Réu por corrupção com Claudinho Serra pede que MPMS confirme delação e quer suspender ação
Delator tem seis meses para devolver R$ 80 mil que recebeu por ajudar esquema comandado pelo vereador do PSDB
Gabriel Maymone –
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O empresário Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, pediu mais prazo para apresentação da defesa em ação penal a qual é réu por corrupção juntamente com o vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB). O tucano é apontado pelas investigações como chefe de fraudes em Sidrolândia – cidade a 70 km de Campo Grande, administrada pela sogra do parlamentar, a prefeita Vanda Camilo (PP).
Conforme pedido apresentado à Justiça, a defesa do empresário alega que o acordo de delação premiada feito pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) com o ex-servidor municipal, Tiago Basso da Silva, exige contrapartidas como, por exemplo, a devolução de R$ 80 mil que teria obtido ilegalmente através da corrupção chefiada por Claudinho Serra.
No termo da delação premiada, homologada pela Justiça, o ex-servidor tem seis meses para cumprir todas as exigências. Caso contrário, a delação é anulada e ele volta a ser réu no processo juntamente com os demais integrantes do grupo criminoso comandado pelo vereador licenciado do PSDB.
Vale ressaltar que a delação foi homologada em abril e, portanto, expira em outubro, prazo para o MPMS confirmar que o delator cumpriu as exigências e, dessa forma, fazer valer o conteúdo da delação na ação.
Com base nisso, o advogado Fábio de Melo Ferraz, que representa Ueverton no processo, fez o pedido de suspensão da ação penal. Ele pede que a ação seja suspensa – incluindo o prazo para apresentar defesa e até mesmo de prescrição – até que o MPMS confirme a delação. “Se assim não for, entendo que a defesa seria amplamente prejudicada”, disse ao Jornal Midiamax.
Isso porque, caso o MPMS confirme que o delator não cumpriu as exigências, a colaboração premiada será anulada e todos os fatos apresentados pelo delator que não forem confirmados não deverão fazer parte do processo.
‘Líder empresarial’, Frescura também virou réu por obstrução da Justiça
Ueverton deu ‘balão’ no Gaeco durante cumprimento de mandado ao ser preso no dia da operação. Ele escondeu celulares em um bunker, segundo as investigações. Os aparelhos nunca foram apreendidos.
Por isso, ele foi denunciado e se tornou réu por obstrução da Justiça. Além disso, também é réu pelos crimes de associação criminosa, fraude em licitação, violação de sigilo em licitação, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, e peculato.
Delator tentou esconder dinheiro na mochila da filha ao ser preso
Durante depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o ex-chefe de compras de Sidrolândia revelou que tentou esconder na mochila da filha – de 15 anos – dinheiro que ganhou como ‘pagamento’ pelos ‘serviços prestados’ ao grupo que comandava esquema de corrupção no município no dia da operação em que acabou preso.
No dia da operação, ele tinha R$ 3,6 mil em espécie em casa. “Minha esposa passa por tratamento psicológico e a consulta que ela faz em Campo Grande com psiquiatra tem que ser paga em dinheiro. Uma vez, peguei um valor e falei pra ela guardar para ela pagar a consulta. Ela tem depressão e crise do pânico, na hora ela ficou desesperada e tentou esconder o dinheiro na mochila da minha filha e tentou tirar de casa, realmente”, revelou.
Ainda segundo Tiago, já chegou a acumular R$ 14 mil em espécie em casa, mas que sempre tinha uma certa quantia guardada em casa.
Ainda de acordo com a delação, Tiago detalha que, mensalmente, emitia cerca de R$ 100 mil em notas frias, ou seja, que não correspondiam ao serviço prestado. Cerca de 60% deste valor seria emitido pela empresa de Rocamora.
Thiago Basso da Silva descreveu como Claudinho Serra – na época secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica – fazia cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia.
Nessa lista de empresários estão alguns réus da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos eram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro em espécie.
Delação cita prefeita de Sidrolândia
O delator cita também como a prefeita utilizava recursos públicos para benefício próprio. Tiago afirmou aos promotores que a prefeita teria adquirido de forma fraudulenta um celular iPhone 14 e feito manutenção de aparelhos de ar-condicionado da própria residência com desvio de recursos públicos.
Na delação, Thiago narra o papel dele nos esquemas de corrupção da prefeitura de Sidrolândia, já que ele era chefe do setor de compras da prefeitura, ou seja, todos os empenhos e pagamentos da prefeitura passavam por ele.
Em nota, a prefeita de Sidrolândia negou as acusações feitas por Thiago na delação.
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