O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou na manhã desta sexta-feira (18), em entrevista ao Midiamax, que espera uma negociação de alto nível entre o Brasil e os Estados Unidos para resolver o impasse causado pela decisão do governo norte-americano de sobretaxar produtos brasileiros, como a carne bovina.
Segundo o senador, o esfriamento das relações diplomáticas entre os dois países não é recente e já havia sido apontado pelo embaixador dos EUA no Brasil, logo após a eleição de Nelsinho para a presidência da comissão, ainda no início do ano.
“Ele chegou para mim e disse: ‘Vocês têm que fazer um grupo de trabalho e estreitar a relação que está muito fria com os Estados Unidos’”, relembrou o parlamentar.
A crise, que envolve diretamente os setores do agro e da indústria, já afeta Mato Grosso do Sul. Nelsinho lembrou que pelo menos cinco frigoríficos do Estado interromperam os abates destinados ao mercado americano, o que, para o parlamentar, pode gerar desemprego e encarecimento dos produtos no mercado interno.
“Eles não são como a gente, que comemos ponta de costela, ponta de peito, granito, picanha. Eles gostam da nossa carne para fazer hambúrguer, que é o que eles comem mais. Então, já começou a refletir aqui, em isso perdurando, poderá vir a ter desemprego. Então já começa a ter as repercussões na ponta. Nós temos a obrigação e o dever de tentar amenizar isso”, destacou.
Como alternativa imediata, o senador compõe a comitiva que vai buscar o adiamento da aplicação da sobretaxa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
“Como que pode estancar a hemorragia numa situação dessa? Aumentar o prazo da aplicação. É para ser 1° de agosto, tem menos de 10 dias úteis para entrar em vigor. Então, vamos tentar conseguir 90 dias para dar tempo do setor, principalmente do agro, que tem condições e [é] mais palatável de pegar a mercadoria que ia para cá, vamos jogar para lá. Isso aqui é perecível, vamos vender mais barato, para não ser o outro país que tem”, disse o senador, reconhecendo que, para a Indústria, o caminho pode ser mais desafiador.
A Comissão de Relações Exteriores já foi oficialmente instituída com tempo de atuação de 90 dias, podendo ser prorrogada.
A missão é clara: criar uma ponte de diálogo com o Legislativo norte-americano, para que o Executivo brasileiro tenha espaço de negociação direta com o governo Trump.
“Não dá mais para ser em esfera inferior. Tem que ser negociação de alto nível”, pontuou Nelsinho.
O senador reforçou ainda que a diplomacia precisa ser prioridade. “Vamos esgotar tudo na base do entendimento. A Lei de Reciprocidade e medidas mais duras ficam para o último momento”, concluiu.
Questionado sobre o que fazer se o diálogo de ‘alto nível’ esperado não for construído com o estadunidense, Nelsinho foi direto: “Fecham-se portas, mas a gente tem que ter a percepção de abertura de novas janelas de oportunidade. Nós temos que ter solução. Não adianta ficar chorando o leite derramado.”
Ele destacou que já iniciou tratativas com a Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para discutir saídas alternativas e o estímulo a outros mercados importadores.
“Queremos que a agência fale na comissão sobre as consequências tardias desse assunto e as soluções possíveis”, apontou.
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