Roberto Jefferson deixa a prisão e vai para regime domiciliar no Rio
Ex-deputado vai morar em apartamento na Barra após deixar semiaberto
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Ex-deputado vai morar em apartamento na Barra após deixar semiaberto
O ex-deputado Roberto Jefferson saiu do Instituto Penal Francisco Spargoli Rocha, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, às 11h03 deste sábado (16). Ele foi autorizado pelo ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), a cumprir o restante de sua pena em regime aberto, após ser condenado no julgamento do mensalão do PT.
Delator do mensalão, Jefferson foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele começou a cumprir a pena em fevereiro do ano passado em Niterói.
Sem a tornozeleira de monitoramento eletrônico, o ex-deputado falou à imprensa presente na saída da unidade prisional sobre o tempo que passou preso, as restrições impostas no regime aberto, também falou de saúde, trabalho, casamento e política. Questionado sobre o seu conhecimento a respeito da Operação Lava Jato, Jefferson segurou a garganta dizendo que “está aqui”, mas afirmou que não pode falar.
Procurada, a assessoria de Jefferson informou que o ex-deputado não precisará utilizar tornozeleiras porque o Supremo entendeu que não há risco de ele deixar o país, o que é proibido quando condenados passam para o regime aberto.
Ainda segundo a assessoria, as limitações impostas a Jefferson são as de que ele deverá estar em casa até as 20h e não poderá frequentar bares.
“Nao posso falar muito, tem a vedação do ministro Barroso [ministro que autorizou o regime aberto a Jefferson], vou respeitar, mas estou bem, graças a Deus, de volta para casa”, foram as primeiras palavras de Jefferson à imprensa que o aguardava. O ex-deputado afirmou ainda que a primeira coisa que irá fazer é “namorar muito”. “Eu adoro, eu vou namorar muito”.
O trajeto entre a unidade prisional e a casa na Barra da Tijuca começou por volta das 11h15 e terminou às 12h35, no condomínio de luxo Golden Green. Sob o comando da direção do veículo, Jefferson percorreu com cautela e fez um “tour” pelas belezas cidade. O ex-deputado poderia ter optado pela Avenida Brasil e Linha Amarela para chegar em casa – um trajeto com bem menos “charme”.
No entanto, ele pegou a Ponte Rio-Niterói, desceu na Avenida Leopoldinha, passou pela Marquês de Sapucaí, subiu a Rua das Laranjeiras, por onde pode apreciar o Cristo Redentor bem de perto, e durante o engarrafamento, desfrutou da beleza da Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele passou ainda por São Conrado, aos pés da Pedra Bonita, outro ponto turístico da cidade, e seguiu pela Avenida Lúcio Costa, onde fica o condomínio.
Operação Lava Jato
Ao ser questionado sobre a Operação Lava Jato, Jefferson riu e declarou “se eu disser isso, o Barroso me prende. Eu não posso falar. Está aqui [pressionando a sua própria garganta] mas eu não posso falar, está bem meu irmão?”.
Sobre pena e restrições
“Está pago. Está paga a pena. Ainda tem um tempo para cumprir”, afirmou Jefferson. “Eu não psso sair de casa, chegar até as 20h, manter minha atividade laboral, comparecer uma vez por mês à vara de execuções penais”.
De acordo com ele, não será um problema cumprir as exigências. “É sim [tranquilo cumprir as restrições]. Tem que respeitar a decisão judicial. Ela será cumprida”.
Prisão
“Não há prisão que seja boa. Fiquei 14 meses preso. Nunca vi ninguém aqui [no instituto penal] não ser tratado assim [com respeito]. Estou melhor do que ontem. Tive tempo de ler, conhecer o sofrimento das pessoas que passam por isso”, declarou.
Saúde
“Está bem. Estou em paz. Agora vou poder cuidar melhor, se Deus quiser”. “Eu passei oito infecções intestinais aqui porque como eu tirei tudo, eu só fiquei com o intestino grosso e sobrecarreguei o intestino grosso. Eu não tenho mais o estômago, tenho um pedacinho, mas não tenho mais intestino delgado, eu não tenho duodeno, não vesícula, tive que tirar um terço do rim, tirei metade do pâncreas, ficou tudo no intestino grosso, mas recebi aqui da Seap total apoio para cuidar da minha saúde”.
Política
“A política quem fala é a Cris, já passei para ela. Chega”. “Não pode falar, não pode falar”, mencionou a deputada federal Cristiane Brasil, filha de Jefferson, que o acompanhava.
Trabalho
“Minha rotina de trabalho continuará a mesma. Hoje sou auxiliar de escritório, mas quero ver se começo a advogar um pouquinho, se eu posso avançar como consultor. Colocar na prática do que sei fazer”, completou.
Casamento
“Se Deus quiser, agora no final do mês”. Jefferson vai morar com a companheira, com quem está há 11 anos, e pretende oficializar o casamento no próximo dia 29, em Três Rios, no interior fluminense.
Residência na Barra da Tijuca
Segundo a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Jefferson, ele irá morar em um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
O imóvel alugado tem “cento e poucos metros” e fica a algumas quadras da praia, segundo Cristiane. Jefferson vai morar no local com a companheira, com quem está há 11 anos, e pretende oficializar o casamento no próximo dia 29, em Três Rios, no interior fluminense.
A filha explicou que a razão para ele morar no Rio de Janeiro e não em sua casa em Levy Gasparian (no interior do estado), onde ele estava até ser preso, é para ficar mais perto do escritório de advocacia, no centro do Rio, e também para facilitar seu acompanhamento médico.
“Na hora de definir se iria para Levy ou para a Barra, os quesitos levados em conta foram o trabalho, no Centro, e porque ele tem que ficar perto dos médicos dele, tem que fazer exames para saber por que ele está com uma infecção recorrente”, disse Cristiane.
Cirurgia em 2012
Jefferson passou por uma cirurgia em 2012 para a retirada de um tumor no pâncreas e de parte do duodeno e do intestino delgado. Por causa disso, tem restrições alimentares resultantes do tratamento.
“Ele tem dificuldades de saúde por consequência da cirurgia, mas não tem mais câncer. Ele ficou com um terço do aparelho digestivo”, explicou Cristiane.
O apartamento na Barra, segundo ela, foi usado por Jefferson mais na época em que fazia tratamento contra o câncer e depois pela companheira dele para conseguir visitá-lo quando estava preso.
A deputada contou ainda que, quando soube que o pai seria liberado, sentiu grande alívio. “Fiquei tão feliz, que, desde que recebi a notícia, relaxei tanto, dormi um sono que não dormia há meses”, disse. “Na prisão, ele teve diversas infecções. Agora, vai poder fazer melhor o acompanhamento”, afirmou.
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