A prefeitura de Bonito — município da região oeste de Mato Grosso do Sul, a 283 km da capital Campo Grande — suspendeu os contratos de empresas investigadas na Operação Águas Turvas, deflagrada nesta semana. O comunicado foi divulgado no fim da tarde de sexta-feira (10).
Na nota, o Executivo Municipal destaca “o compromisso da gestão com a transparência, a legalidade e a responsabilidade na administração pública”.
A operação revelou um esquema que pode ter fraudado procedimentos licitatórios que ultrapassam R$ 4 milhões.
Operação Águas Turvas mira organização criminosa que fraudava licitações em Bonito
Em 7 de outubro de 2025, o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul), deflagrou a Operação Águas Turvas, contra uma organização criminosa que teria fraudado licitações que somam R$ 4.397.966,86.
Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão em Bonito, Campo Grande, Terenos e Curitiba (PR). Agentes estiveram na Prefeitura Municipal de Bonito.
O secretário de Administração e Finanças de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves, a diretora do setor de Licitações, Luciane Cinthia Pazette, o empreiteiro Genilton da Silva Moreira, o empresário Carlos Henrique Sanches Corrêa e o corretor de imóveis Luis Fernando Xavier Duarte — que foi solto após pagar fiança por porte de arma — foram presos.
A investigação do Gecoc identificou um grupo que atuava fraudando constantemente licitações de obras e serviços de engenharia em Bonito desde 2021. São vários certames fraudados simulando concorrência e prevendo exigências para favorecer as empresas investigadas.
Servidores públicos integram o esquema, e repassavam informações privilegiadas a empresários e organizavam a fraude licitatória para ajudar as empreiteiras a vencerem. Em troca recebiam vantagens indevidas.
Secretário avisou empreiteiro sobre Pix de R$ 20 mil antes de receber propina
O secretário de Administração e Finanças de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves, o Beto, recebeu Pix de R$ 20 mil através de um laranja após liberar o pagamento de R$ 102.445,17 ao empreiteiro Genilton Moreira da Silva, dono de empresa de mesmo nome.
Conforme relatório de investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, trata-se de pagamento feito pelo município à empresa Lopes & Lopes, que tem Nádia Mendonça Lopes como proprietária.
Assim, após receber o pagamento pela construção da base de concreto do ginásio de esportes e Elup Boa Vista, Beto avisa Genilton: “Tô fazendo o seu pagamento”.
Em resposta, o empreiteiro agradece e, em seguida, informa que dali uns dias estaria em Bonito: “segunda tô ai”.
Logo, o Gecoc conclui que “a visita de Genilton Moreira a Edilberto Gonçalves estava relacionada às negociações para o pagamento de propina ao agente público”, diz o relatório. A reunião entre os dois seria o acerto da propina, segundo o Gecoc.
Diretora de Licitações pediu ‘brinde’ em nome de marido vereador após ajudar empreiteiro
A diretora do setor de Licitações da prefeitura de Bonito, Luciane Cintia Pazette, pediu “brinde” ao empreiteiro Genilton Moreira da Silva — também preso — por “ajudá-lo” em licitações no município.
Conforme relatório de investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), no dia 3 de maio de 2022, Luciane envia, pelo WhatsApp, documento de licitação a Genilton e alerta: “Olha o valor”.
Na sequência, o empresário solicita a planilha da licitação. Mas a servidora informa que, assim que tiver, vai enviar. Os dois se tratam como ‘comadres’ e, segundo o Gecoc, tinham relação próxima.
Mais tarde, no mesmo dia, Luciane envia mensagem a Genilton pedindo um ‘brinde legar’ que, segundo ela, seria para ‘fazer política para meu marido’, o vereador Pedro Aparecido Rosário, o Pedrinho da Marambaia.
Em julho, a então diretora do setor de Licitações pede novamente a doação de brindes e envia imagem de produtos. Em seguida, o empreiteiro faz pagamento de R$ 120 pelos brindes.
Para o Gecoc, ficou claro que Luciane ajudava Genilton nas licitações do município: “Como demonstrado, Genilton da Silva Moreira exerce considerável influência no setor de licitação do Município de Bonito, o que se evidencia, sobretudo, pela estreita relação que mantém com a servidora pública Luciane Cintia Pazette. As evidências demonstraram que a servidora atua visando atender e/ou beneficiar o empresário em processos licitatórios, bem como na execução das obras adjudicadas a ele”.
À reportagem do Jornal Midiamax, o vereador Pedrinho da Marambaia afirmou desconhecer tais brindes solicitados pela esposa e disse confiar na Inocência dela: “Pessoa correta, trabalhadora, levava serviço até para casa”, pontuou.
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