Depoimento prestado durante investigações sobre fraude na transferência de uma caminhonete Dodge Ram 2500 Laramie 2018 cita participação do garagista David Augusto da Silva Martim dos Santos no esquema. A esposa dele, Natália Gouveia Trevizan, foi nomeada na semana passada para o cargo de gerente da agência do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de MS) em Ivinhema, cidade onde a ‘trama’ foi feita, conforme investigações policiais.
Conforme consta nos autos, o veículo estava no nome de Antônio José Rios, que morreu em 2020, na cidade de Goiânia. No entanto, foi parar ‘nas mãos’ do prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), que era visto circulando pela cidade com a caminhonete. Inclusive, postou várias fotos em suas redes sociais ao lado do veículo. Os registros fazem parte de farto material que está anexado ao processo criminal em que Ferro e outras quatro pessoas são investigadas por crimes de falsificação de documento público, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistemas de informação, corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro.
Então, inicia-se uma saga para o grupo ‘esquentar’ o veículo para regularizar a documentação.
Tudo foi investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e contou com participação até de PM que faz a ‘segurança particular’ do prefeito, segundo o relatório.

Justamente esse PM, que recebe salário líquido de R$ 6.568,58, decidiu comprar a caminhonete por R$ 300 mil. O problema era que o proprietário estava morto havia três anos.
Grupo falsificou assinatura no Rio Grande do Sul e cooptou servidora do Detran-MS, diz Gaeco
Então, o Gaeco aponta que Juliano Ferro articulou esquema que envolveu até mesmo falsificação de selo de reconhecimento de firma e cooptação de servidora do Detran-MS de Maracaju para conseguir regularizar o veículo que não era seu.
Durante as investigações, todos foram intimados a prestar depoimento. Um dos depoimentos cita que David foi quem levou a caminhonete para fazer a vistoria e teria, inclusive, utilizando a CNH do PM. Tudo estaria esquematizado e a vistoria foi feita sem problemas.

No entanto, David não consta entre os investigados pelo esquema e a participação dele deve ser apurada no decorrer das investigações.
A reportagem entrou em contato com David, que não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
O prefeito Juliano Ferro disse o seguinte: “O que tem a mulher com o cara? A esposa dele é uma profissional. Se o cara está citado ou não eu não tenho conhecimento, nem depus ainda”.
No entanto, documentos anexados ao processo e obtidos pelo Jornal Midiamax mostram que o interrogatório de Juliano Ferro estava marcado para o dia 30 de outubro de 2024 e foi cancelado a pedido do próprio prefeito. Petição do advogado do prefeito afirma que Ferro usaria a prerrogativa de ficar em silêncio e pedia o cancelamento da audiência.

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Quanto aos questionamentos se teria pedido para David levar a caminhonete para fazer a transferência ou sobre a fraude, Ferro não respondeu. O espaço segue aberto para posicionamento.
Sem responder aos questionamentos sobre as investigações, Ferro foi ao seu perfil nas redes sociais dizendo que matérias publicadas em jornais seriam ‘fogo amigo’ e teriam sido encomendadas por aliados políticos do PSDB. Aos seguidores, afirmou que pode deixar o partido.
O Jornal Midiamax é conhecido pela sociedade sul-mato-grossense por, historicamente, monitorar todos os atos oficiais públicos que estão em documentos oficiais do governo como a nomeação de Natália, bem como em relatórios de investigações criminais como a do Gaeco, utilizadas como fonte desta notícia.
A reportagem adota a prática do bom jornalismo e, sempre, busca ouvir todos os lados em tentativas devidamente documentadas.
Caso haja quaisquer esclarecimentos que qualquer um dos citados encaminhe para a reportagem, a matéria será atualizada.
Justiça autoriza leiloar caminhonete

Apreendida em outubro do ano passado, a Dodge Ram está recolhida no pátio da Delegacia da Polícia Federal em Dourados foi autorizada pelo juiz Rodrigo Barbosa Sanches a ser leiloada.
O Gaeco pediu autorização para levar o veículo a leilão, já que o bem está se deteriorando no pátio onde está apreendido.
Conforme a investigação do Gaeco, o veículo tinha Antonio José Rios como proprietário e estava sob posse do prefeito. Situação que nem os investigadores sabem dizer: “não se sabendo como o veículo teria ido parar na posse e disponibilidade do investigado Juliano Barros Donato”.

