O terceiro-sargento da PM, Fábio André Hoffmeister Ramires, teve pedido de liberdade negado pelo desembargador Jairo Roberto de Quadros. Ele e outras 15 pessoas, incluindo o prefeito (afastado) de Terenos, Henrique Budke (PSDB), estão presos acusados de desvios de R$ 15 milhões em contratos de obras no município, distante 30 km de Campo Grande.
Dentre os presos, apenas a empreiteira Nádia Mendonça Lopes, dona da Lopes Construtora e Empreiteira Ltda., conseguiu prisão domiciliar. A autorização baseou-se no pedido dela para cuidar dos filhos pequenos. Ela ficará sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.
Conforme as investigações, o PM (policial militar) era sócio oculto da Tercam Construções Ltda. (CNPJ 73.307.043/0001-98), registrada no nome da esposa, Jucélia Maria de Oliveira, investigada no caso.
Além disso, ele é da mesma loja maçônica de Terenos à qual integrava como membro o prefeito afastado, Henrique Budke, e outros quatro presos pelo esquema.
Tudo consta no relatório de investigação da Operação Spotless, que detalhou o esquema da ‘farra das empresas convidadas’, em que empreiteiros combinavam propostas para ganhar licitações. O esquema era chefiado pelo prefeito Henrique, que teria recebido mais de R$ 611 mil em propinas em três anos.
Conforme apurado pela reportagem, Fábio André era lotado no Batalhão de Choque, mas foi transferido após a prisão. Ele também é engenheiro civil. Nessa condição, mesmo exercendo suas funções na PM, ele chegou a assinar como responsável técnico da Tercam para início de obras de reforma de uma escola estadual em Aquidauana. Nem a PM (Polícia Militar), nem o governo responderam aos questionamentos da reportagem sobre a atuação do PM no contrato de obra pública.

Atuação oculta: PM comandava empreiteira
Levantamentos feitos pelos investigadores do Gaeco mostram que o PM também atuava no ramo de “construção de pontes”, por meio da Tercam.
Dessa forma, no dia 1º de junho de 2021, a investigação captou conversa entre Fábio e o empreiteiro Genilton da Silva Moreira — também preso —, em que o PM é questionado se a empresa dele possuía cadastro na Prefeitura de Terenos.
Naquela ocasião, Fábio respondeu ao e-mail da empreiteira.
Já em março de 2022, teriam feito ajustes prévios para fraudar uma licitação em Terenos. Os dois chegaram a se encontrar na casa do pai do PM.
Neste certame, ficou combinado que a esposa de Genilton, Nádia Mendonça Lopes — também empreiteira —, enviaria proposta com valor 1,5% menor que a de Fábio.
Por essa licitação, o prefeito Henrique teria recebido dois pagamentos de propina, que totalizaram R$ 11 mil.
Em nota, a PM afirma que acompanhou o cumprimento do mandado de prisão contra o sargento e tratou o caso como “ocorrência isolada”. Além disso, afirmou que o crime apontado ao militar será “rigorosamente apurado”.
Ainda, a PM informou que já adotou as medidas administrativas cabíveis “visando assegurar a devida
responsabilização pelas possíveis condutas ilícitas do policial militar envolvido, bem
como outras providências administrativas necessárias”.
Questionado sobre as assinaturas de Hoffmeister como engenheiro responsável por obras públicas enquanto atuava como policial, a instituição ainda não se manifestou.

Ligação com Terenos
Antes de ingressar nos quadros da PM, Hoffmeister já tinha afinidade com obras. Em 2007, chegou a trabalhar como ‘mestre’ na Belter Construções Ltda. Inclusive, naquela época, também representava a empresa em contratos públicos.
As ligações com Terenos se aprofundam a partir de sua esposa, Jucelia, que afirma, em suas redes sociais, ser natural da cidade do interior.
Datada de 1993, a Tercam já teria tido sede em Terenos, mas foi transferida para Campo Grande depois. Consta nos dados da Receita Federal que a empreiteira recebeu aporte de R$ 300 mil do casal, o chamado capital social.
Mesmo lotado em Campo Grande, Fábio mantém ligações com o município centro do escândalo. Em outubro de 2022, o PM foi iniciado na Grande Loja Maçônica de Mato Grosso do Sul, unidade de Terenos.
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Prefeito chefiava esquema de fraude em licitação

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Henrique Budke é apontado como líder da organização criminosa que desviou mais de R$ 15 milhões dos cofres públicos, segundo a investigação.
A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definida. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.
Os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. Somente no último ano, as fraudes ultrapassaram os R$ 15 milhões.
O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, bem como aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.
A Operação Spotless foi deflagrada a partir das provas da Operação Velatus, que foi realizada em agosto de 2024. O Gaeco e Gecoc obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.
Spotless é uma referência à necessidade de os processos de contratação da administração pública serem realizados sem manchas ou máculas.
O prefeito foi preso durante a operação Spotless, junto de um policial militar do Choque, o terceiro-sargento Fábio André Hoffmeister Ramires. Além deles, outras 10 pessoas foram presas: Arnaldo Santiago, Sansão Inácio Rezende, Nadia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Genilton da Silva Moreira, Eduardo Schoier, Fernando Seiji Alves Kurose, Hander Luiz Corrêa Chaves, Sandro José Bortoloto e Valdecir Batista Alves.
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(Revisão: Dáfini Lisboa)