Entidades que representam setor produtivo foram acionadas na Justiça porque realizariam leilão para juntar dinheiro que poderia ser usado até na resistência armada contra indígenas em áreas de conflito de Mato Grosso do Sul

A juíza da 2ª Vara Federal de Campo Grande, Janete Lima Miguel, suspendeu na tarde desta quarta-feira (4) o ‘Leilão da Resistência’ promovido por pecuaristas de Mato Grosso do Sul para arrecadar recursos para ações contra retomadas de áreas indígenas.

O pedido foi ajuizado na terça (3) pelo Conselho Aty Guassu Guarani Kaiowá e Conselho Terena. A primeira denúncia da manifestação foi feita no último dia 20 ao Ministério Público Federal por cerca de dez representantes de movimentos sociais.

Para Roberto Botareli, presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), a conquista é dos movimentos sociais e dos índios. Entre as entidades que assinam o documento pedindo providências estão: Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra(MST), Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH ), Marçal de Souza e Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetagri).

O ‘Leilão da Resistência’ seria feito com um pregão ofertando animais, cereais, máquinas e produtos doados pelos próprios agricultores e pecuaristas do Mato Grosso do Sul. Os promotores do leilão estimavam uma arrecadação de R$ 3 milhões para pagamentos de honorários de advogados, divulgação e para a segurança da fazenda. Com ameaça de morte aos índios, a suspeita era de que os fazendeiros comprariam armas para abrir fogo contra os indígenas em ações de retomada de terras.