Pular para o conteúdo
Pimenta

Delegados disputam poder enquanto Polícia Civil de MS se afunda em crise

Racha entre delegados se aprofunda enquanto falhas na Deam permitem morte de mulheres após buscar socorro da Polícia Civil de MS
Da Redação -
Compartilhar
Polícia Civil de MS volta ao foco de crise institucional com falhas no atendimento da DEAM (Henrique Arakaki, Midiamax)
Polícia Civil de MS volta ao foco de crise institucional com falhas no atendimento da DEAM (Henrique Arakaki, Midiamax)

A Polícia Civil de MS está mais uma vez no foco dos problemas institucionais do governador Eduardo Riedel. Além de mostrar que Mato Grosso do Sul não consegue proteger as mulheres, o feminicídio de Vanessa Ricarte expôs o efeito mortal do racha entre delegados.

Oficialmente, notinhas, desagravos e repúdios tentam esconder o que reservadamente os delegados confirmam: a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul está rachada e enfraquecida.

A briga por poder e espaço começa nos corredores da DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil) e se espalha delegacias afora. Assim, praticamente três grupos se digladiam atualmente.

“Desde as eleições ficou claro que havia um grupo ligado ao novo governo e outro que se sustenta ligado ao governo anterior. Agora, temos também um grupo que condena as táticas dos dois lados, porque são nocivas para a carreira”, explica delegado.

Os relatos são de que a dança das cadeiras para fortalecer grupos teria enfraquecido tecnicamente a gestão de áreas cruciais para a Polícia Civil de MS. “A gente não pode ficar nessa de grupo do interior porque o DG é do interior versus grupo da capital…”, alerta.

Enquanto isso, a PCMS se afunda em crise, apesar de índices de produtividade normais quando comparados com outros estados.

Quem segura a segurança?

Nos corredores da Segov, a segurança pública já é comparada por alguns com a ‘classe de alunos bagunceiros’ causando dor de cabeça para o governador Eduardo Riedel.

A lista dos ‘BOs’ explodindo sempre a partir da segurança pública já não era boa e já implicou diversas áreas: Bombeiros, PM, Agepen, corregedoria de trânsito.

Para pegar só do último ano para cá, Riedel já teve que aparecer se explicando por:

Ademais, pior que os dissabores midiáticos e exposição negativa em âmbito nacional, as tretas entre delegados causam falhas estruturais. E, quando se fala de segurança pública, as falhas têm como efeito mortes. Geralmente, dos vulneráveis.

Falha antes da tragédia: no colo da Polícia Civil de MS

Agora, com o feminicídio de uma jornalista horas depois de pedir ajuda à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Campo Grande, mais uma tragédia expõe Mato Grosso do Sul.

O susto pela proximidade com a vítima mobilizou a pauta da imprensa local como há tempos não se via, apesar de mulheres serem mortas em MS com frequência assustadora.

Hipocrisias à parte, a sociedade respondeu e o assunto ganhou proporção nacional. Políticos reclamaram, gravaram vídeos, o Ministério das Mulheres prometeu investigar… O governador foi a público e admitiu as falhas.

No entanto, apelar para as falhas estruturais, a falha como sociedade que não consegue criar filhos que não admitam qualquer gesto de violência contra mulheres, ou as falhas no sistema com judiciário engessado e lerdo, não vai segurar esse rojão.

Não tem como celebrar o “estado verde, digital, próspero e inclusivo” se ele não dá conta de proteger as mulheres dos marginais.

Quem matou Vanessa foi o porcaria do músico Caio Nascimento. Porém, a crise na Polícia Civil de MS ajudou a pesar a faca dele contra o coração da vítima.

Deam: Faltou experiência, vocação, treinamento ou tudo junto?

Entre os próprios delegados, as críticas relacionam o racha interno aos ‘erros de protocolo’ que deixaram a mulher sair da Deam direto para a morte.

Lidando com um suspeito que tinha 11 passagens por violência doméstica, entre elas uma por tentar matar a mãe, a delegada teria orientado a vítima a ‘conversar’ com o assassino!

Já tem gente dentro da PCMS cobrando explicação sobre porque uma delegacia tão importante para a atividade-fim da PCMS recebeu delegadas inexperientes.

Algumas, como essa que atendeu a jornalista, teria pulado na frente de colegas melhor colocados na fila das promoções para chegar à Capital.

Segundo relato da vítima gravado horas antes de ser assassinada com facadas no coração, a delegada deixou a péssima impressão de mau gosto com o trabalho e constrangeu quem deveria defender.

Outras delegadas que já passaram pela Deam não aceitam o fato de que disputas internas, supostos aconchavinhos entre aliados, ou ‘peixadas’, coloquem e mantenham na DEAM profissionais inexperientes ou não vocacionadas.

“Estou envergonhada e com nojo. Ficam esses marmanjos nos corredores da DG brigando por poder. Essa menina que eles colocaram na Deam está em estágio probatório e ficou claro que não está pronta. No mínimo, a gente não deixa a vítima sair da sala se sentindo mal tratada”, lamenta a colega que atuou anos na Deam.

“Se levassem um pouco mais a sério a opinião pública e a memória de todas as mulheres assassinadas nos últimos anos depois de entrarem no sistema pedindo ajuda, pedindo a proteção do estado, já tinham afastado as implicadas, ou elas teriam pedido para se afastar até o esclarecimento dos fatos”, conclui.

Sabe de algo que o público precisa saber? Fala pro Midiamax!

Se você está por dentro de alguma informação que acha importante o público saber, fale com jornalistas do Jornal Midiamax!

E você pode ficar tranquilo, porque nós garantimos total sigilo da fonte, conforme a Constituição Brasileira.

Fala Povo: O leitor pode falar direto no WhatsApp do Jornal Midiamax pelo número (67) 99207-4330. O canal de comunicação serve para os leitores falarem com os jornalistas. Se preferir, você também pode falar com o Jornal direto no Messenger do Facebook.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados