Denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) aponta que, além de fraudar licitação, empresa implicada na Operação Malebolge entregava alimentos estragados ou vencidos em escolas municipais de Água Clara, cidade a 207 km de Campo Grande.
As investigações apontaram rombo de R$ 10 milhões nas prefeituras de Água Clara e também de Rochedo, em esquema que envolvia participação de secretárias municipais, servidores e empresários. No total, 11 acusados estão presos por corrupção.
O relatório da investigação aponta as seguintes situações: “Produtos alimentícios em avançado estado de deterioração (hortifrutis); presença de produtos de origem animal fracionados e embalados sem nenhuma identificação de rotulagem e sem a devida autorização do órgão competente (queijo muçarela e peixes); câmara de congelamento armazenando produtos alimentícios que, conforme seu rótulo e orientação do fabricante, deveriam estar congelados, mas estavam em visível processo de descongelamento, completamente amolecidos; presença de produtos vencidos (sucos concentrados de caju) armazenados ao lado de produtos dentro da validade, sem a devida identificação de produto impróprio ou para troca; presença de vetores (baratas) no freezer que estava em desuso”.
O descrito em trecho do relatório, acima, indica que os alimentos já quase impróprios para o consumo deviam abastecer as prateleiras de cozinhas instaladas nas escolas municipais. Ou seja, seria a merenda dos alunos.
A dona da carga, diz o documento, era a empresa Zellitec Comércio de Produtos Alimentícios, que vencia as licitações de modo fraudulento.
Diz o relatório do Gaeco: “a Zellitec Comércio de Produtos Alimentícios não possui condições reais de atender contratos de grande vulto, como os conquistados no município de Água Clara, reforçando o fato de que sua atuação é sustentada por falcatruas e esquemas criminosos”.
Empresa em questão tem como dono Mauro Mayer da Silva, supostamente o chefe do esquema fraudulento que seguia firme pelas propinas pagas a servidores com cargos de chefia nas secretarias de Educação e Finanças.
Nem sempre enviava alimentos
Consta também no relatório que a empresa vencedora da licitação, a Zellitec, por vezes, nem sequer fornecia os alimentos às escolas e, quando enviava, era percebido que eram deteriorados.
“Como se não bastasse a entrega parcial dos gêneros alimentícios que compõem a merenda escolar, os (poucos) produtos fornecidos pelo denunciado Mauro Mayer da Silva [empresário] ainda eram impróprios para o consumo. Em 6 de novembro de 2024, David Cláudio Neres, servidor da prefeitura de Água Clara, exercendo o cargo de zelador na Secretaria Municipal de Educação, estava acompanhando o caminhão da Zellitec Comércio de Produtos Alimentícios nas entregas de merenda escolar às escolas municipais, ocasião em que enviou para a denunciada Ana Clara Benette [servidora da prefeitura] diversas fotografias de alimentos estragados e impróprios para o consumo, entre mamões, tomates e maçãs”, diz trecho do relatório do Gaeco.
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Denunciados
Além do empresário, o Gaeco denunciou, por organização criminosa, fraude em licitação e corrupção contra um grupo de servidores de Água Clara. Eis a relação:
- Adão Celestino Fernandes, 64 [administrador de empresa];
- Adriana Rosimeire Pastori Fini, 54 [secretária de Educação da prefeitura de Água Clara];
- Ana Carta Benette, 36 [servidora pública da prefeitura de Água Clara];
- Denise Rodriges Medis, 33 [secretária de Finanças];
- Ícaro Luiz Almeida Nascimento [empresário];
- Jânia Alfaro Socorro, 51 [servidora pública];
- Kamilla Zaine dos Reis Santos Oliveira, 30 [servidora pública];
- Leonardo Antônio Siqueira Machado, 29 [empresário];
- Mauro Mayer da Silva, 27 [empresário]
- Valmir Deuzébio, 56 [comerciário].
Também no relatório, os investigadores do Gaeco descobriram um esquema que evidencia o pagamento de propina aos servidores da prefeitura.
Sem manifestações
A reportagem tentou conversar com os implicados no caso, mas até a publicação deste material não havia conseguido. Se houver manifestação o espaço segue aberto.
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