Prefeitura de Campo Grande altera contrato e compra 250 mil passes a R$ 5,80 cada
O contrato entre o município e o Consórcio Guaicurus teve aumento de R$ 162 mil
Anna Gomes –
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A Prefeitura de Campo Grande alterou o contrato com o Consórcio Guaicurus e comprou 250 mil passes no valor de R$ 5,80 cada. O aumento totaliza mais de R$ 162 mil aos cofres públicos. A informação consta no Diogrande desta quarta-feira (5).
Segundo o documento, a prefeitura considerou o Art. 3º da portaria da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) que diz: “aos órgãos públicos da administração direta e indireta será cobrado pelo serviço de transporte coletivo a tarifa no valor de R$ 5,80”.
Ainda de acordo com o Diogrande, o valor total do contrato era de R$ 1.288.653,60 para compra de 250.224 passes, quando a tarifa custava R$ 5,15 cada. Com a mudança, o contrato aumentou para R$ 1.451.299,20 para a mesma quantidade de passagens.
Mesmo com aumento, Agereg diz que não foi firmado melhorias no transporte
O diretor-presidente da Agereg, Odilon Júnior, diz que não tem um documento firmado entre a Prefeitura de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus para melhorar o transporte coletivo na Capital.
Sem promessas
“O que constou na reunião foi um pleito da Câmara nesse sentido. Naquela reunião a Câmara, o Consórcio e a Prefeitura não assinaram nenhum documento nesse sentido. Eu não posso falar que não fizeram promessas porque podem ter feito em outro lugar, mas eu não vi nenhum documento nesse sentido. Em razão do aumento da passagem não teve documento assinado prometendo melhorias. O que foi feito foi um reajuste contratual”.
Menos 140 ônibus
A denúncia revelada pelo Jornal Midiamax após relatos sobre os ônibus fantasmas, que deixam passageiros esperando horas por veículos que não passam, expõe outro problema no transporte coletivo de Campo Grande: a falta de ônibus. Conforme apurado pela reportagem, o Consórcio Guaicurus tirou de circulação 140 ônibus nos últimos três anos, passando de 552 em 2019 para 412 em 2022.
Em contrapartida, Campo Grande ganhou 36 mil novos moradores, saltando de cerca de 906 mil em 2019 para 942 mil no ano passado, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O número está abaixo do mínimo estipulado em contrato, que é de 575 ônibus em circulação. Enquanto isso, passageiros precisam aguardar mais de 1 hora para conseguir um ônibus, dependendo do horário e da linha.
Reportagens do Midiamax mostraram que o Consórcio Guaicurus opera com frota sucateada, com idade média dos ônibus acima dos 5 anos estipulados em contrato de concessão. Então, além de enfrentar veículos velhos, passageiros também encaram superlotação e falta de informações corretas.
Apesar de denúncias sobre o serviço prestado em Campo Grande, o Consórcio Guaicurus vai embolsar R$ 32 milhões em verbas públicas somente este ano, além dos R$ 31 milhões que recebeu no ano passado. E, diferente do alegado pela diretoria da concessionária, as empresas de ônibus tiveram lucro líquido de R$ 68 milhões somente nos primeiros sete anos de concessão – entre 2012 e 2019.
Então, passageiros denunciam verdadeira ‘maratona’ para enfrentar o serviço precário do transporte coletivo de Campo Grande para trabalhar.
Câmara convoca reunião
Após completar um mês do aumento da tarifa do transporte coletivo de Campo Grande e com reclamações diárias sobre as condições precárias dos ônibus do Consórcio Guaicurus, a Câmara Municipal da Capital vai acionar as empresas de ônibus para pedir melhorias no serviço prestado pela empresa. A reunião acontece na tarde do próximo dia 12 de abril no plenário na Casa de Leis.
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