Os ônibus sucateados que atendem os usuários de Campo Grande são mais velhos que a média de frotas no país. Enquanto a média é de 6,5 anos no Brasil, o Consórcio Guaicurus mantém quase 100 ônibus com mais de 10 anos circulando na Capital de Mato Grosso do Sul. O dado nacional é de estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos.
A idade ultrapassada dos veículos é facilmente percebida pelos usuários, que enfrentam superlotação, veículos quebrados e até roda pegando fogo. A realidade é confirmada em oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o transporte público em Campo Grande. Inclusive pela própria empresa.
Um dos diretores das empresas que comandam o transporte público na cidade confirmou a idade dos ônibus sucateados. “Temos acima dos 10 anos 97 carros”, disse o diretor de operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira.
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Cidades maiores que CG
Anuário de transportes urbanos aponta média de frotas de 6,5 anos no Brasil. Assim, a edição de 2024-2025 do anuário da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) analisou mais de 30 mil ônibus que consistem na frota total das nove cidades examinadas.
As frotas examinadas são de: São Paulo (municipal), Rio de Janeiro (municipal), Fortaleza (municipal), Salvador (municipal), Belo Horizonte (municipal), Curitiba (municipal), Recife (municipal e intermunicipal metropolitano), Goiânia (municipal e intermunicipal metropolitano) e Porto Alegre (municipal).
Todas as capitais possuem maior população que Campo Grande, que está em 15ª posição no ranking de capital mais populosa do país.
Considerando as nove cidades analisadas, a idade média é de 6 anos e 5 meses. Logo, a Associação aponta que se trata da maior idade média registrada em 30 anos.

Média de oito anos
Em Campo Grande, os ônibus possuem média geral de oito anos. É o que apontou o diretor de operações em oitiva da CPI em 9 de junho.
Ou seja, ferem a idade média limite da concessão, de cinco anos, conforme o próprio diretor do Consórcio. “Idade média de cinco anos, idade máxima de 10 anos para convencional e 15 anos para articulados”, detalhou.
“Os prejuízos decorrentes da pandemia resultaram no desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos, o que afetou o calendário de renovação da frota estabelecido a partir dos parâmetros de idade média e de vida útil definidos pelos editais de licitação”, explicou no documento.
Além dos apontamentos da Associação, o Consórcio defende que a chegada de aplicativos de transporte também acarretou prejuízo às empresas.
Contudo, oitivas da CPI do Consórcio Guaicurus caminharam para a mesma conclusão: a frota velha mantida pelas empresa nas ruas ajuda no aumento da tarifa e defasagem dos usuários. Diretores econômicos da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços) prestaram depoimento e esclareceram a questão.
Questionado se a qualidade da frota impacta no preço da passagem, o diretor de Estudos Econômico-Financeiros da Agereg, Luciano Assis Silva, admitiu: “indiretamente sim”.
Consórcio Guaicurus briga na Justiça por mais dinheiro público

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Os empresários de ônibus de Campo Grande são o verdadeiro exemplo do ‘mau negócio’ que rende milhões. Na verdade, bilhões.
Isso porque a equipe técnica da Prefeitura da Capital certificou auditoria contábil nas planilhas do Consórcio Guaicurus e atestou que a concessionária teve receita de R$ 1.277.051.828,21 (um bilhão, duzentos e setenta e sete milhões, cinquenta e um mil, oitocentos e vinte e oito reais e vinte e um centavos), de 2012 a 2019.
Ou seja, o valor é somente dos oito primeiros anos do contrato. Os técnicos chegaram aos valores a partir de balanços enviados pelas próprias empresas de transporte.
Assim, o Consórcio Guaicurus será beneficiado com cerca de R$ 64 milhões somente este ano, entre subsídios e isenção fiscal do ISS (Imposto sobre Serviço).
Apesar de ter o apoio do presidente da Câmara, Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), para conseguir mais dinheiro público por meio de subsídios, o Consórcio move série de processos para obter valores estratosféricos.
Enquanto banca time de advogados para tentar se livrar de indenizações a passageiros que se machucam em ônibus e obter ‘no tapetão’ mais recursos públicos, o Consórcio Guaicurus mantém frota sucateada nas ruas.
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(Revisão: Bianca Iglesias)