Investigação flagrou empreiteiro ligado a Claudinho Serra ‘agilizando’ verba da Agesul para esquema

Ex-servidor estadual chegou a ocupar cargo na Segov e tinha comunicação direta com a Agesul

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Prefeitura de Sidrolândia (Henrique Arakaki, Midiamax)

Um dos alvos presos na quarta-feira (3) durante a Operação Tromper, Thiago Rodrigues Alves, o ‘Thiago Nanau’, fazia ponte entre os esquemas de corrupção que seriam comandados pelo vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB) e verbas liberadas pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos).

O suposto esquema de corrupção foi armado na Prefeitura de Sidrolândia, onde a sogra do vereador tucano, Vanda Camilo (PP) é prefeita.

O que a investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) aponta é que algumas empresas que integravam a organização criminosa teriam Thiago como um gestor.

Por meio das mensagens de WhatsApp, foi identificada ligação entre Thiago, Claudinho e também Tiago Basso, ex-servidor de Sidrolândia preso na segunda fase da operação.

Em uma dessas mensagens, Thiago diz que teria falado com o ‘chefe’, como o grupo chama Claudinho Serra, e que ele autorizou 5 mil litros de combustível. A partir disso, ele acionou o servidor municipal Tiago Basso para cumprimento da decisão.

“Por meio das conversas, constatou-se que Thiago Rodrigues Alves atua diretamente perante a AGESUL, mesmo tendo contratos licitatórios com a Prefeitura de Sidrolândia”, aponta o Gecoc.

Thiago foi nomeado em 2020 e ocupava cargo na Segov (Secretaria de Governo), com rendimentos de R$ 15.888,47, conforme dados do portal da transparência. Em 30 de abril de 2021, ele foi exonerado.

AR Pavimentação e Sinalização: empreiteira implicada

Ainda na peça, Thiago é citado como pessoa ligada à empresa AR Pavimentação e Sinalização (CNPJ 28.660.716/0001-34), do empresário Edmilson Rosa. Em março de 2022, Thiago teria enviado mensagens para Tiago Basso sobre os 5 mil litros de combustível liberados para a empresa.

Já em agosto de 2022, Thiago Alves envia mensagens para Tiago Basso, questionando sobre o envio da prestação de contas para a Agesul. Então, Basso responde que tudo “já estaria alinhado” na Prefeitura de Sidrolândia.

Com isso, Alves é orientado a entrar em contato com membros da Agesul, para liberação de recursos. Mensagens de dias depois mostram que Thiago Alves tinha ‘carta-branca’ quanto aos trâmites adotados no Executivo Municipal de Sidrolândia.

Também demonstrava que ele e outros integrantes do grupo criminoso tinham “grande influência no âmbito da Agesul/MS”, conforme relatado na investigação. Licitação investigada entre Sidrolândia e a AR Pavimentação, com recurso da Agesul de mais de R$ 1,7 milhão, teria sido alvo de investigação.

Essa obra seria de pavimentação da Avenida Aquidaban. Apesar da ligação indicada pelo Gecoc entre Thiago e a Agesul, ele nunca integrou o quadro de servidores ou mesmo foi cedido, conforme relatado ao Midiamax pela Agência.

Vanda exonerou 4 alvos da investigação

Nesta sexta-feira (5), a prefeita de Sidrolândia Vanda Camilo (PP) publicou no Diário Oficial a exoneração dos quatro servidores alvos da Operação Tromper. A ação foi realizada na quarta-feira (3) e apenas a demissão do secretário Rafael Soares Rodrigues havia sido divulgada.

Assim, nesta sexta-feira foram publicadas também as exonerações do secretário adjunto da Seas (Secretaria de Assistência Social), Paulo Vitor Famea, bem como do chefe de licitações Marcus Vinícius Rossetini de Andrade Costa e a pregoeira Ana Cláudia Alves Flores.

Os quatro investigados foram alvos da terceira fase da Operação Tromper, que investiga fraudes em licitações e contratos municipais. Dos quatro, Marcus Vinícius e Ana Cláudia foram presos preventivamente.

