A Justiça de Mato Grosso do Sul mandou leiloar a sede do Clube Campestre Ypê, avaliada em R$ 25,5 milhões, para quitar dívida com o Estado. O clube pertence ao atual presidente interino do FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Estevão Petrallas. Ele está no cargo desde 27 de maio, quando foi nomeado interventor pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), após a prisão do então mandatário, Francisco Cezário, acusado de desvios milionários frente à entidade.

Dessa forma, decisão desta quarta-feira (14) da juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine determina que “certifique a Serventia se os atos prévios à determinação do leilão judicial estão regulares”.

O processo de execução fiscal é movido pelo Estado em cobrança de dívidas do Clube Campestre Ypê, localizado no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande. Então, a Fazenda Estadual aponta dívida original de R$ 20.118,96. Com atualização de valores, o montante chega na casa dos R$ 33 mil de débitos do clube, o qual Petrallas é dono e presidente.

A cobrança é referente a dívida de R$ 20.118,96. Com atualização de valores, o montante chega na casa dos R$ 33 mil de dívida do clube, o qual Petrallas é dono e presidente.

Clube Campestre Ypê pode ser leiloado para quitar dívida (Divulgação Clube Ypê)

No decorrer do processo, que foi ajuizado em outubro de 2020, a magistrada havia determinado a penhora tanto da sede do clube – avaliada em R$ 25,5 milhões – quanto de imóvel onde o dirigente mora – avaliado em R$ 1,5 milhão, na mesma rua do clube.

Petrallas tenta provar que terreno não pertence ao clube

Na tentativa de tirar o terreno em que construiu a casa onde mora da penhora, Petrallas entrou com outra ação, chamada de embargo, onde alega ser alvo de processo de penhora o qual não deveria estar.

Então, a defesa do dirigente alega que o terreno nunca pertenceu ao Clube Campestre Ypê. Apesar disso, na própria certidão de registro imobiliário, na descrição do imóvel, consta: “Lote de terreno determinado sob nº 17 (dezessete) da quadra 06 (seis) do CLUBE CAMPESTRE YPÊ, nesta cidade […]”. No entanto, o proprietário aparece em nome de Amadeu Mena Gonçalves, mesmo proprietário original da área onde esta localizado o Clube Ypê.

Após isso, o imóvel foi passado para Donatila Theodorica Corrêa em maio de 2011. Após sete meses, foi adquirido por Petrallas, via adjudicação – quando a Justiça transfere determinada propriedade para um credor -, conforme consta no registro imobiliário.

Mas, ao Jornal Midiamax, Petrallas conta outra história. Questionado sobre a adjudicação, o dirigente não responde e afirma apenas que comprou o terreno há muito tempo. “Tudo ali era loteamento Clube Campestre Ypê, por isso fica o nome, mas não tem nada a ver com o clube. Eu comprei, na época, da imobiliária Cacique”, afirmou.

Apesar de afirmar, nos autos, que a dívida não pertence a ele – e sim ao clube Ypê -, à reportagem, Petrallas afirma que “tenho minhas dívidas, sim, como qualquer ser humano pode ter”.

Por fim, a juíza recebeu o recurso de Petrallas e mandou suspender a penhora do terreno. Já a procuradoria do Estado se manifestou no processo e decidiu não contestar.

Na decisão que manda providenciar os trâmites para o leilão, a juíza não incluiu a residência de Petrallas.

Prisão de Cezário

Mandatário do futebol sul-mato-grossense por décadas, Francisco Cezário de Oliveira, foi preso em maio acusado de desvios milionários na entidade, revelados pela Operação Cartão Vermelho, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Após sua prisão, tanto os dirigentes do clubes como o TJD oficiaram à CBF a solicitação de afastamento de Cezário e a nomeação de um interventor na entidade.

Antes mesmo que a CBF pudesse fazê-lo, Cezário pediu afastamento do cargo.