Pular para o conteúdo
Transparência

Acusado de chefiar esquema de corrupção, ex-vereador de Amambai é preso por furto de motoniveladora

Valter Brito da Silva se livrou da tornozeleira ainda no início deste mês
Beatriz Magalhães -
Motoniveladora foi furtada no Paraná (Divulgação Polícia Civil)

Ex-vereador de , município localizado a 354 km de , Valter Brito da Silva (PSDB), foi preso em flagrante na última segunda-feira (22), pelo furto de uma motoniveladora em Dr. Ulisses – PR, no dia 16 de julho. O parlamentar é acusado de chefiar esquema de corrupção no município do interior de Mato Grosso do Sul e já foi alvo de investigações. Valter renunciou ao cargo de vereador em março após as investigações.

De acordo com a Polícia Civil, após ser contatada pela Delegacia de Polícia Civil de Três Lagoas, uma equipe foi até um comércio onde estava o maquinário. Junto estava o ex-vereador, seu irmão José de Brito Júnior e outra pessoa não identificada. Quando questionados, os três se apresentaram como proprietários da motoniveladora. 

Detido na delegacia de Amambai, o ex-vereador se livrou da tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares ainda em no início deste mês, acusado de chefiar esquema de corrupção da “Laços Ocultos”. A justiça acatou o argumento da defesa de uma das partes e julgou o juiz de Amambai como “incopetente” para decidir sobre a operação. 

Laços Ocultos

As investigações contra o Valter Brito da Silva (PSDB), de Amambai, indicam que o parlamentar recebeu mais de R$ 5 milhões em propina de empresários. Portanto, a acusação é de que Valter comandava um esquema de corrupção e fraudes em licitações.

Os promotores do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Adriano Lobo Viana de Resende e Humberto Lapa Ferri, ofereceram a denúncia em 1º de dezembro de 2023. A promotora Nara Mendes dos Santos Fernandes também participou do oferecimento.

Logo após, no dia 6, o juiz Daniel Raymundo da Matta, da Vara Criminal de Amambai, recebeu a denúncia e tornou os 17 investigados réus.

As investigações apontam que ele e também ex-vice-prefeito, Valter Brito, como comandante da organização criminosa. Assim, o grupo teria desviado dinheiro público através da criação das empresas fictícias.

Ao todo, 13 empresas são relacionadas a Valter, sendo que todas estão em nome de familiares e pessoas próximas ao parlamentar. Um dos exemplos é a C&C Construtora, que tem como sócio Francisco Maciel da Cruz.

Segundo a denúncia, Francisco é trabalhador braçal de construtoras e não teria condições financeiras para ser proprietário de uma empresa de grande porte. Além disso, ele é irmão de criação de Valter e teria sido usado como ‘laranja’ no esquema.

Especialmente no ano de 2017, após Valter ingressar no cargo de vice-prefeito, a empresa C&C Construtora conquistou oito contratos com o Município de Amambai. Destes, quatro foram modalidades de dispensa de licitação e/ou convite.

Outra servidora denunciada é Jucélia Barros Rodrigues, gerente de contratos da prefeitura. Ela seria uma das maiores beneficiadas, com Valter.

Contratos amarrados e propina

Após a Operação Laços Ocultos, com a apreensão dos celulares dos investigados, foi possível identificar conversas entre os acusados. Em vários trechos, eles negociam as licitações, para ‘amarrar’ os pregões.

O Gecoc denunciou a ligação entre todas as empresas, incluindo transações bancárias de altos valores entre esses empreendimentos. Então, em determinado trecho da denúncia, os promotores apontam que Jonathan Fraga de Lima e Letícia de Carvalho, responsáveis pela empresa JFL, pagaram altos valores de propina para Valter.

Em 58 ocasiões, pagaram o total de R$ 708.680,00 e R$ 118.800,00 para Jucélia, como propina. O dinheiro da empresa tinha como principal fonte a prefeitura de Amambai. Só entre setembro de 2019 e dezembro de 2021, a empresa recebeu R$ 11.849.735,18 em contratos.

Por meio de outra empresa, a Transmaq Serviços e Locações Eireli, Jonathan e Letícia chegaram a repassar R$ 4.185.883,77 para Valter, conforme indicam as movimentações bancárias.

A denúncia ainda traz valores repassados de todas as empresas implicadas na denúncia para o vereador. Preso, Valter sequer citou a função parlamentar na audiência de custódia.

Quando questionado a respeito de sua ocupação, respondeu: “ah, eu hoje sou, na verdade eu sou prestador de serviços, né. Mas eu não tenho assim, eu sou motorista, trabalho cuidando de obra, é isso que eu faço hoje”.

O vereador se tornou réu pelos crimes de organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública por 33 vezes, corrupção ativa e corrupção passiva por 7 vezes, além de concurso material de crimes.

Por fim, outros 16 investigados, sendo empresários e familiares de Valter, além da servidora Jucélia, também se tornaram réus.

*matéria editada às 08h25 para correção de informação

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Agesul homologa licitação para construção de passarela em Dourados

Injeção aplicada em bebê que morreu em Paranaíba tinha dose 900% acima da receitada

Acidente na BR-060 mata 34 vacas e interdita pista por mais de 15 horas

Péricles celebra 20 anos da UFGD com show gratuito e festival de música em Dourados

Notícias mais lidas agora

PCC tinha 7 distribuidoras em MS com administrador irmão de chefe da organização

Chineses alegam que Maracaju ‘sumiu’ com R$ 1,4 milhão de imposto de projeto bilionário

Campo Grande receberá o Hectares Park & Resort, um dos condomínios mais prestigiados do Brasil

Indireta? Ana Castela polemiza ao mandar recado sincerão: ‘Feia igual você’

Últimas Notícias

Brasil

Homem é morto a tiros em supermercado de SP após tentar entrar com cachorro no local

Homem tentou pedir socorro em uma farmácia próxima, mas não resistiu e morreu no local

Transparência

Prefeitura aprova concessão de uso de imóvel público por empresas privadas

A informação consta no Diogrande desta quinta-feira

Cotidiano

Prefeitura lança site para monitorar tempo de espera e ocupação de leitos em UPAs e CRSs

A plataforma é atualizada em tempo real e também facilita tomadas de decisão por gestores da saúde municipal, conforme a Sesau

Política

Prefeitura prorroga prazo com empresa responsável por obra da Lagoa Itatiaia

O quarto aditivo no contrato prorroga por mais 180 dias o prazo das obras