O empresário Arnaldo Godoy Cardoso Glagau, do PSD, seguirá à frente do mandato como vereador em Terenos mesmo após ser incluído na lista de denunciados pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) como integrante de esquema criminoso liderado pelo prefeito Henrique Budke (PSDB), afastado das atividades após ser preso durante a Operação Spotless, em 9 de setembro.
Arnaldo é engenheiro, vereador pelo PSD de primeiro mandato, e responde pela empresa Agpower Engenharia & Construções LTDA. (CNPJ: 33.201.352/0001-64), que firmou mais de R$ 338,3 mil em contratos com a Prefeitura de Terenos já na gestão de Henrique Budke (PSDB), preso por agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na ação desta semana.
A Operação Spotless é um desdobramento da Operação Velatus, deflagrada em 2024, e revelou que licitações de obras públicas eram direcionadas a empresas que se revezavam nos serviços, garantindo a manutenção do grupo criminoso no esquema chefiado por Budke. As fraudes garantiam pagamento de propina ao prefeito e outros citados.
Na lista do MPMS, apenas Henrique e Glagau possuem mandato político. Entretanto, a ação que mira o vereador tem relação com a sua atuação empresarial. Ainda assim, Glagau não solicitou pedido de afastamento ao presidente da Câmara de Vereadores, Leandro Caramalac, colega de partido pelo PSD.
Ao Jornal Midiamax, Caramalac afirmou que a Casa não vai afastar o parlamentar enquanto a Justiça não exigir.
O prefeito de Terenos Henrique Budke, logo após ser preso por agentes do Gaeco e do Gecoc, informou à Câmara o seu afastamento. Após 20 dias detido no Centro de Triagem Anísio Lima, em Campo Grande, o Supremo Tribunal de Justiça determinou a soltura do chefe do Executivo impondo uso de tornozeleira e medidas restritivas. O afastamento de Budke também foi mencionado na decisão, e agora passa a ser uma tutela da Justiça.
Foram denunciados pelo MPMS:
- Henrique Budke (PSDB), prefeito afastado de Terenos
- Arnaldo Glagau (PSD), vereador e empresário
- Arnaldo Santiago, empresário
- Cleberson José Chavoni Silva, empresário
- Daniel Matias Queiroz, empresário
- Edneia Rodrigues Vicente, empresária
- Eduardo Schoier, empresário
- Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar e empresário
- Felipe Braga Martins, empresário
- Fernando Seiji Alves Kurose, empresário
- Genilton da Silva Moreira, empresário
- Hander Luiz Correa Grote Chaves, empresário
- Isaac Cardoso Bisneto, ex-secretário municipal de Obras e Infraestrutura
- Leandro Cícero de Almeida Brito, engenheiro
- Luziano dos Santos Neto, empresário
- Maicon Bezerra Nonato, servidor público municipal
- Marcos do Nascimento Galitzki, empresário
- Nádia Mendonça Lopes, empresária
- Orlei Figueiredo Lopes, comerciante
- Rinaldo Córdoba de Oliveira, empresário
- Rogério Luís Ribeiro, empresário
- Sandro José Bortoloto, empresário
- Sansão Inácio Rezende, empresário
- Stenia Souza da Silva, empresária
- Tiago Lopes de Oliveira, empresário
- Valdecir Batista Alves, empresário
“O que se apurou na investigação é uma organização criminosa instalada no Poder Executivo do Município de Terenos atuando há anos para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, um verdadeiro balcão de negócios comandado pelo Prefeito Municipal [Henrique Budke]”, pontuou o procurador-geral de Justiça Romão Ávila Milhan Júnior.
Na decisão que soltou Henrique da cadeia, o magistrado fez questão de ressaltar que “a despeito da elevada gravidade das condutas e da existência de elementos concretos revelando que o paciente integra (e lidera) organização criminosa, não restou demonstrada a indispensabilidade da prisão preventiva, que pode (e deve) ser substituída por cautelares alternativas, sem prejuízo de novo decreto prisional em caso de eventual descumprimento”.
O ministro Ribeiro Dantas reconhece as evidências de materialidade do crime, quando menciona que, “ainda que haja evidências quanto à materialidade do crime de organização criminosa, as circunstâncias específicas do caso, bem como condições pessoais do investigado, devem necessariamente ser sopesadas a fim de concluir pela suficiência ou não de medidas cautelares menos invasivas que a prisão preventiva”, ao embasar a decisão de soltura.
Glagau não foi preso, mas estava na lista de busca e apreensão dos agentes no dia em que a Spotless fez devassa na cidade de Terenos.

Ele chegou a participar de coletiva de imprensa na Câmara de Vereadores para posicionar as medidas do legislativo diante do embaraço criado pelo esquema na cidade. No dia, afirmou ao Midiamax que iria depor ao Gaeco esclarecendo as suspeitas.
“Antes de eu ser vereador, eu sou engenheiro civil, sou empresário, eu prestei serviços para o município na gestão passada, na gestão antepassada, e assim, os contratos que eu prestei, todas foram obras que foram entregues, todas foram aprovadas”, disse Glagau à época.
Ainda assim, após o interrogatório da investigação, Glagau não conseguiu oferecer subsídios que o livrassem da lista de denunciados do Ministério Público.
O Jornal Midiamax tentou novo contato com o parlamentar nesta quinta-feira, 9/10, por meio do atendimento telefônico da Câmara de Vereadores de Terenos. Foi prometido que a demanda seria encaminhada à assessoria de gabinete, que poderia retornar à reportagem. Contudo, até o fechamento da matéria, não houve manifestação do parlamentar. O espaço segue aberto para posicionamento.
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