Pular para o conteúdo
Brasil

Congresso resistirá a alterações em regras previdenciárias, dizem líderes

Para PDT, PTB, PROS, PPS e DEM, aprovação no Congresso será ‘difícil’.
Arquivo -

Para PDT, PTB, PROS, PPS e DEM, aprovação no Congresso será ‘difícil’.

As medidas anunciadas pelo governo nesta segunda-feira (29) para endurecer o acesso da população a uma série de benefícios previdenciários devem enfrentar resistência no Congresso Nacional, conforme avaliação de partidos da base aliada e da oposição ouvidos nesta terça (30) pelo G1.

As medidas provisórias assinadas pela presidente Dilma Rousseff afetam o pagamento de pensão por morte, seguro-desemprego, seguro para pescador artesanal, auxílio-doença e abono salarial.

Segundo a equipe econômica, as novas regras vão gerar uma economia anual de R$ 18 bilhões aos cofres públicos. As mudanças passarão a valer assim que forem publicadas no “Diário Oficial da União”, mas as MPs precisam ser aprovadas em 120 dias pelo Congresso Nacional para que a eficácia seja mantida. Esse prazo começa a contar a partir do fim do recesso legislativo, em 2 de fevereiro.

A votação dessa “minirreforma previdenciária” será um dos primeiros testes do segundo mandato de Dilma. Para ampliar a base aliada e viabilizar a aprovação de projetos de interesse do governo, a presidente loteou os 39 ministérios entre partidos que a apoiaram na reeleição. No entanto, as medidas impopulares anunciadas pelo governo não foram negociadas com a base e contrariam as diretrizes político-partidárias de algumas siglas.

Para o líder do PDT na Câmara, Félix Mendonça Júnior (BA), as MPs terão “total dificuldade” de aprovação no Congresso Nacional. O partido integra a base governista e comanda o Ministério do Trabalho.

“O PDT não concorda com nada que venha a tirar direitos adquiridos dos trabalhadores. Isso é um projeto da equipe econômico, não é da base aliada. Com essa equipe que está atuando, aumentando juros, a gente já fica apreensivo com o que vem. É uma equipe ortodoxa que acha que a melhor maneira de controlar inflação é aumentando juros em vez de aumentar produção”, afirmou ao G1.

Apesar de ganhar o comando do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com a indicação de Armando Monteiro (PTB- PE), o PTB também deve dificultar a votação dos cortes nos benefícios previdenciários. Segundo o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), a bancada é contrária a qualquer redução dos direitos de pensionistas, aposentados e trabalhadores.

“Eu não vi a matéria como ficou. Mas, no que diz respeito a benefícios, temos problema, porque somos contrários a qualquer medida que altere aposentadoria e direitos trabalhistas. Temos uma cláusula pétrea do partido de votar contra a redução de benefícios ao trabalhador. Certamente não vai ser fácil a tramitação dessas medidas provisórias. Mas eu vou discutir com a bancada”, disse.

Já o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), declarou que, “a princípio”, enxerga com bons olhos a intenção do governo de conter despesas.  “A tese de conter abusos e conter distorções é bem vista. A despesa não pode crescer exponencialmente e a receita linearmente. Ambas têm que crescer na mesma esfera. A princípio a tese de conter despesas nos é aceitável.”

O líder do PROS, Givaldo Carimbão (PROS-AL), afirmou acreditar que a tramitação das MPs não será fácil, mas disse que, devido à crise econômica, o partido vai auxiliar o governo a aprovar as reduções nos benefícios previdenciários.

“Administrar é tomar medidas. Acho que o governo vai ter que tomar providências, porque senão perde as rédeas da economia. Agora, dificuldade para aprovar as medidas vai ter, sim, até porque fracionou mais partidos, é uma nova Câmara. Mas de nós, do PROS, pode ter certeza de que vamos ajudar para não piorar a economia.”

‘Estelionato eleitoral’
A oposição promete dificultar ao máximo a votação das medidas provisórias e acusa Dilma de “mentir” durante a campanha eleitoral para, depois, adotar medidas impopulares. Em setembro deste ano, a presidente afirmou, em um ato de campanha, que não faria alterações em direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”. Ela também criticou o principal adversário na disputa, Aécio Neves (PSDB-MG), por defender medidas para reduzir despesas públicas.

“Essas medidas vão enfrentar muita resistência.  Esse pacote de maldades tira do bolso dos trabalhadores e dos pensionistas e aposentados. Com todo o desastre na economia nos últimos quatro anos, estagnação e inflação alta, agora estão empurrando a conta de R$ 18 bilhões para o trabalhador”, criticou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).

Segundo o parlamentar, Dilma pratica “estelionato eleitoral” com a redução dos benefícios previdenciários. “Desde o dia 26 de outubro, ela tem desmentido os compromissos assumidos publicamente perante o eleitor. Aumentou juros, os preços da gasolina e energia, aumentou os juros de financiamentos.”

O líder do PPS, deputado  Rubens Bueno (PR), criticou o uso de medidas provisórias para fazer a minirreforma previdenciária.  Para o parlamentar, o governo deveria ter enviado projetos de lei para que o assunto fosse amplamente debatido.

“Se fosse um governo sério, que pensasse o Brasil a médio e longo prazo, tinha mandado um projeto de lei para o Congresso, que é o local adequado para o debate deste tema junto aos trabalhadores. Até porque são mudanças que têm um efeito social muito grande e podem prejudicar milhares de brasileiros que votaram em Dilma acreditando na promessa de que nada iria mudar. Vamos emendar as medidas provisórias para corrigir distorções e evitar penalizações”, ressaltou.

