lhe entregasse a chave e saísse do carro. Antes da vítima descer do carro, Tiago disparou contra as irmãs e fugiu em seguida sem levar nada.

Rossilda, que levou um tiro de raspão no braço, sobreviveu ao atentado. Segundo o promotor, ela contribuiu de forma decisiva para a investigação. “A prova testemunhal é muito forte. A irmã dela, que sofreu um tiro de raspão, submeteu-se a um termo de reconhecimento de pessoas e ela o reconheceu. Foi ela também que deu essa descrição para que a Polícia Técnica [Científica] fizesse o retrato falado dele”, explica.

No dia 21 de novembro, a Polícia Civil concluiu três inquéritos e indiciou Tiago pelo homicídio de Rosirene, além das mortes de Juliana Neubia Dias, de 22 anos, e Arlete dos Anjos Carvalho, de 16 anos.

Menos de duas semanas depois, laudos balísticos apresentados pela Polícia Técnico-Científica comprovaram que outras 13 vítimas foram mortas por balas que saíram do revólver encontrado com Tiago. São elas: Tais Pereira Almeida; a assessora parlamentar Ana Maria Victor Duarte, 27 anos; Beatriz Cristina Oliveira, 23; Bárbara Luiza Ribeiro, 14; Lilian Sissi Mesquita, 28; Wanessa Oliveira, 22; Thamara da Conceição, 17; Tayanara Rodrigues da Cruz, 13; a estudante Isadora Aparecida, 15; Ana Karla Lemes; Janaína Nicácio, 25; o fotógrafo Mauro Ferreira Nunes, 51; e Pedro Henrique de Paula Souza.

Apenas na morte de Bruna Gleycielle de Souza, de 26 anos, no dia 8 de maio deste ano, os resultados foram considerados inconclusivos. Apesar disso, a polícia pode indiciar Tiago pelo crime baseado em indícios e provas testemunhais.

Prisão
Tiago da Rocha foi preso no dia 14 de outubro de 2014, em Goiânia. Na ocasião, ele confessou à Polícia Civil ter matado 39 pessoas desde 2011. Entretanto, segundo informou o delegado Murilo Polati, o vigilante prestou novos depoimentos na companhia de advogados e reduziu o número de confissões para 29.

Além dos crimes investigados pela força-tarefa da polícia, ele também confessou  assassinatos de homossexuais e moradores de rua.

O vigilante ficou em uma cela da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) por oito dias. No local, segundo revelou o delegado Eduardo Prado, o suspeito afirmou aos policiais que “estava com vontade de matar”.

No dia 22 de outubro, Tiago foi transferido para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional, em Aparecida de Goiânia. Durante a transferência, mesmo escoltado por 20 policiais, ele conseguiu agredir um fotógrafo com um chute no abdômen antes de ser colocado no carro da polícia. No dia seguinte, o delegado Murilo Polati afirmou, durante entrevista coletiva, que o vigilante voltou a fazer ameaças de morte, desta vez, para os detentos do Núcleo de Custódia.

Atualmente, a unidade informou que o jovem não tem apresentado sinais de agressividade e passa a maior parte do tempo lendo na própria cela, onde fica sozinho. “Desde a chegada dele ao Complexo Prisional, não manifestou nenhum comportamento anormal. Ele está com a rotina normal: banho de sol, alimentação, está sendo acompanhado por psicólogos e não manifestou nenhum comportamento agressivo”, relatou o gerente regional prisional, Leandro Ezequiel.

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