A presença significativa do público, que acompanhou a programação do Lipedema Challenge, no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, nesse domingo (30), mostrou que a busca por conhecimento é cada vez maior.

Neste caso, em específico, estamos falando de uma doença crônica e que passou a ser reconhecida pela OMS, em janeiro de 2022, com o CID EF 02.2. Assim, profissionais da saúde se juntaram para explicar sobre o tema e mostrar a necessidade do acompanhamento multidisciplinar.

Conforme especialistas, por ser uma doença inflamatória, é necessária também uma alimentação anti-inflamatória. No entanto, muitos pacientes ficam com medo, achando que a nutricionista “vai tirar tudo” e não entendem que, na maioria dos casos, existe mais inclusão do que exclusão, colocando também alimentos diuréticos, já que a paciente geralmente também tem retenção.

No dia a dia, os alimentos anti-inflamatórios são frutas, as verduras, os legumes, além de trocas do carboidrato refinado para melhorar o impacto glicêmico. “É incluir os alimentos anti-inflamatórios, como o gengibre, a cúrcuma, em shots e na própria alimentação, por exemplo, se vai fazer um ovo mexido, coloca um pouquinho de cúrcumaou então em uma crepioca. São adaptações que podem valer para o resto da vida. O chá verde também, rico em polifenóis, vai favorecer o tratamento, além de ômega 3, a gordura do atum, tudo isso é muito bem-vindo”, disse a nutróloga Dra. Thaís Amstalden.

Uso do anticoncepcional e lipedema

O anticoncepcional, ainda de acordo com profissionais da saúde, pode fazer aumentar a formação da gordura no tecido adiposo, então, já é um planejamento necessário na vida da mulher. “As mulheres com essa doença precisam ser enxergadas, o diagnóstico precisa ser feito e o tratamento precisa ser instituído. E também falando sobre oscilações hormonais, na gestação, o lipedema também piora, porque a outra mulher sofre uma oscilação hormonal. E aí a doença vem com tudo, então, talvez essas mulheres que já têm esse diagnóstico, precisam essa alimentação, fazer atividade física e tentar não ganhar tanto peso na gestação e tentar barrar a doença”, alertou a endocrinologista Dra. Bianca Paraguassu.

Outro ponto hormonal da mulher é a menopausa. “Isso foi discutido, mas, infelizmente a gente não tem tantos estudos falando sobre tratamento de reposição hormonal na mulher com lipedema … tem dietas específicas que estão sendo estudadas para pacientes com lipedema e existem graus da doença, então, tem uma mulher que tem um lipedema leve, essa mulher não vai ter tanta restrição, mulheres que têm um lipedema grave, aí talvez a gente deva buscar o exercício para ela não se machucar…é necessário individualizar… cada um sabe a dor que passa e nós como médicos temos essa obrigação de acolhê-las”, argumentou Paraguassu.

Drenagem e redução imediata de dor, inchaço e medidas

A drenagem é bastante utilizada em pacientes com lipedema, que reclamam geralmente de dor e desconforto.

Assim, a técnica promove um relaxamento, melhora a circulação e a oxigenação do tecido, então, é um conjunto de tratamentos, incluindo também a alimentação anti-inflamatória e a atividade física.

Tratamento intestinal e lipedema

Quando se fala na parte intestinal, a disbiose intestinal, que é a alteração dos microorganismos que habitam no intestino, e sabendo que o lipedema é uma doença muito inflamatória, o intestino ruim faz com que o organismo seja extremamente inflamatório, então, tem muita correlação de mulheres com lipedema com queixas digestivas e intestinais.

E quando melhora o sistema digestivo, diminui a inflamação neste órgão que é tão importante e tudo isso faz reduzir a inflamação corporal como um todo. Ou seja, é preciso “olhar com carinho” para o sistema digestivo e assim diminuir a inflamação no órgão e melhorar o organismo da paciente como um todo.

Lipolinfedema e a importância da terapia compressiva

No último estágio da doença – o estágio 4 – que é o lipo lipolinfedema, já ocorre um acometimento do sistema linfático, sendo necessário a terapia compressiva (elásticas e inelásticas), além de terapias que ajudam a diminuir muito a circunferência de perna.

Cirurgia plástica

“A gente, às vezes, é a porta de entrada, porque a paciente não sabe o que tem ao certo. Ela acha que é gordura, por exemplo, que está com obesidade e pensa na cirurgia plástica. No entanto, com todos os estudos, a gente vê que o caminho é um pouquinho mais longo até chegar nesta fase final, então, precisa realmente do comprometimento da paciente, até da família, porque o familiar precisa entender que é uma doença, não adianta a mulher estar lá sofrendo com dieta, com treino, fazendo tudo certinho e a família não caminhar junto. E aí depois de tudo isso, já no estágio que não tem inflamação, a paciente então está pronta um tratamento cirúrgico. Nós fazemos um tratamento diferenciado, com técnicas”, finalizou o cirurgião plástica, Dr. Gabriel Rahal.