Empreiteiro com contratos para tocar obra milionária durante a gestão do PSDB – prefeito Henrique Wancura Budke – no município de Terenos, distante 31 km de Campo Grande, Tiago Lopes de Oliveira estava trabalhando como taxista dois anos antes. Ele é um dos investigados pela Operação ‘Velatus’, que apura esquema de corrupção com fraude em licitações.

Conforme informações do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Tiago atuou até meados de 2020 como taxista em Terenos, cidade com cerca de 18 mil habitantes, em “função destoante da de proprietário de empresa de engenharia”.

Porém, o fato que mais chamou atenção dos promotores de Justiça foi que o ‘empreiteiro de sucesso’ havia exercido cargo de confiança do prefeito Henrique Budke (PSDB) como chefe de gabinete entre 2021 e 2022.

A publicação com a exoneração de Tiago é datada do dia 25 de fevereiro de 2022, um dia após a abertura da sua empreiteira, a D’Aço Construção e Logística Ltda (CNPJ 45.432.169/0001-59).

D’Aço Construção

Assim, a empresa constituída com capital social de R$ 500 mil, estaria celebrando seu primeiro contrato com o município pouco mais de 2 meses após ser aberta. No total, a empreiteira ‘ganhou’ R$ 1.660.740,54 em contratos de obras em Terenos em menos de um ano.

Logo, o ex-taxista e chefe de gabinete do prefeito tucano estaria responsável por tocar reforma de cinco unidades de saúde no município, pelo valor de R$ 212.976,10.

Menos de um ano depois, a D’Aço conquistou outras obras no município, incluindo contrato de R$ 1.091.014,20 para construir posto de saúde no Conjunto Armando Lúcio Nantes. Também ficou responsável pelo recapeamento da avenida Ary Coelho de Oliveira (R$ 246.188,22) e reconstrução de guarita, lixeira e muro de arrimo (R$ 110.562,02).

No pedido à Justiça para autorizar buscas de documentos em endereços ligados a Tiago, o MPMS resumiu a ascensão meteórica e desmedida de Tiago. “Em resumo, tem-se que mesmo com a falta de experiência no ramo de obras de engenharia, pouco tempo após abrir a empresa D’Aço Construção e Logística, em24/02/2022, e deixar o cargo público, em 28/02/2022, Tiago Lopes de Oliveira conquistou uma contratação para a prestação de serviços de engenharia no valor de R$ 212.976,10 (duzentos e doze mil, novecentos e setenta e seis reais e dez centavos), em 05/05/2022. Não só isso, pouco mais de 1 (um) mês depois, conquistou novo contrato, dessa vez no valor de R$ 1.107.847,56 (um milhão, cento e sete mil, oitocentos e quarenta e sete reais e cinquenta e seis centavos), e elevou o capital social de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) para R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), o que representa um aumento de 900%(novecentos porcento)“.

A reportagem do Jornal Midiamax questionou o prefeito Henrique Budke sobre os contratos firmados com a empresa do seu ex-chefe de gabinete, mas não obtivemos resposta. O espaço segue aberto para posicionamento.

Também solicitamos posicionamento de Tiago, mas as mensagens não foram respondidas. O espaço segue aberto para acréscimo de manifestação.

Secretário de obras foi preso

O secretário de Obras e Infraestrutura de Terenos, Isaac Cardoso Bisneto, foi preso preventivamente nesta terça-feira (13) durante operação contra corrupção no município.

Preso em Campo Grande, ele é alvo de investigação sobre organização criminosa que fraudava licitações com participação de servidores municipais de Terenos.

Também são investigados os empreiteiros: Genilton da Silva Moreira, Sansão Inácio, Hander Luiz Corrêa Grote Chaves e Cleberson José Chavoni Silva. Os servidores integrantes da comissão permanente de licitação: Carla Rejane Ribas Vieira e Robson Lúcio de Oliveira.

Corrupção em Terenos

Equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) deflagraram operação contra esquema de corrupção em Terenos.

Conforme informações oficiais, a operação prendeu uma pessoa em Campo Grande. Ainda, cumpriram outros nove mandados em Terenos, 5 em Campo Grande e um em Santa Fé do Sul, interior de São Paulo.

De acordo com nota do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), houve identificação de esquema de corrupção que contava com participação de servidores públicos com empresários para fraudar licitações.

Além disso, o Gaeco apurou que grupo criou empresas sem estrutura ou experiência para celebrar contratos com a administração pública.

O nome da Operação é “Velatus”, que significa “velado”, em latim. A expressão remete à forma de atuação dos investigados, os quais agiram de forma insidiosa e velada para praticar crimes contra a Administração Pública.