Secretário de Obras de Corumbá alvo da PF por fraudes em licitações é exonerado

O servidor venceu licitações milionárias em um curto período de tempo

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Viatura da PF na prefeitura de Corumbá, com detalhe para dinheiro apreendido na operação (Weber Reis- Folha MS e divulgação PF)

Nesta segunda-feira (8) foi publicada a exoneração, a pedido, do secretário de Obras de Corumbá, cidade distante 444 quilômetros de Campo Grande, Ricardo Campos Ametlla. O secretário foi alvo de operação da Polícia Federal na última semana.

Conforme o advogado de defesa de Ricardo, André Borges, “Exoneração garante tranquilidade nesse final de mandato; e fornece tempo e foco para o ex-secretário se defender, oportunamente”.

Ricardo é acusado de fraudes em licitações, após criar uma empresa que venceu contratos no município. Em dois anos a empresa Agility Serviços Integrados Ltda (CNPJ 41.757.793/0001-75) fechou R$ 16,8 milhões em contratos com a Prefeitura de Corumbá.

Empresa criada para vencer licitações

Registros do CNPJ apontam que a sede da empresa fica em Ladário — na Rua Tiradentes, número 5, bairro Boa Esperança. No entanto, imagens coletadas em maio de 2024 pelo Google Street Views apontam terreno baldio neste endereço.

A relação entre a empresa e o secretário foi divulgada durante a Operação “João Romão”, da PF (Polícia Federal) e CGU (Controladoria-Geral da União). Conforme nota oficial da PF, as investigações iniciaram em 2021 e mostram que ele seria o verdadeiro dono da empresa Agility Serviços Integrados Ltda.

Segundo registros do CNPJ, a criação da empresa ocorreu em abril de 2021. No ano seguinte, a Agility já tinha conquistado quatro contratos com o município.

Vencedora das tomadas de preço e concorrência pública, a empresa somou R$ 7,2 milhões em contratos em 2022. Logo, em 2023 foi vencedora em mais duas licitações. Assim, acumulou mais R$ 2,2 em contratações.

Por fim, o último contrato da Agility com a Prefeitura de Corumbá foi em 26 de março deste ano. A empresa venceu a licitação para construção das futuras instalações da sede do CAC (Centro de Atendimento ao Cidadão) em Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande.

Além disso, a empresa fechou contrato para reforma em museu, execução de obras do centro de esportes do município e também do centro de Saúde da Mulher de Corumbá.

Operação em Corumbá

Em Corumbá, as equipes estiveram na prefeitura e residência do Secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Ricardo Campos Ametlla, da coordenadora do setor de licitação de obras, Thamíris Lemos Franco Gonçalves, e do superintendente de serviços públicos, Joelson Pereira Dib, segundo informado pelo prefeito Marcelo Iunes (PSDB).

A reportagem do Jornal Midiamax apurou que, no total, houve cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão. Assim, a PF apreendeu uma caminhonete Toyota Hilux do secretário Ricardo e outros dois veículos, além de documentos, computador e dinheiro – cerca de R$ 40 mil em Campo Grande e R$ 60 mil em Corumbá.

Já em Campo Grande, a PF apreendeu documentos na representante da empresa Blue Sky. “Foram alvos da operação um servidor público, servidores comissionados e efetivos envolvidos nas autorizações e fiscalizações das obras executadas, além de pessoas responsáveis pelas empresas”, diz a PF em nota.

Por fim, o prefeito Marcelo Iunes (PSDB) disse à reportagem, inicialmente, que não sabia do teor das buscas. “Fiquei sabendo agora. Não estou sabendo ainda o que que foi, só sabendo que estão fazendo visita no setor da infraestrutura”, declarou.

Depois, questionado sobre as informações divulgadas pela PF, limitou-se a dizer “não estou sabendo”.

O Jornal Midiamax continua apurando o caso e, recentemente, obteve a confirmação de que, diferente da informação repassada pelo prefeito de Corumbá, a PF, na verdade, não esteve na casa do superintendente de serviços públicos, Joelson Pereira Dib.

*Editada no dia 22 de julho de 2024 para atualização

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