Preso na terça-feira (9) por corrupção, o prefeito de Terenos, Henrique Budke (PSDB), disfarçava recebimento de propina usando termos automobilísticos. O Gaeco indica que ele teria recebido mais de R$ 611 mil em propina em esquema que fraudou licitações e contratos de obras no município a 30 km de Campo Grande.
Conforme o relatório de investigação, ao receber propina de R$ 31 mil do empreiteiro Sandro Bortoloto (Angico), Henrique questionou se ‘o motor do carro era 3.1’. “Nesses termos o Prefeito estaria tentando disfarçar as conversas acerca da propina”, diz trecho do relatório.
Budke é apontado como o chefe da organização criminosa acusada de desviar mais de R$ 15 milhões em obras públicas em Terenos. Além do prefeito, outras 13 pessoas foram presas, e mais dois investigados estão foragidos.
As investigações do Gaeco identificaram diversas oportunidades em que Budke teria recebido dinheiro de empreiteiros para beneficiá-los em licitações.
Cartas marcadas e repasse para prefeito
O Gaeco aponta que o grupo que participava do esquema apelidado de ‘farra das empresas convidadas’ arranjava atores e manipulavam propostas para que as licitações fossem vencidas por quem eles quisessem.
Como prefeito e líder do bando, Budke seria o principal beneficiário das propinas.
Em uma ocasião, na Tomada de Preço 006/2022, Budke teria recebido propina de R$ 255 mil, que corresponde a cerca de 7,5% do valor total da obra licitada.
A partir de conversas em aparelhos celulares, os investigadores identificaram uma reunião, entre o empreiteiro Sandro Bortolotto (preso) com o prefeito.

Então, Bortolotto pede ao enteado uma planilha com valores pagos a Henrique, para ele levar para a reunião.
No documento, constam pagamentos e datas da seguinte forma: 02/02/2023 – R$ 14.000,00; 09/02/2023 – R$ 9.000,00; R$ 24/03/2023 – R$ 35.000,00; 30/05/2023 – R$ 30.000,00; 27/07/2023 – R$ 17.000,00; 16/11/2023 – R$ 80.000,00 e 22/11/2023 – R$ 50.000,00, além de R$ 20.000,00 pagos após e emissão da planilha
Para confirmar os dados, os investigadores cruzaram informações da planilha com dados bancários.
Ainda em 2023, foram identificadas outras três transferências que somam R$ 150 mil da conta da avó do ex-secretário de obras de Henrique, Isaac Cardoso Bisneto.
Outras conversas entre Henrique com Sandro e o empreiteiro Cleberson José Chavoni Silva, em agosto de 2022, demonstraram que o prefeito solicitou propina de R$ 61 mil dos empresários.
Logo após a conversa, Sandro pede ajuda a Cleberson para levantar os valores solicitados pelo prefeito, para poderem manter o suposto esquema na prefeitura.
O relatório cita ainda que Cleberson teria buscado ajuda para quitar valores de propina de Henrique no valor de R$ 75 mil.
Já em setembro, os investigadores identificaram nova solicitação de propina, no valor de R$ 31 mil.
Nessa ocasião, Budke chega a propor enviar um servidor municipal de Terenos para buscar propina em Dourados com Sandro. No fim, o dinheiro teria sido retirado em Campo Grande, pelo servidor.
Nesse dia, o prefeito questionou Sandro se o motor do carro era 3.1, para confirmar o valor da propina que o funcionário público iria pegar.

Corrupção em Terenos
O prefeito foi preso durante a operação Spotless, junto com um policial militar do Choque, o terceiro-sargento Fábio André Hoffmeister Ramires. Além deles, outras 10 pessoas foram presas: Arnaldo Santiago, Sansão Inácio Rezende, Nadia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Genilton da Silva Moreira, Eduardo Schoier, Fernando Seiji Alves Kurose, Henrique Wancura Budke, Hander Luiz Corrêa Chaves, Fábio André Hoffmeister Ramires, Sandro José Bortoloto e Valdecir Batista Alves.
Henrique Budke é apontado como líder da organização criminosa que desviou mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos, segundo a investigação.
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‘PM, maçom e empreiteiro’: policial do Choque está entre presos por corrupção em Terenos
A prisão do 3º Sargento do Choque, Fábio André Hoffmeister Ramires, está entre os presos junto com o prefeito.
Conforme apurado pela reportagem, Hoffmeister também é iniciado na maçonaria, na mesma loja maçônica frequentada pelo prefeito e outros presos e investigados.

A prisão do sargento se deu por mandado de prisão preventiva assinado pelo desembargador Jairo Roberto de Quadros. A acusação é financiar, constituir ou integrar organização criminosa.
Conforme informações públicas oficiais, Fábio entrou nos quadros da PM como aluno-bolsista, em outubro de 2008. Atualmente, tem remuneração de R$ 9.319,13, conforme o Portal Transparência do Governo de MS.
No entanto, mesmo concursado e exercendo suas funções na PM, a reportagem encontrou publicações no Diário Oficial do Estado, de outubro de 2021, em que ele assina ordem de execução de serviços em nome da Tercam.
Na ocasião, o PM Fábio responde pela Tercam para o início das obras de reforma na EE. Indígena de EM Professor Domingos Veríssimo Marcos. A empresa do casal recebeu R$ 248.798,54 pelo serviço. Aliás, o contrato foi assinado pelo então secretário de educação, Édio Antonio Resende de Castro, que chegou a ser preso por corrupção, no contexto da Operação Turn Off.
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