Secretário de Obras de Corumbá teria criado empresa que venceu licitações de R$ 12 milhões

PF investiga desde 2021 esquema de corrupção na prefeitura de Corumbá

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Viatura da PF na prefeitura de Corumbá, com detalhe para dinheiro apreendido na operação (Weber Reis- Folha MS e divulgação PF)

Operação “João Romão”, da PF (Polícia Federal) e CGU (Controladoria-Geral da União), apurou que o atual Secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Ricardo Campos Ametlla, teria criado empresa que venceu licitações para obras cujos valores ultrapassam os R$ 12 milhões.

Conforme nota oficial da PF, as investigações iniciaram em 2021 e mostram que ele seria o verdadeiro dono da empresa Agility Serviços Integrados Ltda. “Ainda durante as investigações foi possível colher indícios de irregularidades que teriam permitido a empresa suspeita ter capacidade financeira e técnica para participar dos certames licitatórios que venceu”, diz a PF.

Em Corumbá, as equipes estiveram na prefeitura e residência do Secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Ricardo Campos Ametlla, da coordenadora do setor de licitação de obras, Thamíris Lemos Franco Gonçalves, e do superintendente de serviços públicos.

A reportagem do Jornal Midiamax apurou que, no total, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão. A PF apreendeu uma caminhonete Toyota Hilux do secretário Ricardo e outros dois veículos, além de documentos, computador e dinheiro – cerca de R$ 40 mil em Campo Grande e R$ 60 mil em Corumbá.

Já em Campo Grande, a PF apreendeu documentos na representante da empresa Blue Sky.

“Foram alvos da operação um servidor público, servidores comissionados e efetivos envolvidos nas autorizações e fiscalizações das obras executadas, além de pessoas responsáveis pelas empresas”, diz a PF em nota.

À reportagem, o prefeito Marcelo Iunes (PSDB) disse, inicialmente, que não sabia do teor das buscas. “Fiquei sabendo agora. Não estou sabendo ainda o que que foi, só sabendo que estão fazendo visita no setor da infraestrutura”, declarou.

Depois, questionado sobre as informações divulgadas pela PF, limitou-se a dizer “não estou sabendo”.

A prefeitura de Corumbá emitiu nota oficial sobre a operação. Confira na íntegra:

“Sobre a operação policial realizada nesta quarta-feira, 3 de julho, a Prefeitura de Corumbá esclarece que foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos e na residência de servidores da pasta.

No Paço Municipal, a ação policial foi acompanhada pela Procuradoria Geral do Município, que não teve acesso aos autos porque o processo corre em segredo de justiça. O expediente na Prefeitura de Corumbá segue normalmente nesta quarta-feira.

A Prefeitura de Corumbá reitera seu compromisso com a lisura, transparência e o respeito com o erário. O Executivo municipal segue à disposição das autoridades competentes para prestar qualquer esclarecimento”.

O Jornal Midiamax continua apurando o caso e, recentemente, obteve a confirmação de que, diferente da informação repassada pelo prefeito de Corumbá, a PF, na verdade, não esteve na casa do superintendente de serviços públicos.

*Editada no dia 22 de julho de 2024 para atualização

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