A escritora holandesa Hagar Peeters descobriu a história de Malva Marina Trinidad Reyes Basoalto, uma menina que morreu aos 8 anos, e decidiu escrever um romance para revelar sua existência. “Malva” , saiu na Espanha, em fevereiro deste ano, e atraiu a atenção da imprensa. Porque é o registro da história da filha que Pablo Neruda abandonou e com a qual não quis nenhum contato. Não há previsão de lançamento do livro no Brasil.

O livro conta a história da menina Malva Marina, que, com hidrocefalia, passou fome na Holanda e morreu criança. A história de Malva Marina ficou “escondida” durante 84 anos. Havia anotações, aqui e ali, mas nada tão forte quanto o livro de Hagar Peeters. A escritora assinala que Pablo Neruda, além de ocultar a história, rejeitou Malva Marina, porque ela tinha hidrocefalia.
A bela Maria Hagenaar Vogelzang (Maruca) e Pablo Neruda se casaram em Java. Foi sua primeira mulher. Engravidou em seguida. Esperava-se que o nascimento de Malva Marina unisse mais o casal, que se amava. Porém a menina “nasceu com uma cabeça desproporcional, fruto de uma hidrocefalia que anunciava uma morte prematura, irremediável”.

Inicialmente, Pablo Neruda parecia não ter consciência da “gravidade da enfermidade de sua filha”. Posteriormente Maria Hagenaar Vogelzang, a Maruca, foi abandonada à míngua pelo poeta. Ele dizia que a menina não dormia e era incômoda.
Pablo Neruda deixa Maruca e Malva quase sem dinheiro em Montecarlo, para onde havia fugido da Guerra Civil Espanhola. Maruca cruza toda a França com sua filha enferma, até chegar a Holanda, onde se instala na cidade de Gouda. Mãe e filha passam fome. Maruca vive em pensões e trabalha no que encontra. Sua menina fica aos cuidados de uma família cristã. Suplica a Neruda que lhe mande dinheiro para poder dar comida à filha, relata o jornalista de “El Mundo”. “Gastei meu último centavo enviando a carta”, lamenta Maruca.

Até tu Neruda?
A filha esquecida de Pablo Neruda morreu em 2 de março de 1943, em Gouda, onde está enterrada. Maruca avisou o poeta, por intermédio do consulado do Chile em Haya, sobre a morte da criança, mas o homem que cantou o amor de maneira tão linda e delicada “respondeu-lhe” com o silêncio. Na prática, tudo indica, a teoria é outra.
