Se não for avisado pelo Pós Venda da concessionária consultas pela Internet podem ajudar

A convocação de fabricantes para reparos, ou substituição de peças, foi duas vezes maior em 2014 que no ano anterior no setor automotivo. Ao todo foram 1,5 milhão veículos convocados no período.Segundo estatísticas do Procon de São Paulo, o número é o de patamar mais alto desde 2002, quando a medição desse quesito iniciou no órgão. De Mato Grosso do Sul o consumidor pode acompanhar sobre os procedimentos pela Internet, por meio da página oficial da montadora, ou mantendo o contato com a concessionária pelas revisões regulares. 

“Dentro das autorizadas existem setores que auxiliam as montadoras a realizarem as campanhas de recall, para localizarem os clientes por correspondência ou telefone, via o setor de Call Center. Até porque a convocação para esse tipo de procedimento é de caráter preventivo, e com o intuito de colaborar na segurança do motorista. As empresas além do contato feito a partir do cadastro também lançam as campanhas em meios de comunicação, já que em alguns casos o veículo já trocou de dono”, enfatiza a funcionária da equipe de Pós Venda de uma concessionária, Regiane Terra, que também lembra a importância das revisões regulares no carro, onde o condutor pode ser avisado pela autorizada sobre o recall, caso ele exista para o seu veículo. 

O Procon de Mato Grosso do Sul, na sua página eletrônica oferece um canal específico para recall, que permite o consumidor ter acesso ao Recall 2.0, site do Ministério da Justiça que oferece a oportunidade de consulta por nome do produto ou modelo da mercadoria. Pelo serviço que é gratuito cidadão tem como saber se o seu carro está em alguma das 95 campanhas de recall do ano passado.

 A convocação para reparo ou retirada de circulação de produtos com problemas que ofereçam risco ao cliente é assegurado pela Lei nº. 8078, de 11 de setembro de 1990, que estabelece o Código de Defesa do Consumidor.

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários

O superintendente do órgão de defesa do consumidor em Mato Grosso do Sul,o advogado Alexandre Resende, lembra também que o acompanhamento em meios de comunicação é fundamental para a informação sobre convocações de fabricantes para reparos ou substituição de peças e produtos. Mesmo que tenha sido avisado pela empresa o problema e a necessidade de recall, não é isentada do fornecedor a responsabilidade pela mercadoria com defeito ou qualquer consequência que a falha de qualidade pode gerar.
Do total de recalls convocados em 2014, 16% foram por motivos de problemas no airbag, maior incidência de referência das convocações, seguida de chamadas por defeitos na parte elétrica e no terceiro lugar reparo do motor. 

Caso antigo 

O jornalista Nasser, dono de uma Dodge Journey ano 2011, é um especialista em recall e infelizmente um especialista em falhas de segurança e equipamentos de veículo. Ele é o segundo proprietário do veículo, que lhe foi passado por quem a comprou zero quilômetro. O primeiro dono, conforme ele alega, quis se livrar da dor de cabeça. Na lista de problemas do belo utilitário esportivo, da cor prata, defeitos do freio que já teriam gerado dois acidentes, panes da parte elétrica e do motor. Muitas revisões na autorizada e uma briga que já dura dois anos.

“Poderia processar a montadora mas aí eu resolveria só o meu problema e não a de todos que compraram um carro do mesmo lote que o meu. Em virtude disso criei a página no Facebook em que relato a situação da minha Dodge Journey. Acho que nesses dois anos eles já devem ter perdido muitas vendas, já que 700 pessoas acompanham e muitas já me avisaram da desistência de compra após saber dessas falhas do modelo”, conta Nasser, que já teve da fabricante a proposta de recompra do veículo, para com o valor adquirir outro na concessinária. Diferenças de avaliação do valor a ser pago travaram a solução do caso.

Atualmente a Dodge Journey fica encostada na casa do jornalista, que alega falta de segurança para não usar o veículo. A falta de segurança, de acordo com ele vai além da imprevisibilidade da condução, já que até parado e estacionado os vidros são capazes de abrir sozinho. Pelo menos cinco recalls no Brasil e outros vários no resto do mundo foram responsáveis pela convocação de donos do modelo para reparo.