A Prefeitura de Terenos suspendeu nesta sexta-feira (10) mais de R$ 9,6 milhões em contratos com suspeita de fraude — alvos da Operação Spotless, deflagrada em 9 de setembro, que prendeu o prefeito Henrique Budke (PSDB), apontado como o cabeça do esquema de direcionamento de licitação.
Ao todo, 26 pessoas foram denunciadas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), entre membros da gestão municipal e empresários que participavam dos certames da prefeitura, e dez contratos ficam suspensos por 90 dias.
Eles somam R$ 9,6 milhões de dinheiro público investido, datados desde 2022. Além disso, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) prendeu 16 pessoas, que já receberam liberdade por força de decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O contrato com maior valor é de 2023, com a RS Construções e Serviços LTDA, da empresária Stenia Souza da Silva, no valor de R$ 2.963.510,08. Assim, a empreiteira ficou responsável pela reforma de uma praça pública e também a construção da Escola Municipal de Artes.

Conforme mostrou a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), grupo de empresários agia em conluio para direcionar as licitações da Prefeitura de Terenos. Assim, uma empresa levava o certame enquanto os demais participavam sem a intenção de vencer — apenas para dar ares de legalidade à competição.
Confira os contratos suspensos:
Contrato | Valor | Empresa | Objetivo |
54/2022 | R$ 237.480,88 | Bonanza Comércio e Serviços Eireli | Reforma de cinco ESFs de Terenos |
127/2022 | R$ 788.867,74 | Sansão Inacio Rezende Eireli | Reforma e construção de pontes de madeira |
128/2022 | R$ 1.278.815,92 | Arnaldo Santiago LTDA | Construção de barracão |
42/2023 | R$ 2.963.510,08 | RS Construções e Serviços LTDA | Reforma de praça e construção da Escola Municipal de Artes |
55/2023 | R$ 787.651,55 | RS Construções e Serviços LTDA | Serviços de limpeza e manutenção das vias urbanas |
89/2023 | R$ 1.106.692,61 | Genilton da Silva Moreira ME | Substituição de três pontes de madeira por galeria de concreto |
04/2024 | R$ 394.579,34 | Eduardo Schoier EPP | Operação e manutenção da iluminação pública |
06/2024 | R$ 1.952.768,69 | HG Empreiteira e Negócios LTDA | Reforma e modernização da Escola Municipal Antônio Sandim de Rezende |
28/2025 | R$ 59.400,00 | Marsoft Informática, Construções e Serviços LTDA ME | Serviço de conexão de internet nas escolas da zona rural |
66/2025 | R$ 87.210,00 | Eduardo Schoier EPP | Serviço de manutenção corretiva e preventiva nos semáforos |
Prefeito de Terenos chefiava esquema de fraude em licitação
Henrique Budke aparece como líder da organização criminosa alvo da Operação Spotless. A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definida. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.
Então, os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. Como resultado, somente no último ano, as fraudes ultrapassaram os R$ 15 milhões.
O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.

A Operação Spotless surgiu a partir das provas da Operação Velatus — realizada em agosto de 2024. Assim, o Gaeco e o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.
Além disso, Spotless é uma referência à necessidade de os processos de contratação da administração pública serem realizados sem manchas ou máculas. Então, o prefeito foi preso durante a operação, junto do terceiro-sargento do Choque, Fábio André Hoffmeister Ramires.
Outras 10 pessoas foram presas: Arnaldo Santiago, Sansão Inácio Rezende, Nadia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Genilton da Silva Moreira, Eduardo Schoier, Fernando Seiji Alves Kurose, Hander Luiz Corrêa Chaves, Sandro José Bortoloto e Valdecir Batista Alves.
Vinte e seis denunciados
Assim, o MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) também denunciou o prefeito afastado de Terenos, Henrique Budke (PSDB), e mais 25 pessoas envolvidas no suposto esquema de corrupção na prefeitura, desmontado após a Spotless.

Confira os denunciados:
- Henrique Budke (PSDB), prefeito afastado de Terenos
- Arnaldo Glagau (PSD), vereador e empresário
- Arnaldo Santiago, empresário
- Cleberson José Chavoni Silva, empresário
- Daniel Matias Queiroz, empresário
- Edneia Rodrigues Vicente, empresária
- Eduardo Schoier, empresário
- Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar e empresário
- Felipe Braga Martins, empresário
- Fernando Seiji Alves Kurose, empresário
- Genilton da Silva Moreira, empresário
- Hander Luiz Correa Grote Chaves, empresário
- Isaac Cardoso Bisneto, ex-secretário municipal de Obras e Infraestrutura
- Leandro Cícero de Almeida Brito, engenheiro
- Luziano dos Santos Neto, empresário
- Maicon Bezerra Nonato, servidor público municipal
- Marcos do Nascimento Galitzki, empresário
- Nádia Mendonça Lopes, empresária
- Orlei Figueiredo Lopes, comerciante
- Rinaldo Córdoba de Oliveira, empresário
- Rogério Luís Ribeiro, empresário
- Sandro José Bortoloto, empresário
- Sansão Inácio Rezende, empresário
- Stenia Souza da Silva, empresária
- Tiago Lopes de Oliveira, empresário
- Valdecir Batista Alves, empresário
“O que se apurou na investigação é uma organização criminosa instalada no Poder Executivo do Município de Terenos atuando há anos para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, um verdadeiro balcão de negócios comandado pelo Prefeito Municipal [Henrique Budke]”, pontuou o procurador-geral de Justiça Romão Ávila Milhan Júnior.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)