Solto após ficar 24 dias preso por participar de esquema de corrupção em Terenos, Valdecir Batista Alves deixa a coordenação da agência de Campo Grande e retorna para o cargo de origem, no município do interior.
Concursado, Valdecir Batista Alves estava de férias quando foi preso, no dia 9 de setembro, com outras 15 pessoas, incluindo o prefeito (agora afastado) de Terenos, Henrique Budke (PSDB).
Todos foram soltos na última sexta-feira (3) pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Assim, na quarta-feira (8), Diário Oficial do Estado trouxe decisão dispensando Valdecir da coordenação da agência de Campo Grande. No lugar dele, assume o agente de serviços sócio-organizacionais, Agoncilio Correia Barbosa.
Assim, outra publicação confirmou o retorno de Valdecir para a agência de origem: Terenos. Diferente do prefeito e de outros servidores implicados, Valdecir foi liberado pela Justiça a retornar às funções públicas durante a tramitação do processo.
Aliás, foi assim que o servidor de carreira da Agraer chegou ao posto de secretário de desenvolvimento econômico de Terenos, na primeira gestão de Henrique, em período apontado pelas investigações em que teriam ocorrido as fraudes que superam os R$ 15 milhões em contratos de obras.
Confira a relação completa de presos:
- Henrique Wancura Budke, prefeito que pediu afastamento após a operação;
- Arnaldo Santiago, empreiteiro;
- Cleberson José Chavoni Silva, empreiteiro;
- Eduardo Schoier, empreiteiro;
- Fábio André Hoffmeister Ramires, terceiro-sargento da PM;
- Fernando Seiji Alves Kurose, empreiteiro;
- Genilton da Silva Moreira, empreiteiro;
- Hander Luiz Correa Grote Chaves, empreiteiro;
- Isaac Cardoso Bisneto, ex-secretário de Obras;
- Leandro Cícero Almeida de Brito, engenheiro;
- Nadia Mendonça Lopes, empreiteira;
- Orlei Figueiredo Lopes, ‘testa de ferro’ do prefeito, enviado para receber propinas;
- Sandro José Bortoloto, empreiteiro;
- Sansão Inácio Rezende, empreiteiro;
- Tiago Lopes de Oliveira, ex-chefe de gabinete;
- Valdecir Batista Alves, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e diretor na Agraer.
Prisão do coordenador da Agraer
O Gaeco apurou que Valdecir tinha estreita relação com o empreiteiro Sandro Bortoloto, da Angico, que foi quem o aproximou do então prefeito recém-eleito — em 2021 —, Henrique.
Conversas interceptadas pelo Gaeco revelaram que, após uma reunião com o prefeito, Valdecir disse que o empreiteiro deveria arcar com o conserto de um veículo, que ficou em R$ 1.450,00.
Depois, o então secretário pediu para Sandro apagar as mensagens.
As investigações revelaram que Valdecir agia como um intermediador do prefeito Henrique. Em uma situação, por exemplo, o prefeito diz ao empreiteiro que Valdecir lhe passaria um serviço de dedetização de 10 escolas, antes mesmo do processo licitatório.
O relatório de investigação do Gaeco aponta que, mesmo após deixar o cargo na prefeitura, em 2023, Valdecir atuou na coordenadoria regional da Agraer de Campo Grande, mas continuava mantendo contato com os investigados.
Trecho do relatório destaca: “Então, conforme ponderado na investigação, os tentáculos do grupo, de dentro da Administração Municipal de Terenos/MS, e o tráfico de influência resultante, alcançariam empresários que estivessem à mercê do pagamento de propinas, com a garantia de que obras públicas seriam direcionadas às suas pessoas jurídicas, em detrimento da competitividade licitatória”.
Prefeito comprou imóveis e empresas com dinheiro de propina

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Conforme o relatório de investigação ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, Budke viu seu patrimônio declarado aumentar 691% entre as eleições de 2020 — a primeira que disputou — e de 2024 — na que se reelegeu.
Os investigadores cruzaram dados e levantaram que Henrique teria recebido cerca de R$ 611 mil em propinas.
Para o Gaeco, ao menos três bens do prefeito foram declarados com valores muito inferiores ao que realmente valem.
Exemplo citado na investigação é a Fazenda Ipê Amarelo, de 161 hectares, em Aquidauana, que ele declarou valer R$ 1,5 milhão — pagos à vista. No entanto, o valor de mercado da propriedade seria de R$ 4.356,017,67.
Para os investigadores, o enriquecimento vivenciado pelo prefeito era incompatível com suas funções. Assim, o Gaeco conclui que os valores recebidos como propina foram usados para aumentar o patrimônio de Henrique.
Além disso, ele também investiu em empresas, como a Resilix Ltda., da qual ele declarou ter apenas R$ 1 mil pela participação societária de 33%. “Parece ter recebido valores ilícitos, pois sofreu uma alteração exponencial em seu capital social“, diz o documento.
Logo, os investigadores descobriram que o capital social da empresa atingiu R$ 2.237,700,00. Ou seja, Budke seria dono de R$ 745,9 mil da empresa — e não de apenas R$ 1 mil, como informado anteriormente.
“Somado o valor real de mercado, o montante dos bens alcançaria em 2024 o montante real de R$ 6.141.948,18, o que indicaria crescimento de 691% em relação ao que foi declarado na eleição de 2020“, destaca outro trecho da investigação.
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