Preso há uma semana, Cezário escolhe ficar em silêncio e não aparece para depor no Gaeco

Francisco Cezário de Oliveira, presidente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), foi preso por acusação de desviar mais de R$ 6 milhões da entidade

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Cezário completa uma semana preso. (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Francisco Cezário de Oliveira não se apresentou para prestar depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), na tarde desta terça-feira (28), em Campo Grande. 

O presidente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) foi preso uma semana atrás, em 21 de maio, durante a Operação Cartão Vermelho, por suspeita de desviar mais de R$ 6 milhões da entidade entre 2018 até fevereiro de 2023. Os recursos tinham como origens repasses feitos pelo Governo do Estado e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Vale ressaltar que Cezário estava à frente da Federação desde 1998.

Segundo o advogado André Borges, Cezário não teve interesse em prestar depoimento por enquanto. “Não foi porque informei ao Gaeco que nessa fase da investigação ele deve se valer do direito ao silêncio. Mandei perto do horário do almoço e já veio o despacho deferindo […] a ideia do Cezário, que é advogado também, é aguardar o processo que vai responder na Justiça para apresentar a defesa”, explica. 

André Borges complementa dizendo que Cezário está focado, por agora, em obter a liberdade e, posteriormente, reunir documentos para fazer a defesa quando o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apresentar a denúncia.

“A prioridade dele é obter a liberdade perante o judiciário. Depois que for posto em liberdade vai se organizar para juntar os documentos e fazer a defesa. Ele e os demais apresentaram o pedido de revogação da prisão, mas ainda não foi examinado. Como presos têm prioridade, acreditamos que ocorra entre hoje e amanhã”, afirma. 

R$ 800 mil em espécie apreendidos

Somente durante o cumprimento dos mandados na última terça-feira (21) foram apreendidos mais de R$ 800 mil, inclusive em notas de dólar. Revólver e munições também foram apreendidos.

Questionado sobre o valor encontrado, André Borges explicou que ainda não há acusação formal sobre o dinheiro, mas Cezário teria lhe dito que tem condições de provar que se tratam de economia. 

“O Cezário é advogado e sabe que não é crime deixar dinheiro em casa, mas isso vai fazer lá para frente porque agora está preso e impedido de apresentar a plena defesa”, finalizou. 

Grupo de Cezário desviou mais de R$ 6 milhões 

Conforme informações do Gaeco, o grupo liderado por Francisco Cezário realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle. De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram identificados desvios que superaram os R$ 6 milhões.

Somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira foram apreendidos mais de R$ 800 mil, inclusive em notas de dólar. Revólver e munições também foram apreendidos.

Os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores era devolvida ‘por fora’ ao grupo.

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

Operação Cartão Vermelho

Dinheiro apreendido durante cumprimento de mandado pelo Gaeco (Divulgação, Gaeco)

Equipes do Gaeco cumpriram 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Conforme o Gaeco, o nome da operação faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

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