Foragido há mais de um ano, o despachante David Cloky Hoffaman Chita teve pedido de revogação de prisão negado pela juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, em ação por fraudes no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).
Conforme a decisão, publicada no Diário da Justiça desta sexta-feira (1º), a magistrada justifica que “se mantém presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva”.
O despachante está foragido desde que não foi localizado pela polícia em sua residência, em 12 de junho do ano passado. Na ocasião, foram informados de que David teria partido para outro estado dois meses antes, assim que ficou sabendo que teria prisão decretada.
Além de David, é ré no processo a servidora apadrinhada política do Detran-MS, Yasmin Osório Cabral, que chegou a ficar presa, mas foi liberada mediante uso de tornozeleira por estar grávida. Inclusive, continua com cargo de direção e assessoramento CCA-12 no órgão, com salário de R$ 7.590,55. No entanto, está de licença-maternidade.
Ainda, respondem pelo crime de inserção de dados falsos em sistema de informações outros dois despachantes, que continuam proibidos de exercerem tais funções por mais 180 dias, conforme a juíza Eucélia determinou nesta sexta-feira.
David tentou delação para acusar Beto Pereira de chefiar esquema
Em entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax no ano passado, David Chita apontou o deputado federal Beto Pereira (PSDB) como chefe do esquema de corrupção no Detran-MS.
O despachante afirmou que tinha como provar todas as acusações e que a possível delação poderia derrubar suposta quadrilha com servidores do órgão, empresários, delegados de polícia, assessores e políticos.

Conforme documentos obtidos com exclusividade pela reportagem, David detalha verdadeira trama orquestrada em reunião no escritório de Beto Pereira, no bairro Tiradentes, em Campo Grande, em dezembro de 2022.
O despachante é velho conhecido do grupo político do qual Beto Pereira participa e é citado em diversas investigações por fraudes no Detran-MS.
Além disso, o esquema de propinas e fraude no sistema de cadastro do Detran-MS não é novo e foi denunciado antecipadamente em reportagem do Núcleo de Jornalismo Investigativo do Jornal Midiamax em 2020. Na época, a Operação Gravame confirmou as denúncias e até chegou a alguns servidores, mas a suposta blindagem de políticos na atuação do MPMS e de delegados de polícia manteve o grupo a salvo.
Na época, apresentou prints com detalhes do que relatou como pagamentos de R$ 30 mil a Pereira todo dia 10. Já o ex-diretor do Detran e ex-prefeito de Nova Alvorada do Sul, Juvenal Neto (PSDB) receberia R$ 20 mil todo dia 20.
“E tem muito mais. O que estou contando para vocês não é nem 30% de tudo que eu sei. Tem muito mais coisas que podem aparecer se quiserem investigar e se não me matarem antes”, alerta Hoffaman, justificando estar foragido por temer pela própria vida.
Segundo ele, mais de R$ 1,2 milhão foram repassados ao grupo chefiado pelo deputado federal no período em que o esquema criminoso operou.
Na época, Beto Pereira não respondeu aos questionamentos do Jornal Midiamax, mas publicou vídeo nas redes sociais negando tudo.
Já Juvenal disse à reportagem apenas que ‘desconhecia o assunto’.
PGR arquivou pedido
A delação foi oficialmente apresentada ao MPMS (Ministério Público de MS), inclusive o Jornal Midiamax colaborou com as investigações, entregando pen drive com a entrevista completa de David.
No entanto, por envolver deputado federal, o caso foi remetido à PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, que arquivou. A justificativa foi por “ausência de elementos”.
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