O desembargador Jairo Roberto de Quadros negou recurso e manteve prisão do servidor concursado da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Valdecir Batista Alves, que está atrás das grades desde o dia 9 de setembro, quando o Gaeco deflagrou a operação Spotless.
Ele e outras 15 pessoas, incluindo o prefeito (agora afastado) de Terenos, Henrique Budke (PSDB), foram presas acusadas de integrarem organização criminosa que desviou R$ 15 milhões do município do interior. O grupo fraudava licitações e também contratos de obras na cidade entre 2021 e 2023.
Conforme as investigações, Valdecir atuou como Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agrário,
Turismo e Meio Ambiente de Terenos.
O Gaeco apurou que ele tinha relação ima com o empreiteiro Bortoloto, da Angico, e foi quem o aproximou então prefeito recém-eleito – em 2021 – Henrique.
Conversas interceptadas pelo Gaeco revelaram que, após uma reunião com o prefeito, Valdecir diz que o empreiteiro deveria arcar com o conserto de um veículo, que ficou em R$ 1.450.
Depois, o então secretário pede para Sandro apagar as mensagens.
As investigações revelaram que Valdecir agia como um intermediador do prefeito Henrique. Em uma situação, por exemplo, o prefeito diz ao empreiteiro que Valdecir lhe passaria um serviço de dedetização de 10 escolas, antes mesmo do processo licitatório.
O relatório de investigação do Gaeco aponta que, mesmo após deixar o cargo na prefeitura, em 2023, Valdecir atuou na coordenadoria regional da Agraer de Campo Grande, mas que continuava mantendo contato com os investigados.
Então, trecho do relatório destaca: “Então, conforme ponderado na investigação, os tentáculos do grupo, de dentro da Administração Municipal de Terenos/MS, e o tráfico de influência resultante, alcançariam empresários que estivessem à mercê do pagamento de propinas, com a garantia de que obras públicas seriam direcionadas às suas pessoas jurídicas, em detrimento da competitividade licitatória”.
Prefeito comprou imóveis e empresas com dinheiro de propina

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Conforme o relatório de investigação ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, Budke viu seu patrimônio declarado aumentar 691% entre as eleições de 2020 — a primeira que disputou — e de 2024 — na que se reelegeu.
Os investigadores cruzaram dados e levantaram que Henrique teria recebido cerca de R$ 611 mil em propinas.
Para o Gaeco, ao menos três bens do prefeito foram declarados com valores muito inferiores ao que realmente valem.
Exemplo citado na investigação é a Fazenda Ipê Amarelo, de 161 hectares, em Aquidauana, que ele declarou valer R$ 1,5 milhão — pagos à vista. No entanto, o valor de mercado da propriedade seria de R$ 4.356,017,67.
Para os investigadores, o enriquecimento vivenciado pelo prefeito era incompatível com suas funções. Assim, o Gaeco conclui que os valores recebidos como propina foram usados para aumentar o patrimônio de Henrique.
Além disso, ele também investiu em empresas, como a Resilix Ltda., da qual ele declarou ter apenas R$ 1 mil pela participação societária de 33%. “Parece ter recebido valores ilícitos, pois sofreu uma alteração exponencial em seu capital social“, diz o documento.
Logo, os investigadores descobriram que o capital social da empresa atingiu R$ 2.237,700,00. Ou seja, Budke seria dono de R$ 745,9 mil da empresa — e não de apenas R$ 1 mil como informado anteriormente.
“Somado o valor real de mercado, o montante dos bens alcançaria em 2024 o montante real de R$ 6.141.948,18, o que indicaria crescimento de 691% em relação ao que foi declarado na eleição de 2020“, destaca outro trecho da investigação.
O prefeito foi preso durante a operação Spotless, junto de um policial militar do Choque, o terceiro-sargento Fábio André Hoffmeister Ramires. Além deles, outras 10 pessoas foram presas: Arnaldo Santiago, Sansão Inácio Rezende, Nadia Mendonça Lopes, Orlei Figueiredo Lopes, Genilton da Silva Moreira, Eduardo Schoier, Fernando Seiji Alves Kurose, Hander Luiz Corrêa Chaves, Sandro José Bortoloto e Valdecir Batista Alves.
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