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Transparência

Servidora presa com Claudinho Serra tenta delação e Tromper deve investigar mais pessoas

Servidora municipal Ana Cláudia Alves Flores prestou depoimento e Operação Tromper pode ter primeiro acordo de colaboração
Thalya Godoy, Karine Alencar -
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Gaeco, em Campo Grande. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

A ex-pregoeira na Prefeitura de Sidrolândia, Ana Cláudia Alves Flores, que foi presa preventivamente na semana passada, na terceira fase da Operação Tromper, tentou fechar um acordo de delação com a Justiça, nesta terça-feira (9). A servidora prestou depoimento na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na tarde desta terça-feira (09), em Campo Grande. 

Segundo o advogado de Ana Claudia, David Moura de Olindo, a servidora tentará liberdade provisória a partir de quarta-feira (9), quando a prisão preventiva completa uma semana. 

Além disso, o advogado adiantou que Ana tenta fechar o acordo da delação apontando outras quatro pessoas, entre servidores e empresários, para serem procurados/investigados. 

“Ela [Ana] assumiu a parte que ela tem na culpa, colocou com muita clareza tudo que aconteceu antes dela ser pregoeira e depois dela ser pregoeira, e um fato que ocorreu que ninguém sabia é que, após a exoneração do Cláudio Serra da Prefeitura, ela foi afastada do cargo de pregoeira e colocaram ela no arquivo por conta de que ela podia representar um perigo no sistema”, afirmou o advogado. 

Advogado David Moura de Olindo. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

Depoimentos darão ‘outro viés’ em investigações da Tromper

O advogado disse, ainda, que os depoimentos prestados nesta terça-feira deverão dar outro viés às apurações, com a inclusão de quatro novos investigados na Operação. Ele assegura que a função da cliente no esquema era apenas fornecer informações de contratos já fechados com empresas escolhidas. “Com certeza ela não era o pivô”, falou.

“Nos áudios do Gecoc devem ter coisas que incriminam ela, mas não tivemos acesso a essas informações. A função dela no esquema era prestar informações das licitações”, afirmando que a cliente não se beneficiava de recursos públicos, levando em conta que não “ostentava, não tem nada”.

Pregoeira indicada para Consórcio Central MS

Ana Cláudia Alves Flores, pregoeira exonerada da Prefeitura de Sidrolândia na última semana, após ser presa preventivamente na Operação Tromper, também atuava nas licitações do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região Central de Mato Grosso do Sul. Ela ficou um ano no Consórcio.

Conforme o diretor-executivo do Consórcio Central MS, Vanderlei Bispo, a pregoeira foi designada pela prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PP), para atuar no Consórcio. Isso, porque já era pregoeira naquele município.

Essa designação aconteceu em meados de abril de 2023. Bispo ainda confirmou que, com a exoneração de Ana Cláudia da Prefeitura de Sidrolândia, ela automaticamente é desligada do Consórcio.

Agora em 2024, o cargo passa a se chamar “agente de contratação de fase externa”, aquele que conduz o certame no dia, mas não atua na fase interna, a fase anterior. Na Operação Tromper, Ana Cláudia é acusada de direcionar licitações para os empresários que integravam o grupo criminoso.

Sobre possível investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre os contratos firmados a partir da atuação de Ana Cláudia no Consórcio, Vanderlei Bispo indicou que ainda não houve solicitação, mas que o órgão está à disposição para auxiliar em qualquer investigação.

A licitação mais recente em que Ana Cláudia atuaria é referente à compra de ar-condicionado. Neste caso, ela foi substituída e o TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) já aprovou o certame, que agora está em fase de recurso pelas empresas participantes.

Prefeitura Instaura PAD após nova fase da Tromper

A Prefeitura de Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande, instaurou um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra a pregoeira Ana Claudia Alves Flores, que foi presa na última quarta-feira (3). A servidora pública foi um dos alvos da terceira fase da Operação Tromper que investiga fraudes no Município. 

A Portaria 375/2024, que instaura o PAD, foi assinada pela prefeita Vanda Camilo (PP), na última quinta-feira (4). O genro da chefe do executivo, o vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB), também foi preso no mesmo dia, acusado de ser o mentor da organização criminosa que fraudava licitações do Município na época em que era o secretário de Fazenda. 

Ana Claudia Alves Flores é concursada na Prefeitura de Sidrolândia como assistente administrativo e exercia o cargo de Chefe do Setor de Compras e Licitação. O processo administrativo disciplinar foi instaurado para apurar eventual e possível prática de conduta incompatível com a moralidade administrativa.

A comissão terá até 60 dias a partir da publicação da portaria para apurar os fatos e apresentar o relatório final. A comissão será assistida pela Procuradoria Geral do Município. 

Pregoeira passava informações para empresários

Segundo o Ministério Público, Cláudio Serra Filho, Ricardo Rocamora e Ueverton Macedo cooptaram servidores públicos com o objetivo de facilitar e executar crimes relativos a fraudes em licitação e desvio de recursos públicos. Os três foram presos nesta semana. 

Dentre eles, estão Ana Cláudia Alves Flores (presa preventivamente) e Roberta de Souza (alvo de mandado de busca e apreensão).

Conforme exposto na decisão do juiz que determinou a prisão preventiva de oito pessoas, Ana Claudia Flores é servidora efetiva e foi lotada no cargo comissionado de Chefe do Setor de Compras e Licitação, em junho de 2022, passando a cobrar o pagamento de boleto pessoal e o pagamento de salário a Ricardo Rocamora.

Os documentos teriam mostrado que a servidora passava informações sobre os pregões ao empresário para beneficiá-lo na concorrência pelo contrato. 

“Ainda, Ana Cláudia Alves Flores afirmou que a empresa 3M [pertencente ao servidor Milton Paiva, que também foi preso nesta semana] e a empresa Rocamora tiveram o mesmo lance. Para desempatar, ela solicitou que Ricardo Rocamora reduzisse o lance de sua empresa em um centavo. Ele assim o fez para que a outra empresa ganhasse, demonstrando o vínculo dessas empresas com a organização criminosa”, diz o documento.

* Matéria alterada às 17h44 para acréscimo de informações

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