Além das exonerações, a prefeita Vanda Camilo publicou decreto para tentar desfazer os contratos com as empresas, agora que são investigadas. Na publicação, ela cita “inúmeros contratos e atas de registro de preços celebrados entre o Município de Sidrolândia e as empresas investigadas”.

Vereador do PSDB em Campo Grande preso com mais 7

A terceira fase da Operação Tromper levou à prisão preventiva de 8 pessoas e ao cumprimento de mandados de busca e apreensão em 28 endereços nesta quarta-feira (3), inclusive na casa do vereador Claudinho Serra (PSDB).

O parlamentar, que foi preso, é acusado de ser o mentor do esquema de fraudes na Prefeitura de Sidrolândia, município a 70 quilômetros de Campo Grande.

Um ex-assessor de Claudinho, Tiago Alves, também foi preso preventivamente. Ex-candidato a vereador de Sidrolândia e empresário, Ueverton Macedo, conhecido como Ueverton Frescura, também foi alvo de prisão.

O suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Sidrolândia envolvia uso de empresas de “fachada”, fraude a licitações e desvio de dinheiro público mediante a não prestação do serviço ou não entrega do produto.

Ainda ficou demonstrada a corrupção de servidores públicos municipais para a execução do esquema criminoso.

Quadrilha cogitou nomeação de Claudinho Serra no Governo

Troca de mensagens entre os integrantes do grupo criminoso, inclusive, teria apontado preocupação sobre a possível posse de Claudinho Serra em um cargo no Governo de Mato Grosso do Sul.

Em 19 de janeiro de 2023, uma conversa entre Ueverton “Frescura” pede para que Ricardo Rocamora (os dois foram alvos de prisão preventiva nesta quarta-feira) “vá devagar” na emissão de notas fiscais para a Sefat, visto que o titular da pasta, Claudinho Serra, poderia ser empossado no Governo do Estado.

Em resposta, Rocamora teria demonstrado preocupação e concordado com “Frescura” sobre pausar os repasses e afirmado que Serra “não teria fim”. “Ou seja, Cláudio Serra Filho seria voraz em se apropriar ilicitamente de dinheiro público”, diz outro trecho do PIC.

Confira a lista dos presos na Operação Tromper:

  • Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho (Claudinho Serra);
  • Carmo Name Júnior;
  • Ueverton da Silva Macedo;
  • Ricardo José Rocamora Alves;
  • Milton Matheus Paiva Matos;
  • Ana Cláudia Alves Flores;
  • Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa;
  • Thiago Rodrigues Alves.

A operação também cumpriu 28 mandados de busca e apreensão, incluindo nos endereços dos oito réus que foram alvos de prisão.

Confira os 28 alvos de busca e apreensão:

  • 1) Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho;
  • 2) Carmo Name Júnior;
  • 3) Ueverton da Silva Macedo;
  • 4) Ricardo José Rocamora Alves;
  • 5) Milton Matheus Paiva Matos;
  • 6) Ana Cláudia Alves Flores;
  • 7) Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa;
  • 8) Thiago Rodrigues Alves;
  • 9) Luiz Gustavo Justiniano Marcondes;
  • 10 Jacqueline Mendonça Leiria;
  • 11) MP Assessoria e Consultoria e Serviços Ltda;
  • 12) Rafael Soares Rodrigues;
  • 13) Paulo Vítor Famea;
  • 14) Heberton Mendonça da Silva;
  • 15) Roger William Thompson Teixeira de Andrade;
  • 16) Roberta de Souza;
  • 17) Valdemir Santos Monção;
  • 18) Cleiton Nonato Correia;
  • 19) GC Obras de Pavimentação Asfáltica Ltda;
  • 20) Edmilson Rosa;
  • 21) Ar Pavimentação e Sinalização;
  • 22) Fernanda Regina Saltareli;
  • 23) CGS Construtora e Serviços;
  • 24) Izaquel de Souza Diniz (Gabriel Auto Car);
  • 25) Yuri Morais Caetano;
  • 26) Maxilaine Dias de Oliveira (pessoa física);
  • 27) Maxilaine Dias de Oliveira LTDA (pessoa jurídica);
  • 28) Jânio José Silvério.

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