Ministro da Transparência não comentou ‘Carne Fraca’
Para tentar combater a imagem de país tomado pela corrupção após os grandes escândalos nacionais envolvendo empreiteiras e agronegócio, o ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União Torquato Jardim esteve em Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (29) para lançar o selo Pró-Ética a empresas em uma palestra na Fiems (Federação da Indústria de Mato Grosso do Sul).
Dado somente a atividades que passarem por auditorias públicas e privadas, o mecanismo visa valorizar a ética no meio empresarial. “A ideia é abrir negócios para os bons empreendedores e valorizá-los no mercado internacional, já que não há selo semelhante nos países vizinhos”, acredita o ministro.
Torquato preferiu não comentar a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, em um dos Estados com maior produção de carne no país e disse acreditar que a ideia do selo vá chamar mais a atenção dos empresários que os modelos atuais de corrupção em manobras contratuais com o poder público, por exemplo.
“O caso da Odebrecht veio antes do selo”, brincou, ao ser questionado sobre a empresa envolvida na operação mais longa da Polícia Federal, que envolveria oferta de vantagens a políticos em troca de dinheiro de campanha e vantagens contratuais.
“O Brasil está sendo passado a limpo e estão sendo vistas as entranhas, com o que há de melhor ou pior na vida pública. E o trabalho anticorrupção no país é reconhecido internacionalmente e a corrupção é uma via de duas mãos. Tanto setor público como privado precisam encontrar mecanismos de combate”, disse. “A Operação Lava Jato é só o início”, comentou.
Para Sérgio Longen, presidente da Fiems, as empresas precisam entender a necessidade de evoluírem para a transparência nas ações. “Para isso, os empresários precisam estar ancorados em programas como este, que transmitam a credibilidade”.
Transparência
Dificuldade de acesso aos portais e a falta de transparência nos municípios são problemas que, segundo Jardim, estão na pauta do Ministério neste ano. “Não acredito que haja resistência dos órgãos, mas sim uma dificuldade na implantação na Lei de Acesso à Informação. Estamos trabalhando na facilitação do software e às ferramentas de acesso”.
São 306 os sites das repartições públicas federais. O mais eficaz é o do Banco do Brasil e, ainda assim, atende a 99% do estipulado. O do próprio ministério, segundo Torquato, é considerado razoavelmente bom, por responder em até 17 dias as demandas, com prazo final de 20 dias.