Viver em grandes cidades é um exercício que exige preparo psicológico, sobretudo quando tratamos da rotina agitada e da quantidade de informações dos mais variados tipos pelas quais somos bombardeados a cada segundo. Os centros urbanos carregam consigo uma gama de desafios para quem vive e se locomove em seus espaços.

Mesmo com tudo isso, o crescimento das áreas centrais das grandes cidades tem atraído principalmente quem consegue trabalhar perto de casa. Assim optando por fazer o trajeto a pé, de bike ou com os patinetes motorizados espalhados pela cidade.

Essa mobilidade, porém, ainda é de fruição de poucas pessoas, considerando o gigante número de habitantes numa cidade como . Com uma malha de transporte que diz atender a todas as regiões da cidade, quem mora nas periferias sofre com a escassez de linhas de ônibus e amplas distâncias até o centro.

Linhas de Transporte de trem de são Paulo
Linhas de trem São Paulo – Banco de Imagens

Outro fator importante que acaba influenciando na rotina dos transportes é a própria arquitetura da cidade. Espaços pensados para circulação e vias segmentadas ainda fazem pouca presença no cenário urbano das principais cidades.

Os problemas são de conhecimento de todos, mas as soluções parecem ser evitadas com o fim de manter uma estrutura que privilegia apenas um recorte da massa urbana.

 

Longos trajetos

Brasília é um dos melhores exemplos de planejamento que não pensou no desenvolvimento posterior da cidade. A malha de transportes não acompanhou a expansão periférica na cidade, criando verdadeiros separadores sociais físicos.

Em São Paulo, a criação de corredores específicos para ônibus, extensão de linhas 24 horas e novas estações conseguiu dinamizar o fluxo diário de trabalhadores que gastam longas horas de suas casas, nas pontas da cidade, até seus trabalhos, nas regiões centrais.

Linhas de transporte urbano São Paulo
Locomoção em São Paulo – Banco de Imagens

Mesmo com um número grande de veículos à disposição em horários de pico, o fluxo de passageiros só aumenta a cada dia, resultando em um transporte diariamente lotado.

Tempo acima da média em vagões lotados, barulho, desrespeito, falhas técnicas e atrasos parecem problemas já inseridos no dia a dia de quem vive em grandes cidades. Sendo esses, fatores determinantes da qualidade de vida das pessoas.

Preços elevados

Os reajustes anuais, que nem sempre acompanham melhorias nos serviços, prejudicam não só o orçamento familiar. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2020, os brasileiros passaram a gastar mais com transporte do que com comida, considerando a renda mensal das famílias.

Quem se recorda de 2013, quando a insatisfação com o valor das tarifas acabou modificando o curso político e social do país, consegue analisar com mais atenção os efeitos do transporte precário no bem-estar dos cidadãos.

Com desemprego na casa dos 11% em dezembro de 2019, o preço do transporte vira um peso considerável no bolso do brasileiro.

 

Sucateamento e empresas privadas

Os problemas no não são nem um pouco novos. Só em São Paulo, estações de não saem do papel há mais de 20 anos. De forma lógica, as regiões que atraíram investimentos imobiliários e financeiros mais modernos conseguiram seus pontos de acesso de forma imediata.

Transporte Lotado metro São Paulo
Metro Lotado em São Paulo – Banco de Imagens

O surgimento de novos mercados de transporte compartilhados por empresas internacionais, de fato, contribuiu para uma mobilidade de fluxo mais livre, mas ainda não resolve os problemas estruturais da cidade.

Vendendo serviços atrelados à otimização de tempo, atendimento diferenciado e conforto. Essas empresas atraem clientes pelo que devia ser o básico em todo serviço de transporte urbano.