Assassinato de jornalista em MG precisa ser esclarecido com urgência, diz Abraji

A Abraji considera que crimes bárbaros como esse merecem atenção especial das autoridades

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A Abraji considera que crimes bárbaros como esse merecem atenção especial das autoridades

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) acompanha com preocupação o assassinato do blogueiro Evany José Metzker, cujo corpo foi encontrado na última segunda-feira (18) em Padre Paraíso, Minas Gerais. Metzker foi degolado e o cadáver, já em estágio avançado de decomposição, tinha outros sinais de violência.

O redator e editor do blog Coruja do Vale estava desaparecido desde o dia 14. Valseque Bonfim, também autor de um blog na região, jantou com ele na noite anterior e diz não ter notado sinais de apreensão no colega. “Ele me falou que iria a Brasília, mas não detalhou o motivo”, contou. Bonfim também desconhece o assunto da investigação na qual Metzker dizia trabalhar em Padre Paraíso, onde ocupava um quarto de pousada havia 90 dias. O blogueiro, a quem Bonfim conhecia há pouco tempo (“cerca de 70 dias”), era morador de Medina.

Na mesma noite, a mulher de Metzker, Ilma Chaves Silva Borges, trocou mensagens por celular com o jornalista, que disse estar se preparando para voltar a Medina na sexta-feira, 15. Depois disso, ele não retornou mais as tentativas de contato. Ilma afirmou ao G1 ter certeza de que o marido foi morto por causa do trabalho que exercia.

Segundo a delegada responsável pela investigação do caso, Fabrícia Noronha, a Polícia Civil trabalha com duas linhas de investigação sobre o motivo do assassinato: ligação com a atividade de Metzker em seu blog ou crime passional. Nenhuma delas prevalece por enquanto, diz a delegada.

De acordo com a polícia, não há confirmação de que o blogueiro investigava exploração sexual de menores na região. Até o momento, as investigações registram que, no período em que esteve em Padre Paraíso, Metzker cobriu temas sociais e policiais rotineiros, como precariedade no atendimento à população e ocorrências comuns.

A pedido do Sindicato dos Jornalistas de MG, o governo mineiro enviou uma força-tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa para auxiliar na investigação do crime. São quatro investigadores chefiados pelo delegado Emerson Morais, que também trabalhou na apuração dos assassinatos de Rodrigo Neto e Walgney Carvalho em março de 2013, em Ipatinga.

A Abraji considera que crimes bárbaros como esse merecem atenção especial das autoridades. É fundamental que que se esclareça os motivos por trás dele. Embora a polícia ainda trabalhe com mais de uma hipótese sobre as razões do assassinato, é importante confirmar ou descartar categoricamente que a causa tenha sido a atuação profissional da vítima. Não apenas porque isso permitirá encontrar e punir os culpados, mas também porque é condição necessária para que outros jornalistas possam continuar a trabalhar em suas investigações sem o temor de terem fim semelhante ao de Metzker.

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