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Transparência

Vanda Camilo desviou recursos da prefeitura para comprar iPhone e fazer manutenção de ar-condicionado particular

No entanto, a prefeita de Sidrolândia tem foro privilegiado e investigação depende de aval do PGJ, Romão Avila Milhan Júnior
Gabriel Maymone, Renata Portela -
vanda
No último ano, gestão de Vanda Camilo gastou quase R$ 1,5 milhão com diárias. (Reprodução)

O ex-servidor municipal de Sidrolândia, Tiago Basso da Silva, cita esquema de corrupção envolvendo a prefeita Vanda Camilo (PP). No acordo firmado com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e homologado pela Justiça, o ex-servidor – réu na Operação Tromper – cita como a prefeita utilizava recursos públicos para benefício próprio.

Conforme documento a que a reportagem do Jornal Midiamax teve acesso, o delator afirmou aos promotores que a prefeita teria adquirido de forma fraudulenta um celular iPhone 14 e feito manutenção de aparelhos de ar-condicionado da própria residência com desvio de recursos públicos.

Na delação, Thiago narra o papel dele nos esquemas de corrupção da prefeitura de Sidrolândia, já que ele era chefe do setor de compras da prefeitura, ou seja, todos os empenhos e pagamentos da prefeitura passavam por ele.

Investigação contra Vanda nas mãos do PGJ

Assim, como esses fatos não estão diretamente ligados ao esquema de corrupção chefiado pelo genro da prefeita, o vereador licenciado Claudinho Serra (PSDB), e pelo fato de Vanda ter foro privilegiado, as informações foram desmembradas do processo de Serra e precisam de autorização do PGJ (Procurador-Geral de Justiça), Romão Avila Milhan Júnior.

A instauração de procedimento investigatório contra prefeito municipal é da competência do Procurador-Geral de Justiça. O PGJ também pode designar alguém para tal fim, por causa do foro privilegiado da sogra do vereador de Campo Grande, Claudinho Serra.

A prefeitura de Sidrolândia, a 70 km de , se tornou alvo do grupo que fraudava licitações e desviava verbas públicas, segundo as investigações dos promotores de justiça. Mas, agora, depende do chefe deles, a continuidade da apuração envolvendo Vanda.

Vereador genro de Vanda ficava com 10% de todos os contratos

Reportagem do Jornal Midiamax já havia revelado o teor da delação de Basso. Pagamento em dobro por um produto ou serviço, “mesada” de 10% cobrada de empresários e uso de contratos para interesses pessoais são alguns dos exemplos mencionados por Silva sobre como operava o grupo.

Durante depoimento no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Tiago Basso da Silva descreveu como Claudinho Serra – na época secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica – fazia cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia. 

Nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos eram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro em espécie. 

“O Cláudio Serra cobrava, na época secretário de fazenda, uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município, uma porcentagem de 10% de tudo aquilo que era pago pelo Município. Então ele me fazia levantamentos, igual Ricardo Rocamora, outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui”, afirmou Silva durante a delação. 

O ex-chefe do setor de licitações explicou que era responsável por ir pessoalmente falar com os diretores das empresas, enquanto as que tinham contratos de maior valor – como para obras de pavimentação – tratavam do assunto no gabinete de Claudinho Serra. 

O assessor de Serra, Carmo Name Júnior, seria o responsável por buscar os valores dessas empresas com cifras maiores. 

Vanda nega acusações

Em nota, a prefeita de Sidrolândia negou as acusações feitas por Thiago na delação. Confira a nota na integra:

“É com tranquilidade e firmeza que venho reafirmar minha em relação às acusações apresentadas na delação premiada recentemente divulgada. As declarações contidas na delação apontam para atos praticados por servidores, que estão sendo investigados pela justiça.

Não tolero e nunca tolerei qualquer ato de corrupção em minha gestão, e assim que tomei conhecimento dos fatos, agi de forma imediata e enérgica. Todos os servidores envolvidos foram exonerados ou afastados, seguindo rigorosamente os trâmites legais.

Ao longo de mais de 37 anos como servidora pública, atuei em diversos cargos de direção, chefia e coordenação na administração. Minha conduta sempre foi pautada pela integridade, agindo com honestidade, ética e transparência em todas as áreas de atuação, seja no trato com os recursos públicos, ou na tomada de decisões.

Nunca me envolvi em atividades ilícitas ou antiéticas, e nunca respondi a nenhum processo, pois sempre segui a legalidade e os princípios que regem a administração pública. A integridade é um compromisso que carrego com orgulho e que sempre guiou minhas ações como servidora pública.

Confio plenamente na justiça e espero que os fatos sejam esclarecido e os envolvidos respondam nos rigores da lei.

É evidente que as declarações têm motivações políticas, pois parte de quem é de família com interesses políticos na cidade a anos. Esta é uma clara tentativa de tentar denegrir a imagem do governo, especialmente devido à proximidade das eleições.

Reitero meu compromisso com a transparência, a legalidade e o bem-estar da população, e continuarei trabalhando incansavelmente em prol do desenvolvimento de nossa cidade”.

*Editada às 11h06 para acréscimo de posicionamento da prefeita Vanda Camilo

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