Possibilitar assessoria e consultoria com intenção de buscar soluções para a agricultura em larga escala em âmbito nacional, com ênfase na agricultura familiar, agroflorestal, agroecologia, ecoturismo e a busca de créditos de carbono como reflorestamento de plantio de cacau. Essas são algumas áreas de atuação do projeto Agro Indígena, fundada pela engenheira de alimentos Elisângela Teixeira de Lima no ano de 2021, e com sede em Brasília- DF.
Todo o trabalho da Ago Indígena se desenvolve em comunidades de povos originários. Desde sua fundação, com a anuência e apoio de Ronaldo Zokezomiake, da etnia Haliti Paresi, em sua comunidade no município de Campo Novo do Pareceis, no Mato Grosso, a iniciativa vem crescendo. Com o aprimoramento do trabalho, o projeto tornou-se referência nacional em agricultura mecanizada em terras indígenas em todo o Brasil.
O trabalho, pioneiro em território nacional, encontra respaldo legal no Decreto assinado pelo atual presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva que trata do Marco Temporal, e permite a utilização da agricultura profissional em áreas indígenas. O Artigo 26, garante que atividades econômicas em terras indígenas é permitida “desde que pela própria comunidade indígena, admitidas a cooperação e a contratação de terceiros não indígenas”.
A principal estratégia da entidade não é a apenas oferecer assessoria e consultoria, mas também a busca constante de soluções para a agricultura de forma a atender as comunidades indígenas com a produção de alimentos, bem como a garantia da renda a partir da comercialização de seus produtos.
Dakila Pesquisas e o impulso criativo e operacional
A gênese do projeto se dá durante o projeto A Voz das Etnias, iniciativa de Dakila Pesquisas, que firmou parceria com diversas lideranças indígenas brasileiras de todo o Brasil no sentido firmar parcerias em pesquisas científicas – principalmente voltadas para a agricultura e a medicina natural.
O projeto aconteceu entre os anos de 2020 e 2021. A partir de então, Elisângela Lima passou a atuar, em projetos especificamente voltadas para a agricultura, de forma voluntária, e como alternativa para que as comunidades sejam verdadeiramente parceiras – nunca como vítimas ou coadjuvantes. Essa abordagem se diferencia da atuação de instituições como OSCIPs e ONGs, que há décadas estão incrustadas nas comunidades indígenas, especialmente na Amazônia. Os projetos são elaborados com etapas, metas e objetivos bem definidos, servindo também como forma de acompanhamento e controle social.
Com o tempo, Dakila Pesquisas tornou-se parceira do projeto Agro Indígena, contribuindo com técnicos e pesquisadores que auxiliam na busca por sementes de qualidade, na correção de solos, entre outros aspectos técnicos.

Elisângela Lima explica: “Atualmente, trabalhamos com várias etnias brasileiras, como a Macuxi, na Raposa Serra do Sol, em Roraima; a etnia Tukano, de São Miguel da Cachoeira, no Amazonas; a etnia Espigão, de Rondônia. E todas as comunidades parceiras inicialmente receberam visitas in loco, e logo em seguida, o trabalho foi se expandindo. Hoje, estamos presentes em outras localidades como no estado do Tocantins e aqui em Mato Grosso do Sul, em Sidrolândia, onde estamos começando o trabalho junto a etnia Terena. O Agro Indígena é, hoje, uma entidade dos povos indígenas brasileiro”.
Para Urandir Fernandes de Oliveira, CEO do Ecossistema Dakila, a parceria entre Dakila e o Agro Indígena vem rendendo ótimos frutos em termos de pesquisas e também de produtividade.
“A parceria e assessoria com os povos indígenas é estratégica para Dakila, inclusive em outros trabalhos, como o remapeamento do Caminho de Peabiru. Temos total respeito pelos povos indígenas – são nossos parceiros – e não poderíamos deixar de contribuir neste belíssimo projeto que vem transformando as comunidades indígenas em celeiros de fartura”, explicou.
Mudanças climáticas
Um dos importantes trabalhos de assessoria do Agro Indígena é no sentido de entender e adaptar-se às mudanças climáticas, promovendo o cultivo indígena adaptado aos ambientes locais, com capacidade de tolerar condições ambientais desafiadoras.
No campo da preservação ambiental, os povos indígenas possuem conhecimentos tradicionais da fauna e flor, além de viverem em áreas de grande importância ecológica, como a Floresta Amazônica. São eles os verdadeiros guardiões da floresta, cumprindo papel estratégico e fundamental para a humanidade. Portanto, as comunidades indígenas têm contribuído para a agricultura nacional com técnicas de manejo do solo e conhecimentos tradicionais, mas essa contribuição é frequentemente desprezada, resultando em marginalização no setor agrícola. E é exatamente ai que o Agro Indígena atua diariamente: para provar que a experiência ancestral dos indígenas já o possibilitam a tornarem-se parte do agro sustentável brasileiro, com muito a ensinar a todos.
Hoje, adubos e fertilizantes do Agro Indígenas são pauta e discutidos no Congresso Nacional, em diversas Comissões e audiências, como um dos assuntos mais especulados. Isso porque foi tratado com extrema seriedade e conhecimento de causa, chegando a derrubar toda narrativa de que os indígenas não poderiam praticar a agricultura mecanizada.
“Havia a indagação de que, devido o uso de defensivos químicos utilizados, esses viriam acarretar resultados danosos ao meio ambiente. Todavia, ressaltamos que os fertilizantes do Agro Indígena são organominerais, produzidos com a parceria com a Empresa 3RBIO FERTILIZANTES, o que assegura um diferencial logístico que propicia trabalhar num agro sustentável em todas as etnias”, finalizou Elisângela Lima.
Esta matéria é de responsabilidade do jornalista Rogério Alexandre Zanetti.