Esposa de citado em investigações de fraude é nomeada no Detran
Em meio a investigações que apuram a falsificação da transferência irregular de veículo, que é crime, a esposa de David, Natalia Gouveia Trevizan, é nomeada para gerenciar a unidade, mesmo sem nunca ter trabalhado no órgão de trânsito.
Conforme apurado pela reportagem, o pedido ocorreu por influência de Juliano Ferro junto à cúpula do PSDB. Vale ressaltar que ele possui estreitos laços com o casal e foi, inclusive, padrinho de casamento de Natália e David.
O Detran-MS não respondeu aos e-mails enviados pela reportagem sobre a nomeação de Natália. A Assessoria informou que a demanda estava sob análise da comunicação do Governo. No entanto, não houve resposta até esta publicação. O espaço segue aberto para posicionamento.
Garagista foi condenado por atirar em casa de rival político de Ferro

Casado com atual gerente de agência do Detran-MS, o garagista David Augusto já foi condenado a 2 anos de prisão no regime aberto por disparo de arma de fogo.
Conforme o inquérito, Juliano Ferro, então vereador na época, emprestou um veículo Pálio para que David fosse ‘dar um susto’ no coordenador de campanha de um rival político na cidade.
Assim, imagens de segurança mostram David dirigindo o veículo, perseguindo o alvo, e, ao chegar na frente da residência da vítima, efetuou disparos no portão da casa, no intuito de intimidá-lo, conforme conclusão da polícia.
Então, foi condenado a dois anos de regime aberto, convertido em pagamento de multa e prestação de serviço comunitário.
À época, Juliano confirmou que emprestou o carro para David, declarando-o como amigo próximo. No entanto, negou que sabia o que o amigo faria com o carro.
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Operação investiga ligação de prefeito com traficante
Operação Lepidosiren, deflagrada no ano passado pela PF, investiga suposta ligação de Juliano Ferro com o tráfico de drogas. No desdobramento da ação, as equipes apreenderam uma caminhonete Silverado, avaliada em R$ 515 mil, que havia sido comprado pelo prefeito de um traficante internacional.
A venda da Silveirado ao prefeito do PSDB foi citada em depoimento de investigado na operação da PF. Conforme o depoimento, Ferro teria dado cheque de R$ 380 mil pelo veículo.
Contudo, na época, Ferro informou ao Jornal Midiamax que já havia vendido o veículo. Depois, relembrou a venda da Silveirado e disse que já não estava em posse do carro. “Já vendi o veículo e foram buscar, mas não estava comigo. Foram apreendidos bens do senhor que está preso”, informou.
Após o depoimento que citou a compra feita por Juliano Ferro, o prefeito é investigado por ocultação de bens. Portaria assinada pelo delegado Marcelo Guimarães Mascarenhas abriu investigação para apurar supostas omissões de bens do prefeito que estava concorrendo à reeleição na época.
Assim, o inquérito aponta que o tucano teria posse de dois carros avaliados em R$ 800 mil e não declarados à Justiça Eleitoral no registro de candidatura para o pleito de 2024.
O delegado afirma que existem elementos plausíveis de “posse, propriedade e disponibilidade” dos veículos Silveirado e Dodge Ram “tudo em ao menos no corrente ano até a data de 19/08/2024, portanto em data anterior e também posterior a sua declaração eleitoral de bens”.
Contudo, na declaração de bens à Justiça Eleitoral, o candidato à reeleição listou apenas três veículos. Sendo um Gol de R$ 26 mil, um Uno Mile de R$ 20 mil e uma caminhonete F1000 de R$ 50 mil.
Ao Jornal Midiamax, o prefeito afirmou, na época, estar ciente da investigação e pontuou que já prestou declarações à Polícia Federal. “Eu não coloquei a Dodge Ram na minha declaração de bens, porque eu já tinha vendido, eu mexo com a compra e venda de carro há 20 anos. E não coloquei a Silveirado que foi comprado da pessoa investigada, porque ela não tem documento liberado, ele falou que ia liberar o documento em dezembro e eu ia pagar ela em janeiro, entendeu? Já dei minha declaração, meu depoimento para Polícia Federal”, disse.
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