Em 1945, quando a 2ª Guerra Mundial tinha chegado ao fim e a capital do Brasil ainda era o Rio de Janeiro, o País restaurava sua democracia e tinha uma corrida presidencial após 15 anos da ditadura de Getúlio Vargas.

Os principais candidatos para esta eleição eram o general Eurico Gaspar Dutra, do Partido Social Democrático, que recebeu o relutante apoio do antecessor, e o brigadeiro Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional, que contava com a simpatia da classe média e elite brasileira.

Para angariar apoio e donativos para a campanha presidencial de Gomes, que era bem apessoado e tinha como slogan “Vote no brigadeiro, que é bonito e solteiro”, as senhoras de São Paulo organizavam chás e festas, onde vendiam docinhos.

Brigadeiro: Como a criação do docinho é marcada pela política
Foto : Reprodução/ Getty Images

Entre os quitutes que encantavam o público se destacava um feito com leite condensado e chocolate em pó, apelidado de “docinho do brigadeiro”. Com o tempo, o “docinho” desapareceu e se tornou apenas brigadeiro. Diz a lenda que a criadora foi Dona Heloisa Nabuco de Oliveira, uma das senhoras do fã clube de Gomes.

O encanto pelo doce, contudo, não foi páreo para garantir a vitória de Gomes. Dutra, que tinha apoio de getulistas e da classe trabalhadora, arrematou 55% dos votos, enquanto Gomes não chegou a 35%.

Apesar da história curiosa, ela é contestada por outros contos. O livro do Brigadeiro, da doceira Juliana Motter, conta uma outra lenda, a de que, antes de se chamar brigadeiro, o doce se chamava negrinho. “Tudo indica que ele teria sido inventado no Rio Grande do Sul, possivelmente por uma dona de casa muito loira que achou exótica a cutis marronzinha do doce”, escreveu Motter.

O Rio Grande do Sul é o único estado brasileiro que ainda chama brigadeiro de negrinho.

Brigadeiro: Como a criação do docinho é marcada pela política
Foto : Reprodução/ Getty Images
Brigadeiro: Como a criação do docinho é marcada pela política
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