Sem ir à Câmara desde abril, Claudinho Serra usa emprego de vereador para se livrar de tornozeleira

Réu por corrupção, tucano sempre atuou em cargos políticos ligados à cúpula do PSDB

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Claudinho Serra na última sessão que participou na Câmara, em 2 de abril (Reprodução)

O vereador licenciado de Campo Grade, Claudinho Serra (PSDB), completa 203 dias sem pisar os pés na Câmara Municipal. Mesmo assim, para tentar se livrar da tornozeleira, que utiliza desde 26 de abril, quando deixou a prisão, o parlamentar alegou que possui “emprego lícito como vereador”. De lá para cá, Serra segue apresentando licenças médicas.

A manifestação protocolada na Justiça pela defesa de Claudinho ocorre um dia após o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) citar dependência do tucano com cargos políticos, já que atuava como secretário de fazenda de Sidrolândia quando teria comandado esquema de corrupção no município. Antes disso, havia atuado como diretor-presidente da Funesp (Fundação Municipal de Esportes).

Hoje réu por corrupção, sempre atuou diretamente com a cúpula do PSDB com o ex-governador Reinaldo Azambuja e Sérgio de Paula, conforme consta em sua própria biografia: “Em 2016, foi convidado pelo então governador Reinaldo Azambuja para ser um dos coordenadores de campanha dos candidatos do PSDB nos municípios. Também atuou no Governo do Estado, especificamente nos assuntos políticos de Campo Grande, diretamente com o secretário de Articulação Política, Sérgio de Paula”.

Disputou a primeira – e única – eleição em 2020, quando obteve modestos 3.616 votos, ficando só com a 2ª suplência do PSDB. Só assumiu o mandato como vereador após uma sequência de situações. A primeira, com o titular do mandato, João Cesar Mattogrosso, assumindo cargo no governo do Estado. Assim, o 1º suplente, Ademir Santana, foi chamado. Depois, o vereador João Rocha assumiu também um cargo no governo. Então, Claudinho assumiu como suplente em maio de 2023.

Por fim, conseguiu o mandato em definitivo quando Ademir Santana renunciou ao cargo alegando que deixava a vaga para a qual foi eleito para se dedicar à campanha eleitoral do PSDB. Ademir renunciou e entregou a vaga para Claudinho um mês antes da deflagração da Operação Tromper.

MPMS cita ‘dependência de cargos políticos’ e ordem pública

“Requerente, que aparentemente não exerce nenhuma profissão a não ser a anterior dedicação em cargos públicos ou políticos”. Esse é um dos argumentos utilizados pelo MPMS ao se manifestar contra pedido de Claudinho Serra.

E, justamente por ser o ‘cabeça’ da organização criminosa é que os promotores de Justiça, Bianka M. A. Mendes e Adriano Lobo Viana de Resende, se manifestaram contra o pedido de Claudinho. Também negaram liberar a tornozeleira a Carmo Name Júnior, assessor braço direito do vereador licenciado, responsável por receber propinas de empresários que venciam licitações em Sidrolândia.

Por fim, os promotores também reforçaram a ordem pública para se manifestarem contra o pedido. “Reforçando, a necessidade de se interromper ou diminuir a atuação de integrantes de organização criminosa enquadra-se no conceito de garantia da ordem pública, sendo, pois, a intenção do monitoramento eletrônico evitar que a organização criminosa continue as suas atividades, sem que ocorra encontros e contatos entre os investigados na perpetuação da atividade ilícita“.

O vereador licenciado de Campo Grande é monitorado eletronicamente desde 26 de abril, após ficar 23 dias preso.

Agora, a decisão de liberar ou manter a tornozeleira está nas mãos do juiz Fernando Moreira Freitas da Silva.

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