Afastamento de trabalhador por estresse aumenta com a recessão
Pedidos de auxílio-doença costumam aumentar em períodos de crise
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Pedidos de auxílio-doença costumam aumentar em períodos de crise
Os dados mais recentes de saúde no Brasil ainda não foram computados, mas o relato de especialistas e as estatísticas da Previdência já indicam efeitos da atual contração econômica brasileira, que já dura dois anos. DEMANDA Há uma procura crescente por auxílios-doença, principalmente psiquiátricos, desde o fim do ano passado, disse o presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos, Francisco Cardoso.
“Os pedidos de auxílio-doença costumam aumentar em períodos de crise. Vimos isso, por exemplo, no período de crises que ocorreu entre 1999 e 2001”, afirmou.
Para Marco Pérez, diretor do departamento de saúde ocupacional da Secretaria de Políticas de Previdência Social, ainda é cedo para verificar o efetivo impacto da recessão nas estatísticas de afastamento do trabalho.
Mas ele disse esperar que esse efeito possa aparecer. “Não há a menor dúvida de que uma crise econômica gera impactos sobre os aspectos emocionais e afetivos de uma pessoa”, afirmou.
Em 2009, ano em que o Brasil sentiu os efeitos da crise global com mais intensidade, também houve um salto nesses afastamentos —cujo nome técnico é auxílio-doença acidentário. era a quantidade de desempregados no país no primeiro trimestre, segundo o IBGE é a projeção mais recente do mercado para a contração da economia neste ano.
A causa mais visível do estresse provocado por uma crise econômica é a ameaça do desemprego. Entre o início de 2014 e o primeiro trimestre deste ano, o número de desocupados, de acordo com as estatísticas do IBGE, aumentou de 7 milhões para mais de 11 milhões de pessoas.“Além da perda do emprego, o risco de ficar desempregado também tem impacto na vida emocional”, disse Pérez.
Esse efeito da sobrecarga de trabalho e da perspectiva de ser atingido por cortes na saúde mental de quem continua empregado foi verificado pelo professor Jörg Huber, do Centro de Pesquisa em Saúde na Universidade de Brighton (Inglaterra), em estudo após a crise de 2008/2009 no Reino Unido.
Segundo ele, crescem os sintomas de estresse, ansiedade e depressão.
“Nossas pesquisas indicam que até 40% dos adultos apresentaram sintomas de saúde mental debilitada após a crise global de 2008/2009 no Reino Unido. Quanto maior o impacto no ambiente de trabalho, mais fortes os efeitos na saúde”, afirmou Pérez à Folha. da série “Marcas da Crise”, que discute o impacto da recessão atual, talvez a mais profunda da história do país. Alguns dos efeitos da crise podem durar muito tempo, afetando a capacidade de reação da economia.
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