Ação que implica grupo que seria liderado pelo ex-gerente do Detran-MS (Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul) de Rio Negro, Joaci Nonato Rezende, terá audiência na Justiça nesta terça-feira (23) em ação sobre corrupção no órgão.
Primo do deputado federal Beto Pereira (PSDB), Joaci já foi prefeito de Rio Negro entre 2005 e 2012, e depois do mandato foi nomeado como gerente da agência do Detran-MS na cidade, a 150 quilômetros de Campo Grande.
Assim, nesta terça-feira o juiz Rafael Gustavo Mateucci Cassia irá ouvir as testemunhas de acusação, ou seja, indicadas pelo Ministério Público.
Conforme as investigações, como gerente da agência do Detran de Rio Negro, Joaci agiu junto com outros servidores do órgão: Abner Aguirre Fabre (concursado que ainda atua no Detran) de Miranda, e Renato de Oliveira Saad, de Ponta Porã.
A polícia concluiu que o grupo alterava registros de veículos no sistema do Detran mediante pagamento de propina. Também costa como réu no processo o despachante David Cloky Hoffaman Chita, o mesmo que tenta delatar Beto Pereira por chefiar o esquema de corrupção no Detran.
No ano passado, o Jornal Midiamax já havia revelado a implicação de Joaci em esquemas de fraudes no Detran. Nossa reportagem foi até Rio Negro e conversou com o primo de Beto Pereira.
Na época, Joaci confirmou o parentesco com Beto Pereira e lembrou que foi prefeito de Rio Negro na mesma época em que o primo administrou Terenos. O primo ainda lembra que manteve contato político mais intenso com Beto quando ele foi presidente da Assomasul, mas desconversou sobre contatos recentes.
“Fomos prefeito na mesma época, mas o contato político foi mais na época em que eu era prefeito, ele foi presidente da Assomasul. Quando entrei no Detran, em 2017, ele tocou a vida dele”, disse.
Blindagem

O relatório de investigação da Polícia Civil o qual o Jornal Midiamax teve acesso demonstra esquema de blindagem que existia dentro do órgão.
Em trecho do documento, a investigação revela que os procedimentos internos do Detran-MS, incluindo a Dirve (Diretoria de Veículos), investigavam apenas os chamados ‘digitadores’, dificultando até mesmo as investigações policiais.
Conforme a Polícia Civil, os investigados se valiam dessa brecha para se eximir da responsabilidade, dizendo que o que acontecia antes ou depois que eles inseriam informações no sistema eles não tinham como saber.
Assim, a polícia diz que se tratou de ‘verdadeiro modus operandi, utilizado durante longo período no Departamento de Trânsito do Estado de Mato Grosso do Sul, considerando as dificuldades práticas encontradas pela investigação”, diz trecho do inquérito policial.
Ainda, a polícia aponta possível acobertamento do próprio Detran-MS: “As supostas irregularidades eram entendidas como meras transgressões disciplinares, a exemplo de extraviar documentos ou lançamento de informações imprecisas”.
Em entrevista ao Jornal Midiamax, no ano passado, reconhecida pela Justiça como material jornalistico sério, David Chita ao apontar Beto Pereira como o chefe da corrupção do Detran-MS, diz que as investigações são feitas para livrar políticos.
Despachante diz que investigações livravam políticos
Conforme o despachante, o próprio primo de Beto, Joaci seria um dos escolhidos para seria um dos operadores escolhidos para ‘pagar o pato’ nas investigações que sequer passariam perto dos políticos e agentes públicos implicados.
O cargo de gerente de agência do Detran-MS é estratégico para o esquema de corrupção. Conforme denúncia feita pelo MPMS, Joaci comandou esquema de recebimento de propina para alterações em registros do Detran a partir de Rio Negro no período entre agosto de 2021 e fevereiro de 2023.
E foi justamente no começo de 2023, dias após uma reunião no escritório de Beto Pereira no bairro Tiradentes, em Campo Grande, que David Cloky Hoffaman Chita, já implicado na investigação de Rio Negro com Joaci, teria sido, segundo ele, ‘recrutado’ pelo primo do ex-comparsa, Beto Pereira, para turbinar o esquema.
Assim, além do modus operandi, e do parentesco, o próprio despachante é outro elo entre os casos das fraudes comandadas por Joaci e do esquema que seria chefiado por Beto Pereira.
A reportagem acionou o Detran-MS para esclarecer os apontamentos feitos pela investigação policial, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para manifestação.
Beto Pereira: elo entre operadores do esquema

Então, a rede que operava esquemas de fraudes no Detran formam um emaranhado de teias que chegam a Beto Pereira. Além do primo réu que gerenciou a unidade do órgão em Rio Negro, o tucano emplacou a prima, Priscila Rezende de Rezende na direção de setor fundamental para operar fraudes, a Dirve.
Ainda, teria utilizado sua influência para colocar o colega de partido – e de Assomasul -, Juvenal Neto, como diretor-adjunto do órgão.
O foco da quadrilha comandada por Joaci era a necessidade de proprietários de caminhões regularizarem o 4º eixo. Então, despachantes abordavam os empresários e solicitavam determinada quantia para liberarem as restrições. Os valores eram usados para pagamento de propinas a servidores e divisão entre os integrantes do grupo.
No entanto, operações policiais esbarravam em empecilhos ao tentar chegar aos ‘padrinhos’ do esquema. No histórico das investigações, há até implicados no esquema que nunca chegaram a ter o mandado de prisão cumprido e, mesmo assim, conseguiram a revogação da ordem.
Além de Joaci, primo de Beto, e do despachante David, que tenta delatar Beto, estão implicados na ação criminal pelo esquema em Rio Negro Gênis Garcia Barbosa, Eufrásio Ojeda e Abner Aguiar Fabre.
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