O Ibec (Instituto Brasileiro de Estudos Científicos) ignorou os questionamentos da Prefeitura de Campo Grande sobre os lucros do Consórcio Guaicurus. Perito do Instituto pago pelas empresas do transporte coletivo ‘blindou’ o laudo questionado pelo Município.
Após ordem judicial para explicar o laudo — que custou R$ 272 mil para os empresários do Consórcio — o Instituto anexou manifestação nesta quinta-feira (4). Assim, assinam o documento o perito grafotécnico, Fernando Vaz Guimarães Abrahão, e a diretora técnica, Érika Cristiane Oelke Rodrigues.
Responsáveis pela resposta aos questionamentos da Prefeitura, os integrantes do Ibec resumem as mais de 100 páginas anexadas pelo Executivo em seis eixos. Logo, entre os pontos defendidos como críticos do laudo pela PGM (Procuradoria Geral do Município) está a falta de dados sobre os lucros das empresas.
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Questionamento sobre lucro
Além de ‘esconder’ os ônibus velhos do Consórcio no documento pericial, o Instituto ‘fechou os olhos’ para os lucros das empresas. O mesmo laudo que aponta desequilíbrio financeiro informa lucro milionário aos empresários.
Porém, o Ibec preocupa-se em enfatizar que o lucro do Consórcio — de mais de R$ 27 milhões — está abaixo do previsto no contrato.
Então, a PGM questionou a metodologia aplicada pelo Instituto. “O laudo pericial obrigatoriamente deveria ter analisado a situação sob a ótica da contabilidade societária, cujo objetivo, é o lucro líquido, ativo e passivo e demonstração do resultado do exercício, juntamente com a contabilidade regulatória”, destacou o município.
Contudo, ao responder o questionamento, o perito não explica a ausência de dados sobre o lucro do Consórcio Guaicurus. Na manifestação anexada, com 15 páginas, a palavra ‘lucro’ não aparece nenhuma vez.

Instituto pago pelo Consórcio ‘esconde’ frota velha
A perícia do Ibec aponta adequação na frota do Consórcio Guaicurus. “Os investimentos foram realizados atenderam as especificações do contrato e da concessão”, diz o laudo quando questionado sobre investimentos com a frota.
Porém, dois dias antes do Ibec anexar laudo dizendo que a frota do Consórcio Guaicurus atende ao exigido no edital, a prefeitura de Campo Grande publicou decisão dando prazo de 30 dias para as empresas de ônibus tirarem de circulação 98 veículos velhos e substituí-los por novos: “Por estarem em desconformidade com os limites de idade útil previstos contratualmente”, conforme decisão publicada em Diário Oficial.
‼️ Filme Premonição? Usuários do Consórcio relatam ‘terror’ com ônibus
Os ônibus sucateados que atendem os usuários de Campo Grande são mais velhos que a média de frotas no país. Enquanto a média é de 6,5 anos no Brasil, o Consórcio Guaicurus mantém quase 100 ônibus com mais de 10 anos circulando na Capital de Mato Grosso do Sul. O dado nacional é de estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos.
A idade ultrapassada dos veículos é facilmente percebida pelos usuários, que enfrentam superlotação, veículos quebrados e até roda pegando fogo. Então, a realidade é confirmada em oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o transporte público em Campo Grande. Inclusive pela própria empresa.
Um dos diretores das empresas que comandam o transporte público na cidade confirmou a idade dos ônibus sucateados. “Temos acima dos 10 anos 97 carros”, disse o diretor de operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira.
1ª perícia apontou falhas no transporte coletivo

Além disso, vale lembrar que uma primeira perícia foi realizada, por ordem judicial, pela empresa VCP (Vinicius Coutinho Consultoria e Perícia), no valor de R$ 180 mil, também bancado pelos empresários do ônibus.
Porém, o resultado não agradou ao Consórcio Guaicurus, uma vez que revelou lucro de R$ 68 milhões de 2012 a 2019, além de aumento de 21,75% do patrimônio.
Ademais, a primeira perícia apontou uma série de irregularidades cometidas pelo Consórcio no contrato, como o desrespeito à idade média da frota desde 2015, mantendo ônibus velhos nas ruas.

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(Revisão: Bianca Iglesias)