Ex-chefe de licitações durante o governo de Reinaldo Azambuja (PSDB), Marcus Vinícius Rossettini de Andrade Costa está implicado em diversos esquemas de corrupção. Um deles ‘caminha’ para sentença.
A ação foi impetrada em 2019, após denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que acusa Rossettini de agir em conluio com o ex-coordenador de licitações, José Roberto Scarpin Ramos, e os empresários Luiz Antônio Moreira de Souza e Michaela Ximenes Castellon, da Neo Line Produtos e Serviços Hospitalares (atual Novos Ciclos Produtos e equipamentos para Saúde Ltda), além de Carlos Almeida Araújo e Mauro Raup Estrela, da Lab Pack Produtos Hospitalares.
Assim, o MP aponta que R$ 6,3 milhões teriam sido desviados de dois contratos firmados a partir de uma licitação com suspeita de fraude, em 2016.
Em maio, a Justiça realizou audiência para ouvir os réus. Após a sessão, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa abriu prazo para as alegações finais, que são a última chance que as partes têm para apresentar suas defesas diante de tudo o que foi juntado no decorrer do processo.
Após essa fase, o juiz irá analisar tudo para proferir uma sentença.
A primeira parte a apresentar alegações finais foi o MP, autor da ação.
Desviaram valores astronômicos, diz promotor

Então, conforme manifestação assinada pelo promotor de Justiça Adriano Lobo Viana de Resende, o grupo desviou “valores astronômicos, que deveriam ter sido investidos nesta área que tanto carece de melhoria. Tal grave ilícito não pode passar desapercebido pelos olhos do poder judiciário”.
Dessa forma, o representante do MP aponta que o processo possui farta documentação comprovando as fraudes. “A ilicitude é manifesta, inclusive contando com fartas provas documentais da fraude. A atuação dos requeridos demonstra verdadeiro descaso aos cidadãos”.
Portanto, o MPMS pede a perda dos bens dos implicados em R$ 6,3 milhões pelas supostas fraudes, assim como o ressarcimento integral do dano. Além disso, se condenados, podem ter direitos políticos suspensos de oito a dez anos. Também foi solicitado o pagamento de multa civil de três vezes o valor do acréscimo patrimonial e dano.
Por fim, as empresas podem perder o direito de contrato com o Poder Público ou receber benefícios, ou incentivos fiscais por dez anos.
Como funcionava o esquema

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Segundo o Ministério Público, o Estado adquiriu um equipamento analisador de bioquímica, modelo Dimension, da marca Dade Behring. A marca é incorporada à Siemens Healthineers, que já operava na realização de exames no HRMS.
Este equipamento funciona com sistema de exclusividade, ou seja, “somente permite a utilização de reagentes da mesma marca”, da Siemens Healthineers. Assim, por vários anos seguidos, a empresa Neoline Produtos e Serviços Hospitalares Ltda manteve sucessivos contratos com o Estado para fornecer os reagentes específicos para a máquina.
Segundo as investigações, eles se beneficiaram pelo fato de ser a única fornecedora da marca Siemens Healthineers em MS. O equipamento pertencia à própria empresa que fornecia os reagentes, a Neo Line Produtos e Serviços Hospitalares. “Mantendo-se, desta forma, mediante fraude, a justificativa para a exclusividade da marca de reagente”, defende o MPMS.
Nos autos, o Ministério também explica a dinâmica das supostas fraudes nas licitações. A Neoline e a Lab Pack do Brasil Produtos Hospitalares participavam dos processos licitatórios separadamente.
Contudo, vale lembrar que uma é interligada com a outra. Assim, colocavam valores próximos e a Neoline mantinha os preços mais baixos.
Ex-chefe de licitações de Reinaldo é elo entre esquemas de corrupção

Marcus Vinícius Rossettini de Andrade Costa aparece em processos por desvios na educação e no HRMS durante período em que foi chefe de licitações na gestão de Reinaldo (2015-2023).
Além disso, também é réu na Operação Tromper, já que foi ‘escalado’ por Claudinho Serra (PSDB) para coordenar licitações em Sidrolândia, durante administração da ex-prefeita Vanda Camilo, sogra de Serra.
Inclusive, o Jornal Midiamax revelou conversas entre os dois em que Serra diz a Marcus que ele ‘já é do time’ e que ‘não abandona parceiro por nada’. Ele chegou a ser preso em abril de 2024, na terceira fase da operação. Atualmente, usa tornozeleira eletrônica.
Aliás, a servidora Andréa Cristina Souza Lima, que fazia licitações na SED e foi implicada pela PF (Polícia Federal) por receber propina de até R$ 50 mil de empresários, também foi nomeada pelo ex-governador. O Jornal Midiamax mostrou como a professora convocada, que ganhava R$ 3.533,40, passou a ganhar R$ 11.739,20 com Reinaldo.
Como secretário especial e superintendente de Gestão de Compras e Materiais, Marcus Vinícius acolhia o parecer e acatava os recursos no mesmo dia da emissão do parecer. O modus operandi se repetiu em algumas ocasiões.
Além disso, Marcus também já teria respondido por suspeitas de fraudes em licitações enquanto servidor público em Jardim, entre 2009 e 2010.
A reportagem acionou a defesa de Marcus para se manifestar sobre as acusações, mas não obteve retorno até esta publicação. Porém, o espaço segue aberto para posicionamento.
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