A delação premiada feita pelo ex-chefe de compras da prefeitura de Sidrolândia, Thiago Basso da Silva, ficará ‘congelada’ pelos próximos 3 meses. Com a decisão do juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, surgem especulações sobre os rumos das investigações do esquema de corrupção no município, supostamente chefiado pelo ex-vereador em Campo Grande Claudinho Serra (PSDB).
O caso faz parte da Operação Tromper, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado). Investigados teriam comemorado e, segundo as defesas de alguns dos implicados, a situação pode abrir brecha para ‘Assim, o ‘segurar’ o processo.
No entanto, novas prisões no início deste mês puseram de volta na cadeia Claudinho Serra (PSDB), apontado como chefe do esquema, seu assessor, Carmo Name Júnior, e o empreiteiro de Campo Grande Cleiton Nonato Correia, da GC Obras.
De acordo com o juiz Bruce Silva, o delator não teria cumprido a parte dele no acordo do colaboração.
Arquivamento será reavaliado em 90 dias
Ao fechar a delação, o delator se compromete a cumprir algumas medidas. No caso de Thiago, umas delas foi a devolução de R$ 80 mil, que seria a parte dele da propina. No entanto, outras obrigações ficaram descumpridas.
Apesar de arquivar o pedido de homologação da delação por três meses, o juíz determinou que depois disso haverá nova avaliação do caso.
“Considerando, contudo, a pendência de cumprimento das demais cláusulas pactuadas, determino o encaminhamento dos autos ao arquivo provisório pelo prazo de 90 (noventa) dias, com posterior reavaliação quanto ao adimplemento integral das obrigações assumidas no instrumento de colaboração“, diz o despacho do magistrado Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva.
MPMS não respondeu sobre delação ‘congelada’
Em fevereiro, ele havia solicitado informações sobre o cumprimento das demais obrigações do delator. No entanto, sem retorno, decidiu arquivar o pedido de homologação da delação.
Acionado pela reportagem para se manifestar sobre o despacho do juiz e providências para garantir a delação, o MPMS (Ministério Publico de Mato Grosso do Sul) ainda não respondeu.
O espaço segue aberto para manifestação.
Sem homologação judicial, uma delação não tem validade jurídica. Ou seja, o processo não tem como usar as informações. A Tromper ainda tem uma segunda delação em andamento, do empresário Milton Matheus Paiva.
Delação revelou detalhes da corrupção em Sidrolândia

Basso revelou ao Gaeco detalhes de como funcionava o esquema. Em resumo, uma das informações do delator era de que Claudinho Serra recebia espécie de mesada das empresas que fechavam contrato com a prefeitura de Sidrolândia.
O valor variava de 10% a 20% do valor do contrato.
Assim, Basso detalhou que tinha como função fazer cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia, a mando de Claudinho.
Além disso, nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos, na maioria dos casos, ocorriam em dinheiro em espécie.
“O Cláudio Serra cobrava, na época secretário de fazenda, uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município, uma porcentagem de 10% de tudo aquilo pago pelo Município. Então ele me fazia levantamentos, igual Ricardo Rocamora, outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui”, afirmou Silva durante a delação.
Ainda de acordo com a delação, Tiago detalha que, mensalmente, emitia cerca de R$ 100 mil em notas frias, ou seja, que não correspondiam ao serviço prestado.
Claudinho Serra tinha ‘tabelinha da propina’
“Tinha uma tabelinha lá que o Claudio me passou uma vez que ele falou ‘Oh, do que eu devo, do que a secretaria de fazenda deve, você vai empenhar 60% para Rocamora, 30% para a Marcondes e 10% para a 3M [empresa do Milton Matheus]’. É para trabalhar com essas três empresas […] o interesse deles era fazer valor, não importava se o papel higiênico seria entregue por R$ 3 porque eles não iam entregar papel higiênico”, pontuou.
Thiago Basso da Silva descreveu como Claudinho Serra – na época secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica – fazia cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia.
Desta forma, o ex-chefe do setor de licitações explicou que era responsável por ir pessoalmente falar com os diretores das empresas, enquanto as que tinham contratos de maior valor – como para obras de pavimentação – tratavam do assunto no gabinete de Claudinho Serra.
Vereador do PSDB comandou esquema de corrupção

Por fim, a Tromper chega na sua fase mais importante. Em 3 de abril de 2024, o Gaeco vai novamente às ruas e prende o então vereador de Campo Grande, Claudinho Serra, por chefiar todo o esquema.
O político só conseguiu assumir uma cadeira na Câmara após manobra do PSDB, já que ficou somente como suplente no pleito municipal.
Ainda assim, Serra ganhou confiança da cúpula do PSDB e era um dos ‘pupilos’ do partido.
Conforme revelaram as investigações, Claudinho cobrava uma espécie de ‘dízimo’ que variava de 10% a 30% sobre o valor dos contratos dos empresários. Quem não se ‘acertava’ com o chefe, era barrado de licitações no município.
As informações foram reveladas na delação premiada de Basso.
Quem foi implicado na Operação em Sidrolândia?
Nessa fase, 22 se tornaram réus:
- Claudio Jordão de Almeida Serra Filho – vereador apontado como líder da organização criminosa
- Carmo Name Junior – ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
- Ueverton da Silva Macedo – empresário de Sidrolândia
- Ricardo José Rocamora Alves – empresário de Sidrolândia
- Thiago Rodrigues Alves – ex-servidor do Governo do Estado ligado à Agesul e empreiteiras
- Milton Matheus Paiva Matos – advogado de Sidrolândia
- Ana Cláudia Alves Flores – ex-pregoeira da Prefeitura de Sidrolândia
- Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa – ex-chefe de licitações da Prefeitura de Sidrolândia
- Luiz Gustavo Justiniano Marcondes – empresário de Sidrolândia
- Jacqueline Mendonça Leiria – empresária de Sidrolândia
- Heberton Mendonça da Silva – empresário e ex-assessor parlamentar de Claudinho Serra
- Roger William Thompson Teixeira de Andrade – empresário de Sidrolândia
- Valdemir Santos Monção – assessor parlamentar na Alems
- Cleiton Nonato Correia – empresário dono da GC Obras de Pavimentação
- Edmilson Rosa – empresário dono da AR Pavimentação
- Fernanda Regina Saltareli – empresária sócia da CGS Pavimentações e Terraplanagem
- Maxilaine Dias de Oliveira – empresária da Master Blocos
- Roberta de Souza – ex-servidora de Sidrolândia
- Yuri Morais Caetano – ex-estagiário do MPMS em Sidrolândia
- Rafael Soares Rodrigues – ex-secretário de Educação Sidrolândia
- Paulo Vitor Famea – ex-secretário-adjunto da Assistência Social de Sidrolândia
- Saulo Ferreira Jimenes – empresário de Sidrolândia
Deles, seis seguem com tornozeleira eletrônica: Claudinho Serra, Thiago Rodrigues Alves, Carmo Name Júnior, Ricardo José Rocamora Alves, Ana Cláudia Alves Flores e Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa.
Ademais, Ueverton Macedo é o único que está preso. Foi a partir do celular dele que as investigações chegaram a todo organograma de como funcionava o esquema.
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