Em meio à polêmica dos fura-fila, secretária posta foto sendo vacinada contra Covid em MS
Em meio à abertura de investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra o prefeito de Nioaque, Valdir Júnior (PSDB), por furar fila na vacinação contra a Covid-19, a gerente de Saúde de Sonora gerou polêmica nesta semana ao postar em seu perfil nas redes sociais foto mostrando que estava entre os […]
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Em meio à abertura de investigação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra o prefeito de Nioaque, Valdir Júnior (PSDB), por furar fila na vacinação contra a Covid-19, a gerente de Saúde de Sonora gerou polêmica nesta semana ao postar em seu perfil nas redes sociais foto mostrando que estava entre os primeiros vacinados de seu município.
Indianara Dantas, 25 anos, afirmou em seu perfil pessoal no Facebook receber “com alegria” ao lado do prefeito Enelto Ramos e da coordenadora de Imunização da cidade, Maria Paula, as 224 doses de Coronavac, na última terça-feira (19). O imunizante seria destinado aos 112 profissionais de Saúde que atuam na linha de frente, com o reforço da segunda dose. O restante da população seria vacinado ‘gradativamente’ conforme mais vacinas fossem encaminhadas.
O problema foi que na mesma postagem a gerente de Saúde mostrou ter sido imunizada, mesmo sem pertencer a nenhum grupo de risco. Mato Grosso do Sul segue as orientações do PNI (Plano Nacional de Imunização), que dividiu a vacinação contra o coronavírus em etapas, priorizando determinados grupos –profissionais de Saúde que atuam na linha de frente, deficientes e idosos em instituições de longa permanência e a população indígena integram a primeira etapa.
Questionada sobre o porquê de ter se vacinado primeiro mesmo sem pertencer a nenhum dos grupos definidos, Indianara respondeu ao Jornal Midiamax que não apenas se envolveu diretamente nas ações de combate como já foi contaminada. Após ter recebido alta no dia 1º de dezembro, ela estaria inclusive fazendo fisioterapia pulmonar para aliviar as sequelas. A gerente de saúde destacou ainda ser enfermeira. Em seu perfil no Instagram, ela se apresenta como enfermeira do trabalho devido a uma pós-graduação. Segue abaixo resposta da secretária:
“Esta servidora acusada de fura fila atuou diretamente nas ações de combate ao coronavirus, não só na entrega de medicação e monitoramento, como acompanhei diversas coletas, e ainda trabalhei diretamente na ações de barreira sanitária. Como sou enfermeira, servidora da saúde, sempre busquei dar o exemplo, trabalhando lado a lado com outros tantos servidores no atendimento à população, elevando os risco de contaminação. Nunca fui uma gerente que se esconde em uma sala. Aliás, aos que preferem fazer acusações sem buscar qualquer informação antes, saibam que contraí a doença e, apesar de 25 anos, desenvolvi sequelas graves, inclusive faço fisioterapia pulmonar. Infelizmente as pessoas gostam de disseminar mentiras. E, mesmo sobre a vacina, tanto foi dito, que várias pessoas tem receio e, como sempre busquei dar exemplo, novamente me coloquei ao lado dos meus companheiros para demonstrar que confio na vacina”.
Primeira investigação
O caso de Nioaque veio à tona por meio de denúncia e na sexta-feira (22) foi marcada oitiva de sete pessoas que foram intimadas a prestar depoimento na Promotoria de Nioaque, onde procedimento foi aberto. Essa foi a primeira investigação a vir a tona no Estado, após intensa campanha do MPMS e MPF (Ministério Público Federal) para que as 158,7 mil doses recebidas sejam efetivamente usadas nos grupos de risco. Por meio de nota, o chefe do Executivo disse ter sido imunizado para ‘incentivar’ a população indígena.
As primeiras doses da vacina chegaram ao município na terça-feira (19) e a vacinação teve início na Aldeia Brejão. Conforme divulgado pela prefeitura, os contemplados na primeira etapa seriam os indígenas e profissionais de saúde, seguindo o parecer técnico do Ministério da Saúde e do Governo do Estado. Consta na publicação oficial que o prefeito havia acompanhado os trabalhos.
Contudo, denúncia oriunda do local informou ao MP que ele também foi imunizado, mesmo tendo 37 anos de idade e sem informação de comorbidade. Após a irregularidade vir à tona, Valdir argumentou que o povoado indígena estava ‘resistente’ e sua imunização foi uma forma de mostrar que a vacina não oferece risco. Na ocasião, 69 indígenas receberam o antivírus.
Com formação em odontologia, ele afirmou ainda que é profissional da área da Saúde e atua na linha de frente da pandemia. No País, vários casos de políticos e seus parentes furando fila da vacinação vêm sendo relatados.
Em nota, o prefeito afirmou que foi imunizado a pedido de lideranças indígenas, que teriam solicitado que o prefeito desse o “exemplo”, já que há resistência em muitos indígenas em se vacinar.
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