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Transparência

Dono da JBS retificou delação da Lava Jato e disse à PF que propina era para Reinaldo

Um dos donos da JBS retificou a delação premiada que fez ao MPF (Ministério Público Federal) e disse que o governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), recebeu cerca de R$ 5 milhões de propina em troca de benefícios fiscais. Wesley Batista fez a revelação em depoimento à Polícia Federal no Inquérito 1.190, que investiga no STJ (Superior […]
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Reinaldo Azambuja (PSDB) é investigado com o filho em inquérito sigiloso no STJ (Divulgação
Reinaldo Azambuja (PSDB) é investigado com o filho em inquérito sigiloso no STJ (Divulgação

Um dos donos da JBS retificou a delação premiada que fez ao MPF (Ministério Público Federal) e disse que o governador, (PSDB), recebeu cerca de R$ 5 milhões de propina em troca de benefícios fiscais. Wesley Batista fez a revelação em depoimento à Polícia Federal no Inquérito 1.190, que investiga no STJ (Superior Tribunal de Justiça) um esquema de desvio de dinheiro público em e deu origem à .

Na delação premiada que fez ao MPF (Ministério Público Federal) durante a Operação Lava Jato, Batista tinha informado que as propinas eram relacionados relacionadas a pagamentos feitos a um ex-governador de Mato Grosso do Sul. Após consultar os registros, no entanto, o delator retificou que foram, na verdade, direcionados à propina do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Ele disse que houve ‘erro material’ ao citar André Puccinelli, que já não era mais governador na época.

O documento consta no Volume I da Operação, que tramita no STJ. Segundo Wesley, as notas fiscais datadas de 11/01/2016 e 05/02/2016, nos valores de R$ 1.276.800,00, R$ 1.190.00000 R$ 34.542,00, R$ 1.404.480,00 R$ 999.600,00 e R$ 97.644,00, totalizando R$ 5.003.066,00 foram todas destinadas ao governador tucano.

Dono da JBS retificou delação da Lava Jato e disse à PF que propina era para Reinaldo
Documento consta no Inquérito 1190, do STJ (Reprodução, STJ)

Na retificação, Wesley também diz que as notas de n. 37629, no valor de R$ 1.380.400,00, e de n. 37630, no valor de R$ 120.243,00, também foram pagas a Reinaldo. Ao todo, são R$ 6.503.709 em propinas inicialmente relatadas como destinadas a outros ex-governadores que foram pagas também a Reinaldo Azambuja, segundo os documentos.

A delação da JBS na Operação Lava Jato apontou que o governador tucano de Mato Grosso do Sul teria recebido mais de R$ 70 milhões entre o começo de 2015 e o final de 2016. Reinaldo é investigado por corrupção passiva na Operação Vostok.

Segundo Wesley, os valores ilícitos eram entregues pessoalmente ao governador e passam de R$ 20 milhões. O Grupo JBS manteve, segundo as apurações do STJ, ‘acordo criminoso’ com o governador em pagamentos de vantagem indevida em troca de créditos tributários. Para justificar a retirada de dinheiro eram emitidas notas fiscais sem contrapartida de bens ou serviços.

Sindicância que virou inquérito

A Operação Vostok nasceu de uma sindicância instaurada a partir da Delação da JBS ao MPF que foi convertida em inquérito a partir de pedido do então vice procurador-geral da República José Bonifácio Borges de Andrada ao STJ.

Em agosto de 2017, o ministro Félix Fischer, relator, deferiu o pedido e autorizou novo depoimento de Joesley e Wesley Batista ao delegado da Polícia Federal do Distrito Federal Josélio Azevedo de Souza.

Os depoimentos foram realizados na Polícia Federal de , em dezembro de 2017, quando foram feitas as retificações e detalhamentos da delação premiada à Lava Jato.

Pagamento após doação de campanha

Wesley relata que o governador Reinaldo Azambuja, após vencer as eleições, honrou o ‘acordo firmado com a JBS’ pagando com isenções fiscais a “título de adiantamento de propinas futuras” um total de R$ 27.109.107,87 em valores atualizados.

O valor da doação de campanha foi lançado em uma conta-corrente mantida entre a JBS e o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul e dele seriam abatidos os valores de propina que Reinaldo receberia, no percentual de 30% do total mensal dos créditos tributários concedidos ou mantidos, decorrentes de benefícios fiscais concedidos à JBS.

Ao final de 2016, quando cessaram os pagamentos, o governador tucano teria recebido mais de R$ 70 milhões, sendo abatidos o valor total adiantado em campanha, de R$ 17 milhões, conforme fora acordado, gerando um crédito de aproximadamente R$ 53 milhões.

O restante do crédito que o Reinaldo mantinha com a JBS, segundo Wesley, foi pago por meio das notas fiscais fraudulentas geradas por empresas indicadas pelo governador, cerca de R$ 33,5 milhões e R$ 20 milhões entregues em espécie.

O advogado de Reinaldo, Gustavo Passarelli, já afirmou à reportagem do Jornal Midiamax que seu cliente mantém ‘serenidade e tranquilidade’ diante dos fatos novos detalhados nas delações.

“É uma colaboração desacreditada, tanto que está sendo rescindida pela Justiça. Ela está contaminada desde a origem”, argumenta Passarelli. Ele também cita a suposta participação do ex-procurador Marcelo Miller na elaboração do acordo, um dos motivos usados para desacreditar a delação premiada.

O advogado alega que mesmo após tentativa do MPF (Ministério Público Federal) de anular a delação, os irmãos Batista ‘não trouxeram (ao processo) nenhum documento’ que comprovassem pagamento de propina a Azambuja. Desta vez, no entanto, Wesley detalhou não somente as datas, como locais e até operadores envolvidos nos supostos pagamento das propinas em um pen drive anexado ao Inquérito 1190.

Dono da JBS retificou delação da Lava Jato e disse à PF que propina era para Reinaldo
Wesley Batista anexou notas fiscais recolhidas pela JBS com o grupo do governador ao Inquérito 1190 do STJ (Reprodução)

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