Seguro-desemprego
Entre as mudanças definidas por medida provisória está a triplicação do período de trabalho exigido para que o trabalhador peça pela primeira vez o seguro-desemprego. Conforme o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, será elevado de seis meses para 18 meses o período seguido de trabalho para que os recursos sejam liberados ao contribuinte que acaba de ficar desempregado.

“Verificamos que 74% do seguro-desemprego está sendo pago para quem está entrando no mercado de trabalho. Agora, o trabalhador terá que trabalhar um ano e meio para ter esse direito”, disse o ministro. Para solicitar o benefício pela segunda vez, o trabalhador terá que ter trabalhado por 12 meses seguidos. Na terceira solicitação, o período de trabalho exigido continuará sendo de seis meses.

Pensão por morte
Os critérios para obter pensão por morte também ficarão mais rigorosos e o valor por beneficiário será reduzido. As novas regras não se aplicam a quem já recebe a pensão. O governo vai instituir um prazo de “carência” de 24 meses de contribuição do segurado para que o dependente obtenha os recursos.

Atualmente, não é exigido tempo mínimo de contribuição para que os dependentes tenham direito ao benefício, mas é necessário que, na data da morte, o segurado esteja contribuindo.

Será estabelecido ainda um prazo mínimo de 2 anos de casamento ou união estável para que o cônjuge obtenha o benefício. 

Outra mudança é a vitaliciedade do benefício. Cônjuges “jovens” não receberão mais pensão pelo resto da vida. Pelas novas regras, o valor será vitalício para pessoas com até 35 anos de expectativa de vida – atualmente quem tem 44 anos ou mais. A partir desse limite, a duração do benefício dependerá da expectativa de sobrevida.

Desse modo, o beneficiário que tiver entre 39 e 43 anos receberá pensão por 15 anos. Quem tiver idade entre 33 e 38 anos obterá o valor por 12 anos. O cônjuge com 28 a 32 anos terá pensão por nove anos. Quem tiver entre 22 e 27 anos receberá por seis anos. E o cônjuge com 21 anos ou menos receberá pensão por apenas três anos.

Abono salarial
Outro benefício que será limitado pelo governo é o abono salarial, que equivale a um salário mínimo vigente e é pago anualmente aos trabalhadores que recebem remuneração mensal de até dois salários mínimos. Atualmente o dinheiro é pago a quem tenha exercido atividade remunerada por, no mínimo, 30 dias consecutivos ou não, no ano.

Com a medida provisória que será publicada nesta terça-feira, só poderá obter o benefício o trabalhador que tenha exercido atividade por seis meses.

Auxílio-doença
O governo também mudou as normas para concessão do auxílio-doença. Hoje o valor é pago pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) ao trabalhador que ficar mais de 15 dias afastado das atividades.

Com a edição da MP, o prazo de afastamento para que a responsabilidade passe do empregador para o INSS será de 30 dias. Além disso, será estabelecido um teto para o valor do auxílio equivalente à média das últimas 12 contribuições.

Seguro-defeso
Outra alteração anunciada pelo governo diz respeito ao seguro-desemprego do pescador artesanal, o chamado seguro-defeso. Trata-se de um benefício de um salário mínimo para os pescadores que exercem atividade exclusiva e de forma artesanal. O valor é concedido nos períodos em que a pesca é proibida para permitir a reprodução da espécie.

A MP editada por Dilma veda o acúmulo de benefícios assistenciais e previdenciárias com o seguro-defeso. O pescador que recebe, por exemplo, auxílio-doença não poderá receber o valor equivalente ao seguro-defeso. Além disso, será instituída uma carência de 3 anos a partir do registro oficial como pescador, para que o valor seja concedido.

 

 

 

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Atropelado há quase duas semanas, motoentregador continua internado em estado grave

bandeirantes

TCE-MS determina que ex-prefeito devolva R$ 100 mil por contratar serviços sem licitação

Prefeitura de Bonito justifica processo seletivo sem cota por falta de lei municipal

MG: menina de 12 anos descobre gravidez de quase um mês após ir ao UPA

Notícias mais lidas agora

carne frigorifico

Após MS suspender exportação de carne para os EUA, sindicato fala em normalização do mercado em poucos dias

campo grande cidade de cobras

Cidade de ‘cobras’, como Campo Grande lida com tanto veneno humano?

Waldir Neves faz acordo e vai pagar R$ 1,9 milhão para não ser despejado de mansão

Procurando emprego? Suzano abre quatro vagas para atender operações em Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas

Últimas Notícias

Política

Tereza Cristina diz que Brasil demora em negociar com os EUA e cita seção 301

Situação é grave e o governo federal precisa agir rápido, diz senadora em vídeo publicado nas redes sociais

Cotidiano

‘Aliado’ do comércio em Campo Grande, Pix entra na mira de investigação do governo dos EUA 

Modalidade é preferência de uso entre sul-mato-grossenses e soma mais de 800 milhões de chaves ativas no Brasil

MidiaMAIS

10 anos após transplante de rim, Vanildo celebra a vida ao lado de doadora do órgão

Vanildo recebeu órgão de sua esposa, Fabiana, e hoje celebram a oportunidade de continuarem vivendo juntos

Cotidiano

Tempo frio e seco: frente fria se aproxima e MS permanece com alerta para baixa umidade do ar

Umidade relativa do ar está entre 15 e 30% nas cidades do Estado